Para quem pensa cometer um suicídio sem dor, alertamos que o suicida não o fará sem dor, muita dor.

sábado, 19 de outubro de 2013

Mais de 90% dos casos de suicídios estão associados a doenças mentais

Mais de 90% dos casos de suicídios estão associados a doenças mentais


Cláudia Collucci

Véspera do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, esta segunda-feira nos trouxe duas notícias chocantes: as mortes do músico Champignon, 35, da banda Charlie Brown Jr. e de um casal e dois filhos de 2 e 7 anos em Cotia.

A suspeita da polícia é que Champignon tenha se matado, logo após chegar em casa com a mulher, grávida de cinco meses. O cabeleireiro Claudinei Pedrotti Júnior, 39, teria matado a mulher e os dois filhos e depois se suicidado.

Não quero me repetir, já que na coluna da semana passada tratei sobre o tema suicídio, mas simplesmente não dá para encarar esses dois fatos como meros casos de polícia, que logo serão arquivados porque não há nada mais a fazer.

O assunto exige muito cuidado, principalmente da imprensa. Há vários registros mostrando que, dependendo do foco dado a uma reportagem sobre o tema, pode haver aumento no número de casos de suicídio.

Mas um bom jornalismo pode também ajudar a pessoas que se encontram sob risco de se matar, ou mesmo àquelas enlutadas pela perda de um ente querido que decidiu morrer. E mais: pode levar a discussão para a seara das políticas públicas de saúde, que muito têm a ver com isso.

Independentemente das motivações que levam ao suicídio, existe um fator que liga a vasta maioria dos casos: as doenças mentais.

Uma revisão de 31 artigos científicos publicados entre 1959 e 2001, englobando 15.629 suicídios na população em geral, demonstrou que em mais de 90% dos casos caberia um diagnóstico de transtorno mental à época da morte.

Os transtornos mentais mais associados ao suicídio são: depressão, transtorno do humor bipolar, dependência de álcool e de outras drogas psicoativas. Esquizofrenia e certas características de personalidade também são importantes fatores de risco.

A situação e risco é agravada quando mais do que uma dessas condições combinam-se, como, por exemplo, depressão e alcoolismo; ou ainda, a coexistência de depressão, ansiedade e agitação.

Infelizmente, muitas vezes os transtornos mentais não são detectados ou não são adequadamente tratados. O país ainda dá pouca atenção para essa área. Entra governo e sai governo, as políticas públicas para a saúde mental são pífias.

Em 2006, o Ministério da Saúde publicou uma portaria com as diretrizes do que seria um programa nacional de prevenção ao suicídio. Entre as medidas estavam previstas campanhas para informar e sensibilizar a sociedade de que o suicídio é um problema de saúde pública que pode ser prevenido; organização da rede de atenção e intervenções nos casos de tentativas de suicídio; educação permanente dos profissionais de saúde da atenção básica, inclusive do Programa Saúde da Família, dos serviços de saúde mental, das unidades de urgência e emergência.

Um pote de doce de leite de Viçosa para quem adivinhar o que aconteceu com essa portaria sete anos depois? Não saiu do papel, é claro. É ótimo informar a população sobre como reconhecer uma doença mental, derrubar preconceitos (doença mental não é sinônimo de loucura, todos nós estamos sujeitos a enfrentá-la em algum momento da vida), falar quais os tratamentos disponíveis, sua efetividade etc. Agora, onde procurar apoio emocional e tratamento psiquiátrico para depressão e outros transtornos que aumentam a cada dia?

O CVV ajuda e muito, mas não faz milagres. Há casos que precisam de intervenções com medicamentos e terapias comportamentais. Alguém sabe me dizer aí onde tem um serviço público de saúde mental com vagas disponíveis, que ofereça sessões de terapia, antidepressivos, essas coisas que a gente lança mão quando o caldo entorna?
Nesses momentos de tristeza e espanto coletivo, é também uma ótima oportunidade para cobrar quem deveria estar cuidando da saúde coletiva, especialmente da saúde mental dos brasileiros.

