quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Psiquiatra de Botucatu acredita que suicídio tem prevenção


http://www.jcnet.com.br/Regional/2013/12/psiquiatra-de-botucatu-acredita-que-suicidio-tem-prevencao.html


Do JCnet.com.br

Psiquiatra de Botucatu acredita que suicídio tem prevenção
Rita de Cássia Cornélio
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Diante de situações difíceis da vida, já passou pela cabeça de muitas pessoas a ideia de “sair de cena” e deixar que as coisas aconteçam sem a sua presença. Para algumas, infelizmente o pensamento se concretiza. Em momentos de extremo desespero e descontrole, elas se jogam de prédios, viadutos, pontes. Ou ingerem algum tipo de medicamento ou substância que as leva à morte.  Para o médico psiquiatra professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Botucatu) e consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS) José Manoel Bertolote, há como prevenir o suicídio.

No “ranking dos suicidas”, os homens são campeões. “Em geral, há três a quatro suicidas homens para cada mulher. Apesar do predomínio estar entre os idosos, cresce entre os jovens por conta da depressão, uso indevido de álcool, esquizofrenia. A maioria das pessoas que se suicida tem diagnóstico de doença psiquiátrica”, afirma.

No Brasil, mais de mil pessoas foram internadas entre janeiro e fevereiro/2013 após tentarem o suicídio. Dados do Ministério da Saúde apontam que no País são 26 casos por dia no mesmo período. O suicídio figura como o quarto motivo entre as mortes por causas externas, perdendo para os homicídios, acidentes de transporte e causas não identificadas.

Para Bertolote, é possível mapear as pessoas que têm comportamentos suicidas, identificá-las e ajudá-las a superar a situação, antes que ela chegue ao intento. Autor do livro “O Suicídio e sua Prevenção”, o psiquiatra é um estudioso do assunto. Recebeu o prêmio Ringel Service Award, da Internacional Association for Suicide Prevention, órgão da OMS.

Grande parte daqueles que pensam em se matar quer apenas chamar a atenção, especialmente nessa época do ano em que as pessoas sentem mais a solidão. Nos sites de autoajuda e de psicologia não é difícil encontrar pessoas desesperadas e pedindo auxílio para isso. Há endereços eletrônicos também que incentivam os interessados a colocar fim em tudo.

Em Botucatu, o assunto é tratado com muita seriedade e profundidade. Uma pesquisa feita em 2009 mostrou que 95,7% das ocorrências de suicídio foram registradas na zona urbana, no período vespertino.

O suicida, em 89,4% dos casos, escolheu a própria casa para se matar. A maioria das vítimas eram donas de casa, com 25,5% das ocorrências, seguidas de estudantes com 17%, vendedores com 6,4% e faxineiras com 5,3%. Em 25,5% dos casos, a pessoa tinha registro na carteira profissional.

O estudo revelou ainda que 31,9% dos suicidas de Botucatu utilizaram o envenenamento para conseguir o seu objetivo. A intoxicação figurou em segundo lugar, com 16%. As vítimas eram solteiras em 26,6% dos casos, enquanto 14,9% eram casadas. Ao contrário do que muitos  imaginam, 93,6% delas eram brancas, 3,2% negras e 2,1% eram pardas.

Para Bertolote, a humanidade interpretou o suicídio ao longo da história passando do domínio filosófico (suicídio de honra, ou altruísta), o domínio teológico (pecado) ao domínio da saúde (sobretudo da saúde pública), embora permaneça tema de interesse de filósofos, juristas, sociológos, teológos psicólogos, antropólogos etc.
 
Taxa de suicídio no Brasil é baixa
Segundo psiquiatra, a maior parte dos casos ocorre entre pessoas com algum transtorno mental, como a depressão
A taxa de suicídio no Brasil é relativamente baixa na avaliação do médico psiquiatra da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, José Manoel Bertolote. “Menos de oito mortes por 100.000 habitantes por ano. Contudo, devido ao tamanho da população, há cerca de 10.000 casos de suicídio todos os anos no País.”

Bertolote, que é autor do livro “O Suicídio e sua Prevenção”,  explica que não há um comportamento padrão que defina se uma pessoa quer chamar a atenção ou realmente quer colocar fim à vida.

“Qualquer ameaça ou anúncio de intenção suicida deve ser levado muito a sério. Antes do desfecho, não há como saber qual resultará em morte e qual não. Atualmente, fala-se em comportamentos suicidas, entendendo-se por isso as tentativas de suicídio e os suicídios consumados. Assim, não há comportamentos que remetam ao suicídio; ele é o próprio comportamento.”

Para o professor, não há como mapear as pessoas que estão passando por comportamentos suicidas para removê-las da ideia. “O suicídio é um processo que tem início com ideias vagas de morte. Se cristalizam em ideias de suicídio, em seguida há uma etapa de planejamento (planos de suicídio), que pode passar a um ato suicida, que poderá resultar em morte (suicídio) ou não (tentativa).”

Na opinião dele, é possível identificar os fatores predisponentes e precipitantes de risco desses comportamentos suicidas. “Porém, nunca se pode ter certeza quando ocorrerá a passagem ao ato. Se pudermos interceptar esse processo o quanto antes, melhor. Estaremos em condição de poder revertê-lo, ou fazer sua prevenção.”

Bertolote ressalta que os principais fatores de risco predisponentes são alguns transtornos mentais. “No Ocidente, de onde provém a maior parte das pesquisas, mais de 95% das pessoas que cometeram suicídio eram portadoras de algum transtorno mental, dos quais os mais frequentes são a depressão, o alcoolismo, certos transtornos de personalidade e a esquizofrenia.”

Além desses, há outros fatores de risco precipitantes. “Em geral, tomados erroneamente pelos leigos como “a causa” do suicídio, dos quais os mais importantes são as perdas (reais ou simbólicas), de bens materiais, de afetos, de pessoas, do emprego, da honra etc. Finalmente, outro importante fator de risco é um “padrão cultural” que facilita o suicídio (como o dos kamikaze japoneses, ou dos homens-bomba).”
 
Busca por explicações
 
Quando alguém consegue seu intento e põe fim à vida, de três a 10 pessoas da família e amigos sofrem com o impacto, segundo o psiquiatra José Manoel Bertolote. A partir de então, esses familiares e amigos passam a buscar uma explicação.  

“O suicídio de um ente querido pode deixar marcas por toda a vida nos que ficam. De início, há uma busca desesperada por uma explicação, uma mistura de culpa (“onde foi que falhei?”) e de raiva (“por que fez isso comigo?”), que aos poucos é substituída por um sentimento de vazio e de falta da pessoa que se foi”, descreve.
 
Casos são mais comuns entre esquizofrênicos
 
A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica. Um dos principais sintomas são as alucinações e delírios. A pessoa ouve vozes que ninguém escuta e imagina estar sendo vítima de um complô diabólico, e não há bom senso que a convença do contrário. Antigamente, esses indivíduos eram colocados em sanatórios, porque pouco se sabia a respeito da doença.

