Para quem pensa cometer um suicídio sem dor, alertamos que o suicida não o fará sem dor, muita dor.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Suicídio na adolescência

“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem doutrina,tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.” – Paulo. (I Coríntios, 14:26.) A adolescência é concebida em nosso meio social a partir de inúmeros estereótipos, talvez mobilizados por crenças que a consideram como uma fase do esenvolvimento pautada por crises existenciais,conflitos entre gerações, maturação da personalidade, alterações hormonais entre outras, que culminam com o rótulo de “aborrecência”.


Lamentavelmente, essa concepção pejorativa abate a autoestima do adolescente, induzindo-o a assumir esta condição personológica, bem como seus familiares e a sociedade como um todo. A consequência dessa rotulação é a ocultação de sinais importantes referentes à saúde psíquica, emocional e espiritual do jovem. A prevalência de transtornos psiquiátricos na adolescência é de 10 a 15 %. As principais demandas nas clínicas psiquiátricas referem-se a alterações comportamentais sem diagnóstico, depressão e comportamento suicida.1


Segundo a Organização Mundial de Saúde,2 os comportamentos suicidas entre adolescentes (e também entre crianças) são motivados por inúmeras situações, tais como: humor depressivo, desequilíbrio emocional, comportamental e social, abuso de substâncias tóxicas, término de relações amorosas, dificuldades acadêmicas, questões associadas à incapacidade para lidar com frustrações e resolução de problemas, baixa autoestima e conflitos com a identidade sexual. (Ver quadro na página 20.) Além desses fatores, a Doutrina Espírita também nos informa que obsessões graves podem culminar com o suicídio: [...] a obsessão arrasta um complexo tormentoso, difícil de ser superado [...].

E como o obsidiado envolveu-se nessa faixa criminosa, sem procurar dela afastar-se, renovando-se para o amor de Deus e o progresso de si mesmo, torna-se joguete do malefício próprio e alheio e tudo então pode acontecer, até mesmo o suicídio,suprema desgraça de um obsidiado, suprema desgraça para um obsessor, cuja responsabilidade é grave perante as leis de Deus.3 A gravidade de tal questão convoca-nos a um olhar atento e fraterno dirigido aos nossos jovens, munidos com o Evangelho e também com as contribuições das ciências da Terra, igualmente benesses do Alto, como a Psicologia e a Psiquiatria. Dessa forma, arrolamos algumas intervenções que visam ajudar adolescentes com ideação ou intencionalidade suicida: Psicoterapia: o acompanhamento psicológico, orientado por um profissional sério e competente, é um importante mecanismo para auxiliar o adolescente em crise suicida. Neste contexto, o profissional de Psicologia receberá o jovem em um espaço protegido de escuta, acolhimento e orientação para uma vida saudável. Acompanhamento familiar: é imprescindível que a família esteja consciente do estado de saúde mental e espiritual do adolescente em crise suicida. Pais, irmãos e parentes devem impedir o acesso aos meios para cometer o suicídio (medicações, substânciastóxicas, instrumentos cortantes, cordas etc.).

Além disso, cabe aos familiares do jovem a realização semanal do culto no lar,momento propício para reflexão sobre a consolação espírita e, também, uma oportunidade para a conversa fraterna, pautada no amor, atenção e paciência diante do sofrimento vivido pelo jovem. Psiquiatria: não obstante os preconceitos em torno da medicação psiquiátrica, esta é um meio fundamental para o restabelecimento psíquico de pessoas em crise emocional. O quadro depressivo e de ideação suicida vivenciado pelo jovem alteram o funcionamento neuroquímico, sendo necessária a intervenção do psiquiatra. Responsabilização sobre a própria condição emocional: apesar do abatimento emocional do jovem, é importante que ele assuma a responsabilidade pelo próprio soerguimento.