Cláudia Collucci é repórter especial da Folha, especializada na área da saúde. Mestre em história da ciência pela PUC-SP e pós graduanda em gestão de saúde pela FGV-SP, foi bolsista da University of Michigan (2010) e da Georgetown University (2011), onde pesquisou sobre conflitos de interesse e o impacto das novas tecnologias em saúde. É autora dos livros "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de "Experimentos e Experimentações". Escreve às quartas, no site.

Notícia publicada na Folha de S. Paulo, em 9 de setembro de 2013.


Raphael Vivacqua Carneiro* comenta

Além dos fatores ambientais, estudos indicam que existem fatores genéticos que aumentam a suscetibilidade das pessoas a certos transtornos mentais, como a depressão, o alcoolismo e a drogadição. Tais transtornos, por sua vez, estão fortemente relacionados à ocorrência de casos de suicídio.

A disfunção bioquímica do cérebro é tratável pela moderna Medicina. A psicoterapia é outro importante recurso usado na prevenção das causas que levam as pessoas a se matarem. Aliada à ciência médica e psicológica, a terapia espírita também contribui muito para a diminuição dos casos de suicídio.

A falta de fé, de noções de espiritualidade, de conhecimento dos princípios que regem a vida terrena e além-túmulo, leva o indivíduo ao desgosto da vida e à incapacidade de lidar construtivamente com as adversidades. A Doutrina Espírita, sendo devidamente compreendida e assimilada, induz o homem a suportar as dificuldades da vida com mais paciência e resignação, e a reunir forças para trabalhar visando à felicidade mais sólida e durável no futuro que o aguarda.

Não se pode censurar aquele que comete suicídio movido por um estado de insanidade, privado de lucidez. Diferentemente, o suicídio voluntário representa uma transgressão à lei natural. A vida encarnada é caracterizada pelas oportunidades de reajuste com a lei divina e de crescimento espiritual, seja pelo aprendizado de novas virtudes, seja pela eliminação gradual dos vícios da alma. Sendo uma dádiva de Deus, somente Ele tem o direito de dispor da vida humana.

Aquele que decide abreviar a própria existência, com a pretensão de fugir às desgraças e decepções deste mundo, não entende que a sua prova consiste justamente em vencer tais tribulações, e que Deus não coloca fardos pesados em ombros frágeis. Deus recompensa os que sofrem sem se queixar, como ensinava o Mestre Jesus em seu famoso sermão do monte: “Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados.”

Conforme narram os espíritos, as consequências do suicídio são muito diversas; variam caso a caso, conforme a responsabilidade pelas causas que o produziram. Há, porém, uma consequência comum a todos os suicidas: o desapontamento. Ignorando a realidade da vida espiritual, imaginavam que o fim da vida corporal representaria o fim de tudo: das angústias, da vergonha, dos pensamentos torturantes; enfim, a eliminação da própria essência do ser. O conhecimento espírita evitaria a desilusão pela qual passam os suicidas ao constatar que a vida não cessa; ela apenas transita do mundo corporal para o espiritual. A individualidade é imortal e carrega consigo todas as suas vivências e sentimentos.

A terapia espírita aplicada aos encarnados reforça as reflexões sobre as questões fundamentais do ser: de onde viemos, para onde vamos, qual o sentido da vida. Viemos de uma fieira de existências, pelas quais forjamos o nosso caráter, adquirindo conhecimento e qualidades, ao mesmo tempo em que cometemos erros e acertos. Nosso destino é a bem-aventurança, obrando eternamente em comunhão com o Criador, num estado de felicidade plena. Entre o momento presente e esse futuro de plenitude, haverá uma nova fieira de existências, visando a superação de nossas deficiências morais e a assimilação de sabedoria. Nisto consiste o sentido da vida – a atual e todas as demais.

Tanto os fatores genéticos que predispõem o homem aos transtornos mentais, como também os fatores ambientais, devem ser considerados como uma conjuntura provacional do ser, e não como algo fatal e fator determinante para o desfecho de sua existência. O planejamento divino visa sempre o nosso bem. Abreviar a duração planejada para nossa existência não é uma sábia decisão. Façamos a nossa parte, utilizando a mensagem espírita como instrumento para dissipar as sombras que envolvem os corações torturados. Certamente muitos suicídios já foram evitados – e ainda serão – devido a essa luminosa intercessão.