Segundo o médico José Manoel Bertolote, o suicídio mais comum entre pessoas com esquizofrenia (sobretudo jovens) é o que ocorre logo após a alta de uma internação psiquiátrica ou a melhora de uma recaída, quando a pessoa percebe que esse padrão (de recaídas graves) é um perspectiva muito provável para o restante de sua vida.
 
26 suicídios/dia
 
De acordo com dados do Ministério da Saúde, nos primeiros meses de 2013 foram registrados 26 casos por dia de suicídio no Brasil. Nos últimos 25 anos, segundo dados da Datasus (banco de dados único de Saúde), o aumento no número de suicídios no País foi de 30%. Outro dado alarmante é que a quase totalidade dos suicídios ocorre na zona urbana.

O suicídio predomina entre as pessoas do sexo masculino, jovens e idosos por conta da depressão, uso indevido de álcool e a esquizofrenia - são fatores que determinam ou que influenciam a pessoa ao ato suicida.

Por outro lado, há os fatores de proteção, que até certo ponto, contrabalançam ou anulam os efeitos de fatores de risco. Entre os fatores de proteção, os mais importantes são vínculos afetivos e religiosidade, ressalta Bertolote.

Para ele, não há uma explicação única para a predominância do suicídio entre homens idosos, mas certamente a alta prevalência de depressão e o relativo isolamento social e afetivo (há mais viúvas - solidárias entre si - do que viúvos - solitários, no mais das vezes) têm um peso importante.

 “A presença de uma série de outras doenças físicas, em geral crônicas, incuráveis e/ou incapacitantes, como doenças cardíacas, neurológicas, neoplásicas ou dolorosas, agrava a situação dos idosos”, diz o psiquiatra.
 
Problema de saúde pública
Segundo a OMS, 90% dos casos podem ser evitados com rede de apoio
O suicídio é um problema de saúde pública, segundo o consultor da Organização Mundial da Saúde (OMS) José Manoel Bertolote. “Sobretudo, por ser uma forma de óbito, por ser muito frequente - cerca de 900.000 por ano, segundo a OMS -, mais do que todas as mortes devidas a guerras e homicídios em todo o mundo, e por ser previsível”, diz.

Para a OMS, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos, desde que existam condições mínimas para a oferta de ajuda voluntária ou profissional. O Centro de Valorização da Vida (CVV) é um grupo de voluntariado que oferece serviços gratuitos de prevenção ao suicídio.

De acordo com eles, pelo menos 25 pessoas tiram a própria vida diariamente no Brasil e pelo menos outras 50 tentam o suicídio. Por isso, o Ministério da Saúde considera o problema como de saúde pública. No site cvv.org.br há indicação das cidades, em todo o País, onde há atendimento e seus respectivos telefones. Para a entidade, chama a atenção o crescimento dos casos de suicídio entre jovens, ocupando a terceira causa de morte na faixa etária de 15 a 35 anos no Brasil.

Segundo Bertolote, nos países bálticos (Lituânia, Estônia e Letônia) e seus vizinhos, antigas repúblicas soviéticas (Rússia, Bielorrússia e Ucrânia), o número de suicídios é maior. “A presença de um ‘padrão cultural’ facilitador do suicídio e o altíssimo consumo de bebidas alcoólicas já foram identificados por diversos pesquisadores como fatores de peso para essas altas taxas.”

Mas como prevenir o suicídio? Esta é a pergunta que não se cala, especialmente para aqueles que já tiveram amigos ou parentes que colocaram fim à vida sem ao menos deixar uma justificativa, uma explicação para o ato extremo. Bertolote enfatiza que é difícil responder suscintamente a uma pergunta que pode ter muitas respostas. Ele diz que em sua  biblioteca tem diversos livros (alguns com cerca de mil páginas) exclusivamente sobre  a prevenção ao suicídio. “Entretanto, a Organização Mundial da Saúde preconiza quatro medidas básicas de prevenção do suicídio”.

A primeira delas é o tratamento adequado dos transtornos mentais, controle de substâncias tóxicas (pesticidas, medicamentos etc), controle de armas de fogo, comportamento adequado da mídia, evitando o sensacionalismo e a glorificação do suicídio.
 
 

domingo, 8 de dezembro de 2013

Suicídio Inconsciente

Suicídio Inconsciente - Instituto Chico Xavier - Richard Simonetti.

A cortina fúnebre, à porta, anuncia o velório. Sobre a mesa, em sala de regulares proporções, está a urna funerária em que um homem dorme seu último sono. Não terá mais de 45 anos…

Ao lado, a viúva, inconsolável, recebe condolências. Muitos repetem, à guisa de conforto, as clássicas palavras: “Chegou sua hora... Deus o levou!...”

Piedosa mentira! Aquele homem foi um suicida! Aniquilou-se, lentamente, fazendo uso desse terrível corrosivo que se chama irritação. Incapaz de sofrer impulsos violentos, eterno repetente nos exames de compreensão, favoreceu a evolução de distúrbios circulatórios, culminando com a trombose coronária fulminante que lhe abreviou os dias!
A máquina física possuía vitalidade para mais vinte anos, no mínimo. Duas décadas perdidas na Escola da Reencarnação! Regressa ao plano espiritual enquadrado no suicídio inconsciente, que lhe imporá longo período de perturbação e sofrimento nas regiões umbralinas.
Raros, segundo André Luiz, os que atingem a condição de completistas, isto é, que aproveitam, integralmente, experiências humanas, estagiando na carne pelo tempo que lhes fora concedido. E há muitas maneiras de auto aniquilar-se em prestações.
A atualidade terrestre é de pleno domínio das sensações, em que a criatura humana pretende, com a satisfação dos senti¬dos, compensar suas frustrações ou libertar-se da tensão, males próprios de uma sociedade que atinge culminâncias no campo material, mas permanece subdesenvolvida moralmente.
Sob a orientação da propaganda mercenária, multidões buscam a maneira mais agradável de minar as defesas orgânicas com álcool, cigarro, excessos à mesa. Muitos resvalam para as drogas, ante as perspectivas da tranquilidade artificial ou da euforia ilusória, sempre seguidos pelo inferno da dependência e comprometedores desajustes físicos.
E há os vícios mentais: hipocondríacos, que tanto imaginam enfermidades que acabam vitimados por elas; melancólicos, que recusam às células físicas o indispensável suprimento de energias psíquicas; maledicentes, que se envenenam com o mal que julgam identificar nos outros; rebeldes que rompem as próprias entranhas com os ácidos da inconformação e do pessimismo; apegados aos bens terrenos, que sobrecarregam o veículo carnal com preocupações injustificáveis...
Para que o Espírito reencarnado transite em segurança na Terra, movimentam-se, no plano espiritual, familiares, amigos, instrutores, médicos e enfermeiros que o amparam e protegem, orientam e socorrem em todas as circunstâncias.
No entanto, apesar de tantos cuidados, seus pupilos, com raras exceções, são expulsos do vaso físico, depois de o haverem destruído de fora para dentro, com a intemperança, e de dentro para fora, com a má direção que imprimem à vida mental.
Haverá sempre quem proclame que semelhantes observações estão impregnadas do ranço de puritanismo retrógrado, sem considerar que são inevitáveis conclusões a que não se pode furtar quem estima a lógica.
Se a roupagem carnal é concessão divina que nos permite abençoado aprendizado nas asperezas do mundo, por que não preservá-la, observando disciplinas que a própria Medicina demonstra serem indispensáveis à estabilidade orgânica?
Cercado por dezenas de visitantes, após a reunião mediúnica, na Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba, dizia Chico Xavier:
– Meus irmãos, quando eu psicografava o livro Nosso Lar, tive, muitas vezes, a visão de milhares de Espíritos que aguardavam, há longo tempo, a oportunidade de reencarnar, ansiosos pelo reajuste. Respeitemos o corpo que o Senhor nos concedeu, porque não será fácil uma nova oportunidade. Tenhamos cuidado com os enganos do mundo e, sobretudo, estimemos a serenidade. Se alguém nos der uma alfinetada, digamos: Obrigado por me espetar com um alfinete novo! Eu merecia um enferrujado!
A visão do querido médium é um convite a sérias reflexões, e a singela alegoria do alfinete consagra a Humildade. O homem verdadeiramente humilde, que conhece suas fragilidades e reconhece a grandeza de Deus, faz-se, espontaneamente, servo da compreensão e da tolerância, da simplicidade e da fraternidade, sobrepondo-se aos lamentáveis desvios que conduzem multidões desvairadas aos precipícios do suicídio inconsciente.