Conquanto seja uma atitude difícil no auge da crise suicida, cabe à rede social do jovem (família, psicólogo, psiquiatra, amigos) motivá-lo ao autocuidado, para que não considere ser somente cuidado, mas também ator pela manutenção da própria saúde. Frequência na Casa Espírita: o Centro Espírita, como hospital das almas, oferece excelentes contribuições para o restabelecimento da saúde integral dos nossos adolescentes. Considerando que o adolescente já esteja cônscio de sua responsabilidade pelo próprio tratamento, é fundamental que ele frequente, assiduamente, as atividades de evangelização espírita,que geram, de início, duas consequências positivas: a inserção em um novo grupo de amizades e,depois, o estudo e reflexão das páginas doutrinárias que propiciarão uma higienização mental, destruindo ligações fluídicas perniciosas que acometem o funcionamento psíquico do jovem. Evangelização Espírita: a compreensão dos princípios espíritas,com base numa fé raciocinada,promove a consolação do jovem em crise e, consequentemente, previne o suicídio, conforme explana Allan Kardec: [...]

O Espiritismo dá a ver as coisas de tão alto, que, perdendo a vida terrena três quartas partes da sua importância,o homem não se aflige tanto com as tribulações que a acompanham.Daí, mais coragem nas aflições, mais moderação nos desejos. Daí, também, o banimento da ideia de abreviar os dias da existência, por isso que a ciência espírita ensina que, pelo suicídio, sempre se perde o que se queria ganhar. A certeza de um futuro, que temos a faculdade de tornar feliz, a possibilidade de estabelecermos relações com os entes que nos são caros, oferecem ao espírita suprema consolação.[...]4 Mocidade Espírita: vale destacar a importância do acompanhamento afetivo dos evangelizadores da mocidade espírita com o jovem que esteja vivenciando este processo de adoecimento psíquico. Nesse sentido, além da dedicação às aulas sobre Espiritismo,é fundamental prestar atenção na vida desse jovem, promovendo acompanhamento individualizado e fraterno compartilhando com o jovem seu dia a dia, dificuldades, desafios etc.

Desobsessão: outro importante auxiliar é o tratamento desobsessivo,associado à terapia de passes e água fluidificada que, juntos,promovem o reequilíbrio psíquico,emocional e espiritual do adolescente.Este suporte espiritual precisa, necessariamente, do comprometimento do jovem, que deve se dedicar à oração diária, a leituras edificantes e à vigilância dos pensamentos. Embora seja uma triste realidade que acomete milhares de jovens em todo o mundo, é importante estarmos atentos à orientação do Apóstolo dos gentios, considerando que temos a nosso favor a consolação espírita, as ciências da Terra, a razão e o amor para protegê-los. Façamos, pois, de tudo pela edificação da juventude. SINAIS QUE INDICAM RISCO DE COMPORTAMENTO SUICIDA 1. Comportamento retraído, inabilidade para se relacionar com a família e amigos, pouca rede social; 2.

Doença psiquiátrica; 3. Alcoolismo; 4. Ansiedade ou pânico; 5. Mudança na personalidade, irritabilidade, pessimismo, depressão ou apatia; 6. Mudança no hábito alimentar e de sono; 7. Tentativa de suicídio anterior; 8. Odiar-se, sentimento de culpa, de se sentir sem valor ou com vergonha; 9. Perda recente e significativa – morte, divórcio, separação etc.; 10. História familiar de suicídio. Adaptado do Manual de prevenção de suicídio do Ministério da Saúde.5 Referências: 1SCIVOLETTO, Sandra; BOARATI, Miguel A.;TURKIEWICZ, Gizela (2010). Emergências psiquiátricas na infância e na adolescência. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 32,supl. II, out. 2010. 2ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Prevenção do suicídio – um recurso para conselheiros.Genebra: OMS, 2006. 3PEREIRA, Yvonne A. O drama da Bretanha. Pelo Espírito Charles. 10. ed. 5. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2011. cap. Marcus de Villiers, p. 79. 4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Guillon Ribeiro. 92. ed. 2. reimp. Rio Janeiro: FEB, 2012. Conclusão, it. 7. 5BRASIL. Prevenção do Suicídio – Manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 200

Leila do Amaral
http://www.sistemas.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=367

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