* Raphael Vivacqua Carneiro é engenheiro e mestre em informática. É palestrante espírita e dirigente de grupo mediúnico em Vitória, Espírito Santo. É um dos fundadores do Espiritismo.net.

domingo, 13 de outubro de 2013

O SUICÍDIO VISTO PELA DOUTRINA ESPÍRITA


Tema bastante delicado raramente abordado nas Casas Espíritas, porém, de uma necessidade bastante grande, uma vez que em várias oportunidades, lá são encontradas pessoas que são afligidas por esses pensamentos.

Dentro de nossa Doutrina, existe um livro, que pode ser considerado como base para todos os conceitos sobre o assunto, Memórias de Um Suicida, da Sra. Yvonne A. Pereira, pelo espírito Camilo Cândido Botelho, pseudônimo adotado por Camilo Castelo Branco (1825-1890), escritor português que suicidou-se depois de ter conhecimento de sua cegueira eminente.

Nessa obra nos é contada toda a trajetória de um grupo de suicidas, desde sua passagem pelo “vale dos suicidas”, sua remoção que é feita por um grupo chamado “Servos de Maria”, até seu encaminhamento aos hospitais do plano espiritual e finalmente as possibilidades de seu retorno, encarnando, na grande maioria dos casos com falhas em seu corpo carnal, até o completo reestabelecimento de seu perispírito.

Conta-nos a Doutrina, que aqueles que cometem suicídio através de envenenamento, na sua grande maioria quando reencarnados apresentam problemas valvulares, problemas no aparelho digestivo, doenças de sangue, disfunções da glândulas, etc. Outros que incendiaram a própria carne renascem com problemas na pele ou doença de chagas. Por outro lado, aqueles que se asfixiam, seja nas águas, seja com gás, voltam sofrendo sérios problemas  nas vias respiratórias, como o caso das enfisemas e dos cistos pulmonares. Os que se enforcam voltam apresentando distúrbios do sistema nervoso como as neoplasias (tumores), paralisia cerebral infantil. Aqueles que atingem a própria cabeça, reencarnam com sérios problemas de cretinismo. Finalmente aqueles que se atiram das alturas, com distrofias musculares e osteíte generalizada (inflamação dos  tecidos ósseos).

Os suicídios ocorrem em todos os lugares do mundo, porém no leste europeu, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, OMS, é onde tem ocorrido os maiores índices.

A Lituânia, lidera as estatísticas com o índice de 41,9 suicídios por 100 mil habitantes, seguem-se Estônia com 40,1, Rússia com 37,6; Letônia, 33,9; Hungria, 32,9, sempre considerando-se o número por 100 mil habitantes.

Outros países também mostram números elevados, como exemplo o Japão, que recentemente reduziu a quantidade de suicidas com base em uma campanha bastante forte, o número que era 34,5 foi reduzido para 24,1 suicídios por 100 mil habitantes, nos Estados Unidos esse número baixa para 10,4 enquanto no Brasil, cujo índice subiu na última década, hoje está em 4,9, também pelo mesmo número de habitantes.

No nosso pais a faixa etária onde ocorre a maior incidência de suicídio é aquela que vai de 16 a 25 anos

Todo suicida procura com esse ato, a fuga, o fim, porém, depois do ato praticado ele percebe que o “fim” não existe, ele continua vivendo em espírito, tendo que assumir todas as consequências de seu ato, advindo daí uma frustração muito grande e tendo que enfrentar todos os problemas causados pois com certeza, todos os seus  problemas serão potencializados.

Para finalizar esclarecemos, desta feita com satisfação, que dentre as pessoas que conhecem e seguem a doutrina codificada por Allan Kardec, o índice de suicídios é “zero %”.