Fonte: http://www.institutochicoxavier.com/informativo/atualidades/1344-suicidio-inconsciente.html

domingo, 3 de novembro de 2013

A morte não é o fim


A Vida continua sempre, e lutar por ela vale a pena
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De vez em quando, surge alguém a falar sobre o suicídio, como se ele fosse uma glória, a do desaparecimento das dores e das perturbações da vida.

No entanto, isso é um grande engano, no qual ninguém deve precipitar-se, porquanto todo aquele que procurar no fim da existência humana o esquecimento de tudo encontrará o supremo despertar da inteligência flagrada em delito, porque, buscando o fim, achará vida e suas cobranças a respeito do que o suicida terá feito com ela.

A morte não é o término da existência humana. Como dizia o saudoso Proclamador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, Alziro Zarur (1914-1979), “ela não existe em nenhum ponto do Universo”.

Realmente, porque nem o cadáver está morto. Ao desfazer-se, libera bilhões de formas minúsculas que vão gerar outras maneiras de existir.

Você não acredita? Tem todo o direito. Mas se for verídico?! Premie-se, minha amiga, meu amigo, com o direito à dúvida, base do discurso científico, que, na perquirição incessante, continua rasgando estradas novas para a Humanidade.

Pense no fato de que, se o que afirmamos aqui for realidade, Você encontrar-se-á, após um pseudoato libertário (o suicídio), terrivelmente agrilhoado (ou agrilhoada). Achar-se-á em uma situação para a qual, de jeito algum, estava preparado, ou preparada. Para quem apelar se, de início, afastou de si todos os entes queridos e alegrias que teimava em não ver?! Naquele momento, tardiamente, gostaria de voltar a enxergá-los. E, somente à custa de muitas orações, que Você, talvez, jamais, ou raras vezes, tenha proferido na Terra, perceberá, num gesto de humildade, uma luz que se lhe acendam nas trevas. Apenas desse modo poderá reencetar, depois de muitas dores, cobradas por seu próprio Espírito, uma caminhada que se terá tornado mais áspera.

Como se diz aqui, na Religião Divina, “o suicídio não resolve as angústias de ninguém”; portanto, nem as suas.

Meu Irmão, minha Irmã, a Vida continua sempre, e lutar por ela vale a pena. Por pior que seja a escuridão da noite, o Sol nascerá, trazendo claridade aos corações.

Ainda mais, se passarmos os olhos pelo redor do nosso dia a dia, veremos que existem aqueles, seres humanos e até mesmo animais, em situação mais dolorosa, precisando que lhes seja estendida mão amiga. Não devemos perder a oportunidade de ajudar. Àquele que auxilia não faltará nunca o amparo bendito que lhe possa curar as feridas.

Viver é melhor.

JOSÉ DE PAIVA NETTO é jornalista, radialista e escritor.

sábado, 19 de outubro de 2013

Mais de 90% dos casos de suicídios estão associados a doenças mentais

Mais de 90% dos casos de suicídios estão associados a doenças mentais


Cláudia Collucci

Véspera do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, esta segunda-feira nos trouxe duas notícias chocantes: as mortes do músico Champignon, 35, da banda Charlie Brown Jr. e de um casal e dois filhos de 2 e 7 anos em Cotia.

A suspeita da polícia é que Champignon tenha se matado, logo após chegar em casa com a mulher, grávida de cinco meses. O cabeleireiro Claudinei Pedrotti Júnior, 39, teria matado a mulher e os dois filhos e depois se suicidado.

Não quero me repetir, já que na coluna da semana passada tratei sobre o tema suicídio, mas simplesmente não dá para encarar esses dois fatos como meros casos de polícia, que logo serão arquivados porque não há nada mais a fazer.

O assunto exige muito cuidado, principalmente da imprensa. Há vários registros mostrando que, dependendo do foco dado a uma reportagem sobre o tema, pode haver aumento no número de casos de suicídio.

Mas um bom jornalismo pode também ajudar a pessoas que se encontram sob risco de se matar, ou mesmo àquelas enlutadas pela perda de um ente querido que decidiu morrer. E mais: pode levar a discussão para a seara das políticas públicas de saúde, que muito têm a ver com isso.

Independentemente das motivações que levam ao suicídio, existe um fator que liga a vasta maioria dos casos: as doenças mentais.

Uma revisão de 31 artigos científicos publicados entre 1959 e 2001, englobando 15.629 suicídios na população em geral, demonstrou que em mais de 90% dos casos caberia um diagnóstico de transtorno mental à época da morte.

Os transtornos mentais mais associados ao suicídio são: depressão, transtorno do humor bipolar, dependência de álcool e de outras drogas psicoativas. Esquizofrenia e certas características de personalidade também são importantes fatores de risco.

A situação e risco é agravada quando mais do que uma dessas condições combinam-se, como, por exemplo, depressão e alcoolismo; ou ainda, a coexistência de depressão, ansiedade e agitação.

