Para quem pensa cometer um suicídio sem dor, alertamos que o suicida não o fará sem dor, muita dor.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

O suicídio: uma visão sociológica e espírita | Por Juarez Duarte Bomfim

http://www.jornalgrandebahia.com.br/2013/04/o-suicidio-visao-sociologica-visao-espirita/

Artigo aborda a dimensão sociológica e espírita do suicídio.

Notícias de suicídio sempre chocam as pessoas e a sociedade. Pior ainda se a fatalidade ocorrer no próprio círculo familiar ou de amizades, pois o choque vem acompanhado de dor, de sofrimento para os que aqui ficam.

Pais de família estejam alerta: se a sociologia durkheimiana estiver certa, ocorrerá aumento da incidência de suicídios nos próximos meses. É o tipo de suicídio que os estudiosos classificam de suicídio contagioso, isto é, o aumento do número de suicídios que acompanha o ato extremo contra a própria vida cometido por alguém, com ampla repercussão. O suicídio de figuras públicas, como artistas famosos, por exemplo.

O suicídio contagioso é um fenômeno social que ocorre quando o suicídio de uma pessoa famosa resulta no aumento da taxa de suicídio nos meses seguintes — especialmente entre os jovens. Foi assim após a morte do roqueiro grunge Kurt Cobain, em 1994.

Foi um estudo sociológico sobre o suicídio, realizado pelo pensador social francês Émile Durkheim, em 1897, que tornou a sociologia uma ciência respeitável. Durkheim utilizou um método de investigação científico para entender este ato aparentemente individual como motivado por fatores sociais. Os fatores sociais passam a ser vistos como os que criam o ambiente no qual os fatores psicológicos predispõem a pessoa ao suicídio.

Os estudos de Durkheim levaram a sociologia a criar uma classificação de quatro tipos específicos de suicídios — egoístico, fatalista, anômico e altruísta.

O suicídio egoístico ocorre como resultado de um afastamento da sociedade e de sentimento de vazio, que “resulta de uma individualização excessiva e cujo grau de integração do indivíduo na sociedade não se apresenta suficientemente forte” — o sentimento de solidão e baixa interação social, por exemplos.

O suicídio fatalista ocorre como resultado de condições de vida inaceitáveis, como a escravidão — este tipo de suicídio historicamente foi pouco praticado.

O suicídio anômico ocorre como resultado de uma mudança brusca na ordem social aceita e nas normas que prescrevem o comportamento nesta sociedade — crises econômicas, desemprego em massa, revoluções sociais etc.

O suicídio altruísta ocorre quando indivíduos se sacrificam pela comunidade, pela pátria. Este tipo de suicídio é usado para compreender a ação dos pilotos camicases japoneses na II Guerra Mundial e os atentados terroristas dos “homens-bomba” de grupos fundamentalistas religiosos.

Recentemente, considera-se que outros fatores sociais também contribuem para o suicídio, como a maior ou menor facilidade de acesso a armas de fogo nas sociedades. Estas armas são um método letal de suicídio, e são usadas em mais de 50% dos suicídios de adolescentes americanos. Segundo Jennifer Zwahr-Castro (“O suicídio entre adolescentes americanos”), as teorias modernas sobre o suicídio incorporam os fatores sociais sugeridos por Durkheim, assim como considerações psicológicas e biológicas. Para a autora, 50% dos suicídios parecem resultar de uma desordem de temperamento como a depressão — até o senso comum sabe disso. E o papel dos fatores biológicos no suicídio é apoiado pelas descobertas que mostram que a depressão é de caráter hereditário.

Porém, permanece a espantosa pergunta: por que as pessoas se suicidam? Ou, o que é mais frequente: por que o pensamento suicida é tão recorrente entre os indivíduos?

Pesquisas indicam que os pensamentos sobre o suicídio são mais comuns que as tentativas ou os suicídios bem sucedidos: entre 19 e 54% dos jovens americanos já consideraram a ideia do suicídio — têm ou tiveram pensamentos suicidas; é espantosa a estatística de que cem por cento das pessoas do sexo masculino pensam em suicídio como consequência de assédio moral no ambiente de trabalho.

Repetindo: por que as pessoas se suicidam? Por que o pensamento suicida é tão recorrente entre os indivíduos?