Texto -  Cassio – Agosto/2013

Doenças mentais ‘levam 650 mil ao suicídio por ano

Pelo menos 650 mil portadores de doenças mentais, mais de 80% deles nos países em desenvolvimento, cometem suicídio a cada ano, alerta nesta terça-feira um artigo publicado na revista científica The Lancet.
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“Grande parte” desse contingente se deve à falta de tratamento adequado e à marginalização que ainda hoje afeta os que sofrem com esse tipo de transtorno, afirmou à BBC Brasil um dos autores do artigo.
Os números constam de uma série de artigos publicados pela Lancet em colaboração com o Instituto de Psiquiatria do King’s College de Londres e a London School of Hygiene and Tropical Medicine.
Chamando atenção para a necessidade de se debater a saúde mental no mundo, um dos artigos destaca que os problemas mentais respondem por entre 80% e 90% de todos os 800 mil suicídios registrados anualmente no planeta.
“Mas é preciso dizer que esta estatística subestima o número de real de pessoas que cometem suicídio”, explicou à BBC o professor Vikram Patel, professor da London School of Hygiene e um dos autores do estudo.
“Em muitos lugares, o suicídio é fortemente estigmatizado, até mesmo criminalizado. Na Índia, há evidências de que o número real de suicídios é quatro vezes maior que o reportado.”
Prioridade
Um dos artigos afirma que o Brasil avançou no tratamento de doenças mentais. Ainda assim, os cientistas destacam que nas grandes cidades brasileiras muitos doentes são vistos mendigando em esquinas e dormindo sob pontes e viadutos.
Por falta de recursos ou por estigma social, nove entre dez pessoas que sofrem de problemas mentais deixam de receber tratamento adequado em alguns países emergentes, alerta a revista.
Na Zâmbia, por exemplo, muitos temem procurar tratamento diante da possibilidade de serem confundidos com “vítimas de bruxaria” ou como se estivessem “possuídos por demônios”.
Estima-se que doenças mentais, como esquizofrenia, depressão, transtornos obsessivo-compulsivos e ansiedade, representam 14% das doenças do mundo, mais que o câncer ou as doenças cardíacas.
Entretando, criticou a Lancet, a saúde mental “permanece uma prioridade secundária na maioria dos países de renda média e baixa”.
Já os países desenvolvidos, acrescentou a revista, “priorizam doenças que causam morte prematura (como câncer e doenças do coração).”
“Tem havido uma falha crítica de liderança entre países, agências, financiadores e profissionais médicos, e essa falha tem continuado a estigmatizar a saúde mental e aqueles com problemas de saúde mental”, disse o editor da Lancet, Richard Horton, durante o lançamento da série em Londres.
“Esse relatório que estamos publicando tem o objetivo de desenhar uma linha entre a era de negligência e o que acreditamos ser um novo movimento político, social e científico para tornar as doenças mentais um interesse vital para o futuro.”
Informações parciais. Confira o texto na íntegra, acessando o site: http://www.bbc.co.uk/

sábado, 21 de setembro de 2013

As Tristes Consequências do Suicídio

As Tristes Consequências do Suicídio


Volta e meia aparece na mídia alguma reportagem sobre o suicídio, suas causas, consequências, repercussões sociais... Especialistas tecem conjecturas sobre o que leva as pessoas a se suicidarem e o que as impede, e assim vai.

Triste que poucas vezes vejamos os ensinamentos espíritas serem trazidos à tona nessas ocasiões. Desde a Codificação, ou seja, há mais de 150 anos, o Espiritismo nos traz boas respostas sobre causas e consequências do suicídio, valendo-se de métodos que a Ciência tradicional jamais admitiria, como ouvir os próprios suicidas, do lado de lá, a nos revelarem a sua situação "post mortem".

Livro dos Espíritos discorre amplamente sobre o suicídio na visão espírita. Vejamos alguns dos pontos mais relevantes:
944 O homem tem o direito de dispor de sua própria vida?
– Não, apenas Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão dessa lei.

946 O que pensar do suicida que tem por objetivo escapar das misérias e decepções deste mundo?
– Pobres Espíritos, que não têm coragem de suportar as misérias da existência! Deus ajuda aqueles que sofrem, e não aos que não têm força nem coragem. As aflições da vida são provas ou expiações; felizes aqueles que as suportam sem queixas, porque serão recompensados! [...]

950 O que pensar daquele que tira a própria vida na esperança de atingir mais cedo uma vida melhor?
– Outra loucura! Se fizer o bem a atingirá mais cedo. Pelo suicídio retarda sua entrada num mundo melhor, e ele mesmo pedirá para vir terminar essa vida que encurtou por uma falsa idéia. Um erro, seja qual for, nunca abre o santuário dos eleitos.