Infelizmente, muitas vezes os transtornos mentais não são detectados ou não são adequadamente tratados. O país ainda dá pouca atenção para essa área. Entra governo e sai governo, as políticas públicas para a saúde mental são pífias.

Em 2006, o Ministério da Saúde publicou uma portaria com as diretrizes do que seria um programa nacional de prevenção ao suicídio. Entre as medidas estavam previstas campanhas para informar e sensibilizar a sociedade de que o suicídio é um problema de saúde pública que pode ser prevenido; organização da rede de atenção e intervenções nos casos de tentativas de suicídio; educação permanente dos profissionais de saúde da atenção básica, inclusive do Programa Saúde da Família, dos serviços de saúde mental, das unidades de urgência e emergência.

Um pote de doce de leite de Viçosa para quem adivinhar o que aconteceu com essa portaria sete anos depois? Não saiu do papel, é claro. É ótimo informar a população sobre como reconhecer uma doença mental, derrubar preconceitos (doença mental não é sinônimo de loucura, todos nós estamos sujeitos a enfrentá-la em algum momento da vida), falar quais os tratamentos disponíveis, sua efetividade etc. Agora, onde procurar apoio emocional e tratamento psiquiátrico para depressão e outros transtornos que aumentam a cada dia?

O CVV ajuda e muito, mas não faz milagres. Há casos que precisam de intervenções com medicamentos e terapias comportamentais. Alguém sabe me dizer aí onde tem um serviço público de saúde mental com vagas disponíveis, que ofereça sessões de terapia, antidepressivos, essas coisas que a gente lança mão quando o caldo entorna?
Nesses momentos de tristeza e espanto coletivo, é também uma ótima oportunidade para cobrar quem deveria estar cuidando da saúde coletiva, especialmente da saúde mental dos brasileiros.

Cláudia Collucci é repórter especial da Folha, especializada na área da saúde. Mestre em história da ciência pela PUC-SP e pós graduanda em gestão de saúde pela FGV-SP, foi bolsista da University of Michigan (2010) e da Georgetown University (2011), onde pesquisou sobre conflitos de interesse e o impacto das novas tecnologias em saúde. É autora dos livros "Quero ser mãe" e "Por que a gravidez não vem?" e coautora de "Experimentos e Experimentações". Escreve às quartas, no site.

Notícia publicada na Folha de S. Paulo, em 9 de setembro de 2013.


Raphael Vivacqua Carneiro* comenta

Além dos fatores ambientais, estudos indicam que existem fatores genéticos que aumentam a suscetibilidade das pessoas a certos transtornos mentais, como a depressão, o alcoolismo e a drogadição. Tais transtornos, por sua vez, estão fortemente relacionados à ocorrência de casos de suicídio.

A disfunção bioquímica do cérebro é tratável pela moderna Medicina. A psicoterapia é outro importante recurso usado na prevenção das causas que levam as pessoas a se matarem. Aliada à ciência médica e psicológica, a terapia espírita também contribui muito para a diminuição dos casos de suicídio.

A falta de fé, de noções de espiritualidade, de conhecimento dos princípios que regem a vida terrena e além-túmulo, leva o indivíduo ao desgosto da vida e à incapacidade de lidar construtivamente com as adversidades. A Doutrina Espírita, sendo devidamente compreendida e assimilada, induz o homem a suportar as dificuldades da vida com mais paciência e resignação, e a reunir forças para trabalhar visando à felicidade mais sólida e durável no futuro que o aguarda.

Não se pode censurar aquele que comete suicídio movido por um estado de insanidade, privado de lucidez. Diferentemente, o suicídio voluntário representa uma transgressão à lei natural. A vida encarnada é caracterizada pelas oportunidades de reajuste com a lei divina e de crescimento espiritual, seja pelo aprendizado de novas virtudes, seja pela eliminação gradual dos vícios da alma. Sendo uma dádiva de Deus, somente Ele tem o direito de dispor da vida humana.

Aquele que decide abreviar a própria existência, com a pretensão de fugir às desgraças e decepções deste mundo, não entende que a sua prova consiste justamente em vencer tais tribulações, e que Deus não coloca fardos pesados em ombros frágeis. Deus recompensa os que sofrem sem se queixar, como ensinava o Mestre Jesus em seu famoso sermão do monte: “Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados.”

Conforme narram os espíritos, as consequências do suicídio são muito diversas; variam caso a caso, conforme a responsabilidade pelas causas que o produziram. Há, porém, uma consequência comum a todos os suicidas: o desapontamento. Ignorando a realidade da vida espiritual, imaginavam que o fim da vida corporal representaria o fim de tudo: das angústias, da vergonha, dos pensamentos torturantes; enfim, a eliminação da própria essência do ser. O conhecimento espírita evitaria a desilusão pela qual passam os suicidas ao constatar que a vida não cessa; ela apenas transita do mundo corporal para o espiritual. A individualidade é imortal e carrega consigo todas as suas vivências e sentimentos.

A terapia espírita aplicada aos encarnados reforça as reflexões sobre as questões fundamentais do ser: de onde viemos, para onde vamos, qual o sentido da vida. Viemos de uma fieira de existências, pelas quais forjamos o nosso caráter, adquirindo conhecimento e qualidades, ao mesmo tempo em que cometemos erros e acertos. Nosso destino é a bem-aventurança, obrando eternamente em comunhão com o Criador, num estado de felicidade plena. Entre o momento presente e esse futuro de plenitude, haverá uma nova fieira de existências, visando a superação de nossas deficiências morais e a assimilação de sabedoria. Nisto consiste o sentido da vida – a atual e todas as demais.

Tanto os fatores genéticos que predispõem o homem aos transtornos mentais, como também os fatores ambientais, devem ser considerados como uma conjuntura provacional do ser, e não como algo fatal e fator determinante para o desfecho de sua existência. O planejamento divino visa sempre o nosso bem. Abreviar a duração planejada para nossa existência não é uma sábia decisão. Façamos a nossa parte, utilizando a mensagem espírita como instrumento para dissipar as sombras que envolvem os corações torturados. Certamente muitos suicídios já foram evitados – e ainda serão – devido a essa luminosa intercessão.

* Raphael Vivacqua Carneiro é engenheiro e mestre em informática. É palestrante espírita e dirigente de grupo mediúnico em Vitória, Espírito Santo. É um dos fundadores do Espiritismo.net.

domingo, 13 de outubro de 2013

O SUICÍDIO VISTO PELA DOUTRINA ESPÍRITA


Tema bastante delicado raramente abordado nas Casas Espíritas, porém, de uma necessidade bastante grande, uma vez que em várias oportunidades, lá são encontradas pessoas que são afligidas por esses pensamentos.

