Para quem pensa cometer um suicídio sem dor, alertamos que o suicida não o fará sem dor, muita dor.

domingo, 7 de agosto de 2016

Seis sinais de comportamento suicida

Seis sinais de comportamento suicida
   
A taxa de suicídio de adolescentes com idades entre dez e 14 anos aumentou 40% nos últimos dez anos e 33% entre aqueles com idades entre 15 e 19 anos, segundo o Mapa da Violência 2014. Todo dia, 28 brasileiros se suicidam e, para cada morte, há entre dez e 20 tentativas.

Médicos alertam que é um problema de saúde que não recebe tanta atenção, por causa do tabu social. Para ajudar a combater essa epidemia silenciosa, seguem informações elaboradas a partir de uma conversa com uma série de psiquiatras e psicólogos sobre o problema, com seis alertas sobre o comportamento suicida.

1 - Frases de alarme

Existe um mito de que pessoas que falam em suicídio só o fazem para chamar a atenção e não pretendem, de fato, terminar com suas vidas. “Isso não é verdade, falar sobre isso pode ser um pedido de ajuda”, afirma Mônica Kother Macedo, médica psicanalista especializada em suicídio e professora da Pontífice Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Adriana Rizzo, engenheira agrônoma e voluntária da ONG Centro de Valorização da Vida (CVV) há 16 anos, já atendeu milhares de ligações de pessoas que pensavam em suicídio. Algumas das frases mais comuns ouvidas por ela foram “não aguento mais”, “eu queria sumir” e “eu quero morrer”. Então, se você ouvir um parente ou amigo falando algo do tipo, preste atenção.

2 - Mudanças inesperadas

Todo mundo passa por mudanças na vida, faz parte. Mas algumas mudanças podem ser traumáticas quando não estamos preparados para elas. Uma pessoa fragilizada por uma depressão ou outro problema psíquico dificilmente terá condições de encarar uma mudança inesperada, como perder um emprego que considerava muito importante. “Alguém tinha um hobby e abandona tudo, era super vaidoso e fica desinteressado. A mudança de comportamento é o momento em que a gente se aproxima da pessoa para saber o que está acontecendo, porque, quem sabe, dividindo ela vai entender que é só uma fase”, diz Macedo.

3 - Depressão e drogas

As estatísticas alertam: para cada suicídio, há entre dez e 20 tentativas, ou seja, quem tentou suicídio está muito mais vulnerável. “Uma tentativa de suicídio é o maior preditor de nova tentativa e de suicídio”, diz o psiquiatra Humberto Correa da Silva Filho, vice-presidente da Comissão de Estudos e Prevenção de Suicídio.
Segundo alerta: quase 100% das pessoas que se suicidaram enfrentavam algum problema mental - a maioria depressão. Quem está sofrendo depressão ou outro transtorno devem receber maior atenção. E, se a pessoa consome álcool ou outras drogas, atenção redobrada. “O maior coeficiente de suicídio se dá por transtorno de humor associado ao uso de substâncias psicoativas, mais da metade dos casos de suicídio. Depressão e consumo de álcool e drogas é responsável pelo maior número de mortes no mundo inteiro”, afirma o médico psiquiatra Jair Segal, doutor em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

4 - Pode não ser só “aborrescência”

As taxas de suicídio dos jovens brasileiros aumentou mais de 30% nos últimos dez anos. Mas, muitas vezes o comportamento errático atribuído como típico do adolescente pode ser um sinal de intenção de suicídio. “Existe uma falsa ideia de que a depressão atinge mais pessoas adultas. O adolescente apresenta outros sintomas, ele vai se trancar no quarto, não vai falar com ninguém, e isso vai ser entendido como fenômeno da adolescência normal, já que ele não consegue expressar seu sofrimento de uma forma clara”, explica Segal.

5 - Preto no branco

Somente 15% dos gravemente deprimidos vão se suicidar, mas a depressão severa continua sendo a maior causa do suicídio. Por isso, é preciso ficar atento quando a pessoa demonstra zero interesse na vida ou nos outros. “Para o deprimido, o mundo deixa de ser colorido, é preto e branco. Ele tem baixa autoestima, desinteresse por todos e fica muito voltado para ele mesmo”, explica o psiquiatra Aloysio Augusto d’Abreu, presidente da Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi). Quando em depressão severa, a pessoa se isola dos outros e não vê motivos para continuar viva. É um alerta de urgência.

6 - Bom demais para ser verdade

Um caso que marcou o psiquiatra d’Abreu foi o de um paciente muito deprimido, que simulou uma melhora para passar o final de semana em casa e, lá, usar uma espingarda para se matar. A simulação de melhora é comum em diversos casos de suicídio, então, se uma pessoa que normalmente é deprimida parecer subitamente alegre, é importante acompanhá-la para garantir que ela não tentará o suicídio.

O que você pode fazer?

Segundo o médico psiquiatra da Rede Brasileira de Prevenção do Suicídio, Carlos Felipe Almeida D’Oliveira, o ideal é conversar com a pessoa e não deixá-la sozinha. Ao conversar, procure não falar muito e ouvir mais, já que muitas vezes a pessoa só precisa ser ouvida. “Se possível, acompanhe-a a uma consulta com um profissional da saúde e peça orientação”, diz. Outra medida é retirar o acesso a ferramentas potencialmente destrutivas dentro de casa - como armas, medicamentos e substâncias tóxicas - para evitar o uso delas em um impulso.

Fonte: Revista Galileu