Livro dos Espíritos, assim, deixa claro que o suicídio nunca é a saída para nenhum tipo de problema. Não resolve nenhuma situação, não afasta nenhum mal. Pelo contrário: sempre piora a situação que o suicida visava resolver por meio do suicídio.

Se pretendia fugir ao sofrimento, se verá com as mesmas antigas dores, no mundo espiritual, e outras mais ainda, aquelas causadas pelo suicídio. Seu sofrimento aumenta ao ver que não pôde pôr fim à sua existência, constatando que terá que continuar sofrendo, e agora com mais severidade, pois cometeu outra grande falta.

Se pretendia reencontrar um ente querido, demorará mais ainda a vê-lo, ficando necessariamente afastado deste ente no plano espiritual. Isto lhe será imposto como castigo, por ter antecipado a própria morte, mostrando desprezo pelo bem sublime que lhe fora dado por Deus, a vida corpórea, meio necessário a tantos aprendizados e tarefas da maior importância.

Temos vários exemplos como esse, contados pelos próprios suicidas, por meio de médiuns, no belíssimo livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec.

Além disso, o Evangelho Segundo o Espiritismo também nos adverte contra as nefastas consequências para os suicidas:
Capítulo 5 - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

"O Suicídio e a Loucura"
17 
Para contrapor-se à idéia do suicídio, o espírita tem vários motivos: a certeza de uma vida futura, na qual ele sabe que será muito mais feliz quanto mais confiante e resignado tenha sido na Terra; a certeza de que, ao encurtar sua vida, alcançará um resultado completamente oposto daquele que esperava, porque liberta-se de um mal para entrar num outro pior, mais longo e mais terrível; que se engana ao acreditar que, por se matar, chegará mais rápido ao Céu, e, além de tudo, o suicídio também é um obstáculo para que ele se reúna às pessoas de sua afeição, que esperava reencontrar no outro mundo. Daí a conseqüência de que o suicídio, dando-lhe apenas decepções, está contra os seus interesses.

A reprovação do suicídio decorre de sua essência mesmo. Trata-se de um ato que põe fim antecipado a uma existência que, como todas as outras, estava destinada a provações e expiações, a crescimento e aprendizado, a tentar, errar, aprender, ajudar ao próximo e a si mesmo... Daí a sua essência infeliz.

Mas não percamos as esperanças e a fé nunca! Nem tudo está perdido, jamais, nem mesmo para os suicidas, graças a Deus!

Nosso Pai Celestial, fonte infinita da mais pura Bondade e Amor, sempre dará novas oportunidades aos irmãos suicidas, facilitando a depuração do seu ser, sua evolução e melhoria dos seus sentimentos e da sua fé.

Assim é que a todos sempre se dará nova chance, a seu tempo! O tempo pode ser mais ou menos longo; a jornada até lá, pode ser mais ou menos difícil; mas todos, invariavelmente todos mesmo, conseguirão erguer seus espíritos à categoria de pureza e bondade sublime a que todos aspiramos.

Seja você parente, amigo ou colega de um suicida, ou seja você alguém que um dia já pensou ou pensa em tirar a própria vida, não desanime e não perca sua fé jamais! Confie em Deus, ore sempre, ore com o seu coração, e Ele sempre lhe dará, imediatamente, o amparo e a luz de que você precisar.

Ore livremente, com o seu coração e com suas próprias palavras. O seu sentimento verdadeiro é sempre o mais importante! Se precisar, no entanto, de ajuda para a sua oração, sugiro a prece 72 do Evangelho Segundo o Espiritismo:
Prece Por um suicida

Sabemos, Senhor, meu Deus, o destino reservado àqueles que violam vossas leis ao encurtar voluntariamente seus dias; mas sabemos também que vossa misericórdia é infinita: dignai-vos estendê-la sobre a alma de ... Possam nossas preces e vossa piedade suavizar a amargura dos sofrimentos que suporta por não ter tido a coragem de esperar o fim de suas provas!