Dentro de nossa Doutrina, existe um livro, que pode ser considerado como base para todos os conceitos sobre o assunto, Memórias de Um Suicida, da Sra. Yvonne A. Pereira, pelo espírito Camilo Cândido Botelho, pseudônimo adotado por Camilo Castelo Branco (1825-1890), escritor português que suicidou-se depois de ter conhecimento de sua cegueira eminente.

Nessa obra nos é contada toda a trajetória de um grupo de suicidas, desde sua passagem pelo “vale dos suicidas”, sua remoção que é feita por um grupo chamado “Servos de Maria”, até seu encaminhamento aos hospitais do plano espiritual e finalmente as possibilidades de seu retorno, encarnando, na grande maioria dos casos com falhas em seu corpo carnal, até o completo reestabelecimento de seu perispírito.

Conta-nos a Doutrina, que aqueles que cometem suicídio através de envenenamento, na sua grande maioria quando reencarnados apresentam problemas valvulares, problemas no aparelho digestivo, doenças de sangue, disfunções da glândulas, etc. Outros que incendiaram a própria carne renascem com problemas na pele ou doença de chagas. Por outro lado, aqueles que se asfixiam, seja nas águas, seja com gás, voltam sofrendo sérios problemas  nas vias respiratórias, como o caso das enfisemas e dos cistos pulmonares. Os que se enforcam voltam apresentando distúrbios do sistema nervoso como as neoplasias (tumores), paralisia cerebral infantil. Aqueles que atingem a própria cabeça, reencarnam com sérios problemas de cretinismo. Finalmente aqueles que se atiram das alturas, com distrofias musculares e osteíte generalizada (inflamação dos  tecidos ósseos).

Os suicídios ocorrem em todos os lugares do mundo, porém no leste europeu, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, OMS, é onde tem ocorrido os maiores índices.

A Lituânia, lidera as estatísticas com o índice de 41,9 suicídios por 100 mil habitantes, seguem-se Estônia com 40,1, Rússia com 37,6; Letônia, 33,9; Hungria, 32,9, sempre considerando-se o número por 100 mil habitantes.

Outros países também mostram números elevados, como exemplo o Japão, que recentemente reduziu a quantidade de suicidas com base em uma campanha bastante forte, o número que era 34,5 foi reduzido para 24,1 suicídios por 100 mil habitantes, nos Estados Unidos esse número baixa para 10,4 enquanto no Brasil, cujo índice subiu na última década, hoje está em 4,9, também pelo mesmo número de habitantes.

No nosso pais a faixa etária onde ocorre a maior incidência de suicídio é aquela que vai de 16 a 25 anos

Todo suicida procura com esse ato, a fuga, o fim, porém, depois do ato praticado ele percebe que o “fim” não existe, ele continua vivendo em espírito, tendo que assumir todas as consequências de seu ato, advindo daí uma frustração muito grande e tendo que enfrentar todos os problemas causados pois com certeza, todos os seus  problemas serão potencializados.

Para finalizar esclarecemos, desta feita com satisfação, que dentre as pessoas que conhecem e seguem a doutrina codificada por Allan Kardec, o índice de suicídios é “zero %”.


Texto -  Cassio – Agosto/2013

Doenças mentais ‘levam 650 mil ao suicídio por ano

Pelo menos 650 mil portadores de doenças mentais, mais de 80% deles nos países em desenvolvimento, cometem suicídio a cada ano, alerta nesta terça-feira um artigo publicado na revista científica The Lancet.
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“Grande parte” desse contingente se deve à falta de tratamento adequado e à marginalização que ainda hoje afeta os que sofrem com esse tipo de transtorno, afirmou à BBC Brasil um dos autores do artigo.
Os números constam de uma série de artigos publicados pela Lancet em colaboração com o Instituto de Psiquiatria do King’s College de Londres e a London School of Hygiene and Tropical Medicine.
Chamando atenção para a necessidade de se debater a saúde mental no mundo, um dos artigos destaca que os problemas mentais respondem por entre 80% e 90% de todos os 800 mil suicídios registrados anualmente no planeta.
“Mas é preciso dizer que esta estatística subestima o número de real de pessoas que cometem suicídio”, explicou à BBC o professor Vikram Patel, professor da London School of Hygiene e um dos autores do estudo.
“Em muitos lugares, o suicídio é fortemente estigmatizado, até mesmo criminalizado. Na Índia, há evidências de que o número real de suicídios é quatro vezes maior que o reportado.”
Prioridade
Um dos artigos afirma que o Brasil avançou no tratamento de doenças mentais. Ainda assim, os cientistas destacam que nas grandes cidades brasileiras muitos doentes são vistos mendigando em esquinas e dormindo sob pontes e viadutos.
Por falta de recursos ou por estigma social, nove entre dez pessoas que sofrem de problemas mentais deixam de receber tratamento adequado em alguns países emergentes, alerta a revista.
Na Zâmbia, por exemplo, muitos temem procurar tratamento diante da possibilidade de serem confundidos com “vítimas de bruxaria” ou como se estivessem “possuídos por demônios”.
Estima-se que doenças mentais, como esquizofrenia, depressão, transtornos obsessivo-compulsivos e ansiedade, representam 14% das doenças do mundo, mais que o câncer ou as doenças cardíacas.
Entretando, criticou a Lancet, a saúde mental “permanece uma prioridade secundária na maioria dos países de renda média e baixa”.
Já os países desenvolvidos, acrescentou a revista, “priorizam doenças que causam morte prematura (como câncer e doenças do coração).”
“Tem havido uma falha crítica de liderança entre países, agências, financiadores e profissionais médicos, e essa falha tem continuado a estigmatizar a saúde mental e aqueles com problemas de saúde mental”, disse o editor da Lancet, Richard Horton, durante o lançamento da série em Londres.
“Esse relatório que estamos publicando tem o objetivo de desenhar uma linha entre a era de negligência e o que acreditamos ser um novo movimento político, social e científico para tornar as doenças mentais um interesse vital para o futuro.”
Informações parciais. Confira o texto na íntegra, acessando o site: http://www.bbc.co.uk/

sábado, 21 de setembro de 2013

As Tristes Consequências do Suicídio

As Tristes Consequências do Suicídio


Volta e meia aparece na mídia alguma reportagem sobre o suicídio, suas causas, consequências, repercussões sociais... Especialistas tecem conjecturas sobre o que leva as pessoas a se suicidarem e o que as impede, e assim vai.

Triste que poucas vezes vejamos os ensinamentos espíritas serem trazidos à tona nessas ocasiões. Desde a Codificação, ou seja, há mais de 150 anos, o Espiritismo nos traz boas respostas sobre causas e consequências do suicídio, valendo-se de métodos que a Ciência tradicional jamais admitiria, como ouvir os próprios suicidas, do lado de lá, a nos revelarem a sua situação "post mortem".

Livro dos Espíritos discorre amplamente sobre o suicídio na visão espírita. Vejamos alguns dos pontos mais relevantes:
944 O homem tem o direito de dispor de sua própria vida?
– Não, apenas Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão dessa lei.