Podemos também procurar compreender o fenômeno do suicídio a parte de uma análise transcendente, espiritual.

Suicídio. O que diz a ciência espírita

O suicídio é tido como um crime aos olhos de Deus, e que importa numa transgressão da Lei Divina e constitui sempre uma falta de resignação e submissão à vontade do Criador: “Eu vim para que todos tenham vida”. Desse modo, “jamais o homem tem o direito de dispor da vida, porquanto só a Deus cabe retirá-lo do cativeiro da Terra, quando o julgue oportuno. O suicida é qual o prisioneiro que se evade da prisão, antes de cumprida a pena; quando preso de novo, é mais severamente tratado. O mesmo se dá com o suicida que julga escapar às misérias do presente e mergulha em desgraças maiores” (Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo).

Devemos todos levar em conta que o homem não é apenas corpo físico, sua verdadeira essência é o Espírito; o Espírito é criado por Deus, que criou todos com os mesmos direitos e deveres para progredirem e serem felizes.

Tudo o que colhemos é fruto do que plantamos — o sofrimento é resultado de nossos próprios erros presentes ou passados. E a vida é excepcional oportunidade de crescimento — Deus nos dará quantas oportunidades forem necessárias. O tempo é benção máxima, capaz de resolver de forma eficiente, todos os problemas.

Buscar o suicídio como solução para qualquer crise, na visão espírita, é um meio equivocado, pois acaba trazendo ao suicida ainda mais transtorno. Depoimentos de espíritos que se suicidaram, diz Kardec, demonstram que seus problemas continuam depois da morte “física”, com agravantes.

A lei cármica (ação e reação) e a infinita compaixão divina dão oportunidade aos suicidas de reencarnarem para reparação de seus atos e a sua própria regeneração.

Quando o espírito suicida está em condições de participar do planejamento reencarnatório ele sugere ou aceita retornar ao corpo físico com limitações e restrições físicas que o alertem intuitivamente para a gravidade da tentação de repetir tal ato insano.

História de um suicida
Certa vez, ouvi numa sessão espírita doutrinária a seguinte história ilustrativa: um espírito suicida, reincidente nessa nefasta prática, retorna à matéria extremamente mutilado, isto é, sem os membros superiores e inferiores do corpo, faltando-lhe braços, mãos, pernas e pés, só restando-lhe tronco e cabeça.

Esse desígnio da providência divina buscava dificultar ou impedir que esse espírito reencarnante tivesse condições concretas de atentar mais uma vez contra a vida.

Sabemos que a providência divina também orienta tais espíritos a reencarnarem em famílias estruturadas materialmente e psiquicamente para acolher com amor e afeto o rebento, não importando em que condições físicas ele venha a Terra.

Os pais e demais familiares deram àquele ser amor, carinho, atenção e cuidados suficientes para que o mesmo gozasse de bem-estar nessa sua passagem pelo plano físico.

Quando este ser encontrava-se já adolescente, certo fim de semana de verão, a família resolve ir à praia para o lazer e banhos de mar. A mãe estende uma felpuda toalha na areia, arma o guarda-sol e o pai cuidadoso deposita o filho deficiente sobre a toalha a beira-mar.

Os demais irmãos correm, brincam na areia e os pais se desdobram em atenção a todos. Até que, zelosos olhos maternos buscam o seu filho mais necessitado, não o encontrando sobre a toalha protegida pelo guarda-sol.

O ex-suicida rastejava pela areia em busca das águas, para tentar mais uma vez por fim à sua vida…

Oração
Oremos por esses espíritos: Pai… perdoai todos aqueles que irresponsavelmente atentam contra Si, pois a vida foi o Senhor que lhes deu, e ninguém pode tirá-la.

*Juarez Duarte Bomfim, sociólogo e mestre em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), doutor em Geografia Humana pela Universidade de Salamanca, Espanha; e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Um comentário:

  1. Juarez, li seu artigo,mas chamar um suicida de irresponsável, causou-me grande irritação. Por acaso você é capaz de sentir a mais profunda dor humana??? Acredito que seus estudos não passam de mera teoria. Respeito sua opinião, mas discordo profundamente sobre sua conclusão. Vc está muito distante dessa compreensão. Afirmativas vans. taniaapcapelari@hotmail.com

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