Bons Espíritos, cuja missão é ajudar aos infelizes, tomai-o sob vossa proteção, inspirai-lhe o arrependimento por sua falta, e que vossa assistência lhe dê a força para suportar com mais resignação as novas provas que terá de passar para repará-la. Afastai dele os maus Espíritos que poderiam levá-lo novamente para o mal e prolongar seus sofrimentos, fazendo-o perder o fruto de suas futuras provas.

Vós, cuja infelicidade é o motivo das nossas preces, que possa nossa compaixão suavizar a amargura e fazer nascer em vós a esperança de um futuro melhor! Esse futuro está em vossas mãos; confiai-vos à bondade de Deus, cujos braços sempre estão abertos a todos os arrependimentos, e só permanecem fechados aos corações endurecidos.

domingo, 15 de setembro de 2013

Suicídio - uma abordagem espiritual

Suicídio - uma abordagem espiritual

Muitas pessoas limitam seus interesses à matéria, às paixões e aos vícios. Sendo assim, o mundo delas se reduz às coisas passageiras, esquecendo-se da eternidade que é a alma. Suas preocupações se tornam uma obsessão; as pessoas ao seu redor muitas vezes não notam seus problemas, pois o indivíduo sabe camuflar de tal forma que quando o suicídio acontece é surpresa para todos.
Sabemos das dificuldades que cada um enfrenta no dia-a-dia. Cada um, realmente, carrega a sua cruz. Neste processo evolutivo as dificuldades enfrentadas são as mesmas, o que difere é que para uns pode ser menos penoso, devido a sua forma de ver os acontecimentos, ou seja, a evolução individual é algo primordial para que possamos ter um melhor entendimento da vida.
Atualmente, cerca de um milhão de pessoas cometem suicídio todos os anos, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. Entre os países desenvolvidos, o Japão ocupa o primeiro lugar, e há tempos atrás ficou conhecido como o “Reino dos Suicídios”. Neste país, está se tornando comum a prática do suicídio coletivo. Em 2003, o Japão registrou 34 suicídios cometidos em duplas ou grupos por pessoas que se conheceram pela internet e faziam pactos. Também neste mesmo ano, foram registrados 34.427 suicídios no Japão, 7,1% a mais que em 2002. Está se tornando uma coisa tão comum que todos os anos diversos escritores lançam livros sobre este assunto. O livro Manual Completo do Suicídio, de Wataru Tsurumi, teve sua primeira edição lançada em 4 de julho de 1993, e se tornou um best-seller, pois descrevia inúmeras formas de suicídio, com ranking de facilidade, dor e dicas estratégicas.
Suicídio coletivo
O suicídio coletivo é uma prática antiga. Ficou conhecida devido às seitas que pregavam uma filosofia que chegava a psicotizar o indivíduo. Extraí de um site que fala um pouco da história das seitas, alguns dos suicídios coletivos mais famosos:
1978 – Vocês se lembram de Jim Jones? Era um líder fanático que se intitulava “pastor do Templo do Povo”. Possuía guarda-costas chamados de “anjos”e levou aproximadamente 900 pessoas ao suicídio na Guiana.
1985 – Na ilha de Mindanao, nas Filipinas, sessenta integrantes da tribo Ata são encontrados mortos em conseqüência de um envenenamento ordenado pelo “guru” Datu Mangayanon.
1987 – Em Yongin, arredores da capital Seul (Coréia do Sul), trinta e dois discípulos da sacerdotisa Park Soon-Ja foram encontrados com a garganta destroçada. Uma autópsia revelou que eles beberam um veneno muito potente.
1993 – Cinquenta e três habitantes de um bairro de Ta He, 300 quilômetros a noroeste de Hanói, se suicidaram com armas de fogo para “chegar ao paraíso” prometido pelo chefe Ca Van Liem. Entre as vítimas estavam dezenove crianças.
1994 – Cinqüenta e três membros da seita “Ordem do Templo Solar” cometeram, igualmente, suicídio coletivo. A seita parecia praticar um tipo de culto solar. A morte dos membros parecia fazer parte de um ritual que levaria os indivíduos da seita para um outro planeta-estrela chamado “Sirius”. Para apressar a viagem, várias das vítimas, incluindo algumas crianças, foram mortas com disparos na cabeça ou asfixiadas com bolsas plásticas pretas ou envenenadas. Dois membros da seita, antes de morrer, deixaram escrito que eles estavam “deixando esta terra para encontrar uma nova dimensão de verdade e absolvição, longe da hipocrisia deste mundo”.