946 O que pensar do suicida que tem por objetivo escapar das misérias e decepções deste mundo?
– Pobres Espíritos, que não têm coragem de suportar as misérias da existência! Deus ajuda aqueles que sofrem, e não aos que não têm força nem coragem. As aflições da vida são provas ou expiações; felizes aqueles que as suportam sem queixas, porque serão recompensados! [...]

950 O que pensar daquele que tira a própria vida na esperança de atingir mais cedo uma vida melhor?
– Outra loucura! Se fizer o bem a atingirá mais cedo. Pelo suicídio retarda sua entrada num mundo melhor, e ele mesmo pedirá para vir terminar essa vida que encurtou por uma falsa idéia. Um erro, seja qual for, nunca abre o santuário dos eleitos.

Livro dos Espíritos, assim, deixa claro que o suicídio nunca é a saída para nenhum tipo de problema. Não resolve nenhuma situação, não afasta nenhum mal. Pelo contrário: sempre piora a situação que o suicida visava resolver por meio do suicídio.

Se pretendia fugir ao sofrimento, se verá com as mesmas antigas dores, no mundo espiritual, e outras mais ainda, aquelas causadas pelo suicídio. Seu sofrimento aumenta ao ver que não pôde pôr fim à sua existência, constatando que terá que continuar sofrendo, e agora com mais severidade, pois cometeu outra grande falta.

Se pretendia reencontrar um ente querido, demorará mais ainda a vê-lo, ficando necessariamente afastado deste ente no plano espiritual. Isto lhe será imposto como castigo, por ter antecipado a própria morte, mostrando desprezo pelo bem sublime que lhe fora dado por Deus, a vida corpórea, meio necessário a tantos aprendizados e tarefas da maior importância.

Temos vários exemplos como esse, contados pelos próprios suicidas, por meio de médiuns, no belíssimo livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec.

Além disso, o Evangelho Segundo o Espiritismo também nos adverte contra as nefastas consequências para os suicidas:
Capítulo 5 - BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS

"O Suicídio e a Loucura"
17 
Para contrapor-se à idéia do suicídio, o espírita tem vários motivos: a certeza de uma vida futura, na qual ele sabe que será muito mais feliz quanto mais confiante e resignado tenha sido na Terra; a certeza de que, ao encurtar sua vida, alcançará um resultado completamente oposto daquele que esperava, porque liberta-se de um mal para entrar num outro pior, mais longo e mais terrível; que se engana ao acreditar que, por se matar, chegará mais rápido ao Céu, e, além de tudo, o suicídio também é um obstáculo para que ele se reúna às pessoas de sua afeição, que esperava reencontrar no outro mundo. Daí a conseqüência de que o suicídio, dando-lhe apenas decepções, está contra os seus interesses.

A reprovação do suicídio decorre de sua essência mesmo. Trata-se de um ato que põe fim antecipado a uma existência que, como todas as outras, estava destinada a provações e expiações, a crescimento e aprendizado, a tentar, errar, aprender, ajudar ao próximo e a si mesmo... Daí a sua essência infeliz.

Mas não percamos as esperanças e a fé nunca! Nem tudo está perdido, jamais, nem mesmo para os suicidas, graças a Deus!

Nosso Pai Celestial, fonte infinita da mais pura Bondade e Amor, sempre dará novas oportunidades aos irmãos suicidas, facilitando a depuração do seu ser, sua evolução e melhoria dos seus sentimentos e da sua fé.

Assim é que a todos sempre se dará nova chance, a seu tempo! O tempo pode ser mais ou menos longo; a jornada até lá, pode ser mais ou menos difícil; mas todos, invariavelmente todos mesmo, conseguirão erguer seus espíritos à categoria de pureza e bondade sublime a que todos aspiramos.

Seja você parente, amigo ou colega de um suicida, ou seja você alguém que um dia já pensou ou pensa em tirar a própria vida, não desanime e não perca sua fé jamais! Confie em Deus, ore sempre, ore com o seu coração, e Ele sempre lhe dará, imediatamente, o amparo e a luz de que você precisar.

Ore livremente, com o seu coração e com suas próprias palavras. O seu sentimento verdadeiro é sempre o mais importante! Se precisar, no entanto, de ajuda para a sua oração, sugiro a prece 72 do Evangelho Segundo o Espiritismo:
Prece Por um suicida

Sabemos, Senhor, meu Deus, o destino reservado àqueles que violam vossas leis ao encurtar voluntariamente seus dias; mas sabemos também que vossa misericórdia é infinita: dignai-vos estendê-la sobre a alma de ... Possam nossas preces e vossa piedade suavizar a amargura dos sofrimentos que suporta por não ter tido a coragem de esperar o fim de suas provas!

Bons Espíritos, cuja missão é ajudar aos infelizes, tomai-o sob vossa proteção, inspirai-lhe o arrependimento por sua falta, e que vossa assistência lhe dê a força para suportar com mais resignação as novas provas que terá de passar para repará-la. Afastai dele os maus Espíritos que poderiam levá-lo novamente para o mal e prolongar seus sofrimentos, fazendo-o perder o fruto de suas futuras provas.

Vós, cuja infelicidade é o motivo das nossas preces, que possa nossa compaixão suavizar a amargura e fazer nascer em vós a esperança de um futuro melhor! Esse futuro está em vossas mãos; confiai-vos à bondade de Deus, cujos braços sempre estão abertos a todos os arrependimentos, e só permanecem fechados aos corações endurecidos.

