Para quem pensa cometer um suicídio sem dor, alertamos que o suicida não o fará sem dor, muita dor.

domingo, 18 de julho de 2010

SUICÍDIO E LOUCURA

Pedro Vieira

Gostaria de tirar uma dúvida que fiquei ao ler a pergunta 944 do LE: O louco seria responsável aos olhos de Deus ao cometer o suicídio? Tal qual uma criança que ao olhar de uma janela e, se joga sem saber que vai se machucar, seria responsável?



(...) Experimente pegar uma moeda furada e observar contra a luz do Sol, na parede, a sombra com o foco de luz solar. Colocando-se um grande obstáculo na fonte de luz, colocando-se um pequeno dedo perto da moeda para bloquear a luz, caindo a noite ou ocorrendo um eclipse solar, se sua observação se limita ao foco de luz do furo da moeda, o fenômeno para você foi idêntico.

Quando o Espírito mergulha na matéria, nosso foco de visão de sua realidade espiritual é tão ou mais restrito que apenas a observação do furo de uma moeda. O que isso significa? Efeitos, fenômenos aparentemente idênticos aos olhos da matéria podem ter significações espirituais muito diversas. Precipitações na análise dos problemas levam médicos a diagnosticarem obsessões como patologias clínicas e dirigentes despreparados a diagnosticarem patologias clínicas como obsessões, por exemplo.

A loucura, grosseiramente, pode ocorrer segundo duas causas bem distintas: físicas ou espirituais, ou seja, de origem imediata na matéria ou no Espírito. Tentei evitar essa conceituação, porque ela traz um erro conceitual sério, já que a modulação da matéria obedece a uma necessidade espiritual, não são duas coisas sem conexão, mas preferi deixar por questão de simplicidade didática. Portanto, espero que os leitores a considere tomando as devidas precauções.

É medicamente comprovado que lesões a nível cerebral podem causar loucura. A correlação com a loucura, em muitos casos, obedece a uma má formação a nível cromossomial (mais uma vez, não se esqueça da correlação da modulação material com a realidade espiritual). É bastante direto entender que se o Espírito utiliza a matéria para se comunicar e projeta seu pensamento e suas vontades, enquanto encarnado, sobre o órgão físico que pode lhe ser sensível, para interagir com o mundo corporal, se esse órgão não serve mais à comunicação, por questões de lesões a nível material, essa comunicação fica interrompida, ou, ao menos, prejudicada. É o pequeno dedo à frente da sua moeda.

No livro O CÉU E O INFERNO, de Allan Kardec, Parte II, Capítulo VIII (Expiações Terrestres), leia o relato do Espírito "Charles de Saint G. - idiota". Algumas partes para atiçar sua vontade. O Espírito de Charles de Saint G. (encarnado, 13 anos de idade, idiota), foi evocado e fizeram a eles várias perguntas, entre elas, as que têm relação direta à sua pergunta:

"4. Presentemente, isto é, como Espírito, tendes consciência de vossa nulidade neste mundo? - R. Decerto que sinto o cativeiro.

5. - Quando o corpo adormece e o vosso Espírito se desprende, tendes as idéias tão lúcidas como se estivésseis em estado normal? - R. Quando o corpo infeliz repousa, fico um pouco mais livre para alçar-me ao céu a que aspiro."

Nota-se, portanto, que o Espírito em questão tinha consciência, enquanto emancipado de seu corpo físico, do seu estado, da sua prisão. Isso caracteriza a expiação a que estava submetido. A causa da deficiência a nível mental era uma forma para que ele pudesse parar seus impulsos, fazendo-o sentir o bem, as pessoas, com a calma que seu Espírito inquieto não poderia fazer em uma existência normal.

Disso guarda grande diferença a situação em que o Espírito entra em estado psíquico tão profundo de revolta, desilusão, auto-culpa, se isolando de tal forma do mundo e do contacto com os outros (monoideísmo auto-hipnotizante), que, ainda no Plano Espiritual, assume a posição de um 'louco', bloqueia sua consciência, e por vezes modela seu perispírito de acordo com essa situação psíquica, dando origem aos chamados 'ovóides'. Essa é uma deformidade essencialmente espiritual, em que o Espírito, logicamente, não adquire a consciência de uma hora para outra, quando emancipado, já que não a possuía antes de encarnar, tal o nível de hipnose a que se submeteu.

No tratamento dos ovóides, a reencarnação compulsória tem, mais do que a função de expiação (precedendo-a, inclusive), a função de tratamento do seu corpo perispiritual e também da forçação de abertura de consciência para que possa novamente ter contacto com as coisas das quais se isolou. Molda, na matéria, obviamente, esse desequilíbrio generalizado, podendo causar desfunções mentais sérias. É um caso essencialmente profundo, é o eclipse solar impedindo a projeção do buraco da moeda na parede.

Há farto material sobre ovóides disponível na literatura espírita. Lamento não ter as referências à mão, mas certamente os queridos confrades do GEAE poderão ajudá-la caso deseje uma busca mais aprofundada sobre o assunto.

Tive muito boas recomendações (não li o livro, todo o livro deve ser lido sob a óptica do bom senso kardequiano, é bom lembrar isso, porque podem refletir visões - do médium e dos espíritos - que nem sempre correspondem à realidade) de um livro chamado: "Deficiente Mental - por que fui um?", psicografado pela Vera Lúcia Marizenck de Carvalho, ditado por Espíritos diversos, editado pela Editora Petit. Está na minha lista de prioridades de leitura, mas como as recomendações partiram de pessoas que tenho muito em conta, arrisco-me a, mais uma vez, com todas as ressalvas, indicar uma fonte que pode conter algumas informações interessantes sobre o tema.

Diferenciado o grau de percepção espiritual dos dois casos, a resposta dos Espíritos sobre a loucura e a responsabilidade é mais que clara para prosseguir com as explicações.

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