1997 – A seita americana “Porta do Céu”, Heaven’s Gate, fundada nos EUA em 1972 por Marshall Applewhite e Bonnie Lu Trousdale Nettles, cometeu suicídio coletivo. O saldo de mortos foi de trinta e nove pessoas. Homens de 26 a 72 anos, da classe média e alta, ingeriram comprimidos de fenobarbital acompanhado por forte dose de vodka, esperando irem embora da terra na cauda do cometa Halley.
1998 – No dia 05 de outubro de 1998, seis membros da seita conhecida como Igreja Youngsang (Vida Eterna), uma das muitas seitas apocalípticas da Coréia do Sul, e seu líder, Jong-min, 57 anos, foram encontrados queimados mortos em uma mini-van após um ritual religioso. A polícia coreana disse que o líder deixou sua casa em Seul, em julho, com seis seguidores, dizendo que eles estavam embarcando em uma viagem eterna.
2000 – Cerca de oitocentas pessoas que estavam envolvidas com a seita “Movimento Pela Restauração dos Dez Mandamentos” morreram carbonizadas na sede da seita, em Uganda, na África. Antes de cometerem o suicídio coletivo, o líder da seita os incentivou a abandonarem seus bens, pois iriam se encontrar com a Virgem Maria. Pelo jeito, o único mandamento que a seita não quis restaurar foi o “Não matarás”.
A timidez e o suicídio
O psicólogo Antonio Carlos Alves de Araújo publicou um estudo sobre as pessoas que praticam o suicídio, fazendo um paralelo com a timidez: “Obviamente, a problemática é mundial; vide o episódio no Japão sobre o suicídio coletivo dos hikikomoris (tímidos ou reclusos). Neste caso específico, a timidez caminhou para o suicídio, devido às pressões de uma determinada cultura que talvez não preste a atenção devida ao relacionamento humano, mas tão somente ao desempenho profissional e competição, embora não seja um aspecto encontrado apenas no Japão. (...) O tímido teme a situação de prova a todo o momento; quando se retira do contato cria uma ficção de vitória por não ter que passar por determinado apuro, mesmo que isto lhe custe um prazer futuro. (...) O tímido, na verdade, comete uma espécie de “estelionato social”; sua lei é retirar, sendo que os aspectos de egoísmo estão totalmente presentes. (...) O último estágio do processo da timidez é a depressão profunda ou o transtorno do pânico e até o suicídio, quando a pessoa não consegue mais nenhum tipo de satisfação devido a sua conduta masturbatória perante a vida. (...) O suicídio e timidez têm como temática básica a questão de como enfrentar a profunda solidão. O primeiro não enxerga nenhuma alternativa para resolver o dilema; o segundo se acostumou e desfruta da mesma”.
Alguns julgam a prática do suicídio um ato corajoso, outros, um ato covarde. A realidade é que  é um ato penoso para quem pratica, pois seus problemas estarão apenas começando,  após esta fuga da matéria. Ninguém queira conhecer o “Vale dos Suicidas”, ou melhor, deveriam ter pelo menos uma visão deste lugar para que tenham consciência de que se o inferno existe, ali é o lugar.
Um dos maiores escritores de Portugal, Camilo Castelo Branco, se suicidou aos 65 anos com um tiro no ouvido, quando foi acometido por uma cegueira, devido a uma doença nos olhos. Alguns anos mais tarde, por meio da médium Yvonne Pereira, escreveu Memórias de um Suicida, no qual descreveu com riqueza de detalhes a situação dos que suicidam e sua permanência no Vale dos Suicidas. Em determinado momento, ele fala sobre entidades perversas que escravizam criaturas nas condições amargurosas em que se via. Aprisionado, juntamente com outros suicidas, foram obrigados a fazer uma caminhada “penosamente, por um vale profundo, onde nos vimos obrigados a enfileirar-nos de dois a dois, enquanto faziam idênticas manobras os nossos vigilantes. Cavernas surgiram de um lado e outro das ruas que se diriam antes estreitas gargantas entre montanhas abruptas e sombrias, e todas numeradas. Tratava-se, certamente, de uma estranha “povoação”, uma “cidade” em que as habitações seriam cavernas, dada a miséria de seus habitantes, os quais não possuiriam cabedais suficientes para torná-las agradáveis e facilmente habitáveis (...) Não se distinguiria terreno, senão pedras, lamaçais ou pântanos, sombras, aguaceiros... Sob os ardores da febre excitante da minha desgraça, cheguei a pensar que, se tal região não fosse um pequeno recôncavo da Lua, existiriam por lá, certamente, locais muito semelhantes”.