domingo, 15 de setembro de 2013

Suicídio - uma abordagem espiritual

Suicídio - uma abordagem espiritual

Muitas pessoas limitam seus interesses à matéria, às paixões e aos vícios. Sendo assim, o mundo delas se reduz às coisas passageiras, esquecendo-se da eternidade que é a alma. Suas preocupações se tornam uma obsessão; as pessoas ao seu redor muitas vezes não notam seus problemas, pois o indivíduo sabe camuflar de tal forma que quando o suicídio acontece é surpresa para todos.
Sabemos das dificuldades que cada um enfrenta no dia-a-dia. Cada um, realmente, carrega a sua cruz. Neste processo evolutivo as dificuldades enfrentadas são as mesmas, o que difere é que para uns pode ser menos penoso, devido a sua forma de ver os acontecimentos, ou seja, a evolução individual é algo primordial para que possamos ter um melhor entendimento da vida.
Atualmente, cerca de um milhão de pessoas cometem suicídio todos os anos, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. Entre os países desenvolvidos, o Japão ocupa o primeiro lugar, e há tempos atrás ficou conhecido como o “Reino dos Suicídios”. Neste país, está se tornando comum a prática do suicídio coletivo. Em 2003, o Japão registrou 34 suicídios cometidos em duplas ou grupos por pessoas que se conheceram pela internet e faziam pactos. Também neste mesmo ano, foram registrados 34.427 suicídios no Japão, 7,1% a mais que em 2002. Está se tornando uma coisa tão comum que todos os anos diversos escritores lançam livros sobre este assunto. O livro Manual Completo do Suicídio, de Wataru Tsurumi, teve sua primeira edição lançada em 4 de julho de 1993, e se tornou um best-seller, pois descrevia inúmeras formas de suicídio, com ranking de facilidade, dor e dicas estratégicas.
Suicídio coletivo
O suicídio coletivo é uma prática antiga. Ficou conhecida devido às seitas que pregavam uma filosofia que chegava a psicotizar o indivíduo. Extraí de um site que fala um pouco da história das seitas, alguns dos suicídios coletivos mais famosos:
1978 – Vocês se lembram de Jim Jones? Era um líder fanático que se intitulava “pastor do Templo do Povo”. Possuía guarda-costas chamados de “anjos”e levou aproximadamente 900 pessoas ao suicídio na Guiana.
1985 – Na ilha de Mindanao, nas Filipinas, sessenta integrantes da tribo Ata são encontrados mortos em conseqüência de um envenenamento ordenado pelo “guru” Datu Mangayanon.
1987 – Em Yongin, arredores da capital Seul (Coréia do Sul), trinta e dois discípulos da sacerdotisa Park Soon-Ja foram encontrados com a garganta destroçada. Uma autópsia revelou que eles beberam um veneno muito potente.
1993 – Cinquenta e três habitantes de um bairro de Ta He, 300 quilômetros a noroeste de Hanói, se suicidaram com armas de fogo para “chegar ao paraíso” prometido pelo chefe Ca Van Liem. Entre as vítimas estavam dezenove crianças.
1994 – Cinqüenta e três membros da seita “Ordem do Templo Solar” cometeram, igualmente, suicídio coletivo. A seita parecia praticar um tipo de culto solar. A morte dos membros parecia fazer parte de um ritual que levaria os indivíduos da seita para um outro planeta-estrela chamado “Sirius”. Para apressar a viagem, várias das vítimas, incluindo algumas crianças, foram mortas com disparos na cabeça ou asfixiadas com bolsas plásticas pretas ou envenenadas. Dois membros da seita, antes de morrer, deixaram escrito que eles estavam “deixando esta terra para encontrar uma nova dimensão de verdade e absolvição, longe da hipocrisia deste mundo”.
1997 – A seita americana “Porta do Céu”, Heaven’s Gate, fundada nos EUA em 1972 por Marshall Applewhite e Bonnie Lu Trousdale Nettles, cometeu suicídio coletivo. O saldo de mortos foi de trinta e nove pessoas. Homens de 26 a 72 anos, da classe média e alta, ingeriram comprimidos de fenobarbital acompanhado por forte dose de vodka, esperando irem embora da terra na cauda do cometa Halley.
1998 – No dia 05 de outubro de 1998, seis membros da seita conhecida como Igreja Youngsang (Vida Eterna), uma das muitas seitas apocalípticas da Coréia do Sul, e seu líder, Jong-min, 57 anos, foram encontrados queimados mortos em uma mini-van após um ritual religioso. A polícia coreana disse que o líder deixou sua casa em Seul, em julho, com seis seguidores, dizendo que eles estavam embarcando em uma viagem eterna.
2000 – Cerca de oitocentas pessoas que estavam envolvidas com a seita “Movimento Pela Restauração dos Dez Mandamentos” morreram carbonizadas na sede da seita, em Uganda, na África. Antes de cometerem o suicídio coletivo, o líder da seita os incentivou a abandonarem seus bens, pois iriam se encontrar com a Virgem Maria. Pelo jeito, o único mandamento que a seita não quis restaurar foi o “Não matarás”.
A timidez e o suicídio
O psicólogo Antonio Carlos Alves de Araújo publicou um estudo sobre as pessoas que praticam o suicídio, fazendo um paralelo com a timidez: “Obviamente, a problemática é mundial; vide o episódio no Japão sobre o suicídio coletivo dos hikikomoris (tímidos ou reclusos). Neste caso específico, a timidez caminhou para o suicídio, devido às pressões de uma determinada cultura que talvez não preste a atenção devida ao relacionamento humano, mas tão somente ao desempenho profissional e competição, embora não seja um aspecto encontrado apenas no Japão. (...) O tímido teme a situação de prova a todo o momento; quando se retira do contato cria uma ficção de vitória por não ter que passar por determinado apuro, mesmo que isto lhe custe um prazer futuro. (...) O tímido, na verdade, comete uma espécie de “estelionato social”; sua lei é retirar, sendo que os aspectos de egoísmo estão totalmente presentes. (...) O último estágio do processo da timidez é a depressão profunda ou o transtorno do pânico e até o suicídio, quando a pessoa não consegue mais nenhum tipo de satisfação devido a sua conduta masturbatória perante a vida. (...) O suicídio e timidez têm como temática básica a questão de como enfrentar a profunda solidão. O primeiro não enxerga nenhuma alternativa para resolver o dilema; o segundo se acostumou e desfruta da mesma”.
Alguns julgam a prática do suicídio um ato corajoso, outros, um ato covarde. A realidade é que  é um ato penoso para quem pratica, pois seus problemas estarão apenas começando,  após esta fuga da matéria. Ninguém queira conhecer o “Vale dos Suicidas”, ou melhor, deveriam ter pelo menos uma visão deste lugar para que tenham consciência de que se o inferno existe, ali é o lugar.
Um dos maiores escritores de Portugal, Camilo Castelo Branco, se suicidou aos 65 anos com um tiro no ouvido, quando foi acometido por uma cegueira, devido a uma doença nos olhos. Alguns anos mais tarde, por meio da médium Yvonne Pereira, escreveu Memórias de um Suicida, no qual descreveu com riqueza de detalhes a situação dos que suicidam e sua permanência no Vale dos Suicidas. Em determinado momento, ele fala sobre entidades perversas que escravizam criaturas nas condições amargurosas em que se via. Aprisionado, juntamente com outros suicidas, foram obrigados a fazer uma caminhada “penosamente, por um vale profundo, onde nos vimos obrigados a enfileirar-nos de dois a dois, enquanto faziam idênticas manobras os nossos vigilantes. Cavernas surgiram de um lado e outro das ruas que se diriam antes estreitas gargantas entre montanhas abruptas e sombrias, e todas numeradas. Tratava-se, certamente, de uma estranha “povoação”, uma “cidade” em que as habitações seriam cavernas, dada a miséria de seus habitantes, os quais não possuiriam cabedais suficientes para torná-las agradáveis e facilmente habitáveis (...) Não se distinguiria terreno, senão pedras, lamaçais ou pântanos, sombras, aguaceiros... Sob os ardores da febre excitante da minha desgraça, cheguei a pensar que, se tal região não fosse um pequeno recôncavo da Lua, existiriam por lá, certamente, locais muito semelhantes”.
Dessa forma, imaginem um grupo de suicidas chegando do “outro lado”, tomando ciência de que a vida continua, apesar da promessa de “paraíso” feita por “religioso” ou através de um pacto mal planejado pela Internet, onde a realidade não corresponde com a ilusão dos suicidas que terão que responder por estes atos. A frustração ao chegar do outro lado faz com que os suicidas se arrependam ardentemente, porém, é tarde demais.
Orientações espíritas
Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, lê-se que “as conseqüências do suicídio são muito diversas: não há penas fixadas e, em todos os casos, são sempre relativas às causas que o provocaram. Mas uma conseqüência à qual o suicida não pode fugir é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos: depende das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros em uma nova existência que será pior que aquela da qual interromperam o curso”.
Entrevistei Richard Simonetti, um dos mais conceituados escritores espíritas. Perguntei: Quando uma determinada “religião” ou “líder religioso” levam seus seguidores ao suicídio coletivo, quem terá maior dosagem de culpa? Qual o grau de responsabilidade do líder religioso e do seu seguidor? Ele respondeu que “a responsabilidade maior será do líder, que terá, inclusive, o compromisso de ajudar seus seguidores a se recomporem”.
Indaguei novamente: “Caso o seguidor desta seita foi induzido ao suicídio, mesmo assim ele responderá por este ato praticado contra si próprio? Ele informou que “sim, porque não foi obrigado a matar-se, simplesmente rendeu-se às sugestões recebidas”.
Sendo assim, temos consciência de que tanto pela iniciativa, quanto pela indução, iremos responder pelos nossos atos, afinal, temos o livre-arbítrio para tomar as decisões que achamos cabíveis naquele momento, muitas vezes, sem ter a noção exata das conseqüências futuras.
Quando se deseja algo, seja bom ou ruim, temos ao nosso lado espíritos que irão captar as imagens em nossa mente e poderão, dessa forma, criar condições para que o nosso objetivo se concretize. Em se tratando de suicídio, obsessores irão envolver sua presa para que esta pratique este ato. No suicídio coletivo, uma legião de obsessores poderá estar pronta a “encaminhar” para as zonas sombrias seus desafetos do passado ou apenas indivíduos com a mesma afinidade de pensamentos e propósitos.
Independente do país, o suicídio coletivo é uma realidade. As autoridades devem tomar consciência da seriedade deste assunto e um estudo mais profundo deve ser elaborado para tentar evitar tal atrocidade. Aos candidatos ao suicídio coletivo, reflitam muito bem antes. Procurem ajuda, seja com amigos, parentes ou uma determinada religião que trabalhe o emocional da pessoa, mostrando uma visão global e cristã da vida. Nos centros espíritas, pode-se obter ajuda através de palestras educativas e esclarecedoras, passe, tratamento da desobsessão, água fluidificada, leituras edificantes e o culto do evangelho no lar.
Não se deixe levar pelas ilusões de um mundo melhor pós-suicídio, afinal a porta falsa do suicídio é uma armadilha para um caminho de muitos sofrimentos.
É nossa obrigação acolher com carinho as pessoas que sabemos ter tendência suicida. Devemos estar atentos, para que elas não cometam esta atrocidade contra si mesmas. Muitas vezes, o medo faz com que procurem outras pessoas com o mesmo intuito suicida, se encorajando, acabam praticando o suicídio coletivo.
Escrito por Marco Tulio Michalick
Revista Cristã de Espiritismo nº 43