Dessa forma, imaginem um grupo de suicidas chegando do “outro lado”, tomando ciência de que a vida continua, apesar da promessa de “paraíso” feita por “religioso” ou através de um pacto mal planejado pela Internet, onde a realidade não corresponde com a ilusão dos suicidas que terão que responder por estes atos. A frustração ao chegar do outro lado faz com que os suicidas se arrependam ardentemente, porém, é tarde demais.
Orientações espíritas
Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, lê-se que “as conseqüências do suicídio são muito diversas: não há penas fixadas e, em todos os casos, são sempre relativas às causas que o provocaram. Mas uma conseqüência à qual o suicida não pode fugir é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos: depende das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros em uma nova existência que será pior que aquela da qual interromperam o curso”.
Entrevistei Richard Simonetti, um dos mais conceituados escritores espíritas. Perguntei: Quando uma determinada “religião” ou “líder religioso” levam seus seguidores ao suicídio coletivo, quem terá maior dosagem de culpa? Qual o grau de responsabilidade do líder religioso e do seu seguidor? Ele respondeu que “a responsabilidade maior será do líder, que terá, inclusive, o compromisso de ajudar seus seguidores a se recomporem”.
Indaguei novamente: “Caso o seguidor desta seita foi induzido ao suicídio, mesmo assim ele responderá por este ato praticado contra si próprio? Ele informou que “sim, porque não foi obrigado a matar-se, simplesmente rendeu-se às sugestões recebidas”.
Sendo assim, temos consciência de que tanto pela iniciativa, quanto pela indução, iremos responder pelos nossos atos, afinal, temos o livre-arbítrio para tomar as decisões que achamos cabíveis naquele momento, muitas vezes, sem ter a noção exata das conseqüências futuras.
Quando se deseja algo, seja bom ou ruim, temos ao nosso lado espíritos que irão captar as imagens em nossa mente e poderão, dessa forma, criar condições para que o nosso objetivo se concretize. Em se tratando de suicídio, obsessores irão envolver sua presa para que esta pratique este ato. No suicídio coletivo, uma legião de obsessores poderá estar pronta a “encaminhar” para as zonas sombrias seus desafetos do passado ou apenas indivíduos com a mesma afinidade de pensamentos e propósitos.
Independente do país, o suicídio coletivo é uma realidade. As autoridades devem tomar consciência da seriedade deste assunto e um estudo mais profundo deve ser elaborado para tentar evitar tal atrocidade. Aos candidatos ao suicídio coletivo, reflitam muito bem antes. Procurem ajuda, seja com amigos, parentes ou uma determinada religião que trabalhe o emocional da pessoa, mostrando uma visão global e cristã da vida. Nos centros espíritas, pode-se obter ajuda através de palestras educativas e esclarecedoras, passe, tratamento da desobsessão, água fluidificada, leituras edificantes e o culto do evangelho no lar.
Não se deixe levar pelas ilusões de um mundo melhor pós-suicídio, afinal a porta falsa do suicídio é uma armadilha para um caminho de muitos sofrimentos.
É nossa obrigação acolher com carinho as pessoas que sabemos ter tendência suicida. Devemos estar atentos, para que elas não cometam esta atrocidade contra si mesmas. Muitas vezes, o medo faz com que procurem outras pessoas com o mesmo intuito suicida, se encorajando, acabam praticando o suicídio coletivo.
Escrito por Marco Tulio Michalick
Revista Cristã de Espiritismo nº 43

http://www.dihitt.com/barra/suicidio--uma-abordagem-espiritual-1