http://www.dihitt.com/barra/suicidio--uma-abordagem-espiritual-1

Brasil tem 25 suicídios por dia

A morte do músico Luiz Carlos Leão Duarte Junior, o Champignon, baixista da banda Charlie Brown Jr., na madrugada desta segunda-feira (9) levanta a polêmica sobre o tema suicídio. Segundo último levantamento do Datasus, bando de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), em 2010, foram 9.448 óbitos por suicídio no País, número 95% superior em relação à pesquisa feita em 1990.


Na pesquisa do Datasus, os homens lideram o índice de óbitos por suicídio, independente da faixa etária. No entanto, os brasileiros na faixa de 30 a 39 anos de idade dispararam de 795 casos em 1990 para 1.607 em 2010. Já a quantidade de suicídios entre mulheres na mesma faixa etária foi bem menor em 20 anos: de 242 casos em 1990 para 389 em 2010.


Outra faixa etária que chama atenção na pesquisa é a de adolescentes, entre 15 e 19 anos. O levantamento do SUS apontou aumento de 60% de aumento no período, com 605 vítimas em 2010.


Para o CVV (Centro de Valorização da Vida), é preciso derrubar tabus e destacar a importância de falar sobre o assunto que envolve, em média, 25 brasileiros vítimas de suicídio por dia. Com essa premissa, a instituição promoveu nesta terça-feira (10), o 2º Seminário de Prevenção do Suicídio, exatamente no Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.


Realizado no Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação (Cecape) "Dra.Zilda Arns", de São Caetano, o encontro aberto ao público contou com a participação de importantes agentes no trato do suicídio, que contribuíram com informações para a população ajudar a reduzir o número de casos no Brasil.

Sinais
Carlos Correia, voluntário do CVV, conta que todas as pessoas que pensam em suicídio transmitem sinais. "Eles podem ser percebidos por quem está em volta e, com o acolhimento, o sentimento negativo é superado e o tratamento direcionado", apontou o voluntário do CVV, que oferece trabalho de apoio emocional gratuito por telefone, chat ou pessoalmente a qualquer cidadão.


Flávia Ismael, coordenadora do Pronto-Socorro Psiquiátrico de São Caetano, contou que não existe perfil padrão do suicida, mas um agrupamento de fatores que sinalizam maior tendência, como faixa etária, sexo, doenças mentais e, principalmente, perdas em geral. "O suicídio é o pior desfecho da psiquiatria, que trabalha preventivamente para evitar o sentimento depressivo, além de acompanhar aqueles que estão envolvidos com o paciente, pois é papel de quem está em volta abordar o assunto", afirmou.


Sobre o fato de os adolescentes se destacarem, e muito, na lista de casos de suicídio no Brasil, a psiquiatra Flávia Ismael explica que as constantes pressões para que o jovem siga determinados padrões é um dos principais fatores. "Na maioria dos casos, o distanciamento e a apatia sinalizam um comportamento que deve ser analisado preventivamente", afirmou.


A tenente Adriana de Moraes Zuppo, do Corpo de Bombeiros de São Caetano, diz que o processo para convencer a pessoa a não concluir a tentativa de suicídio é demorado. "Cria-se um vínculo com o bombeiro e o acompanhamento deste indivíduo é fundamental para que a ocorrência não regrida", comenta.


De acordo com o CVV, vários motivos podem levar alguém ao suicídio. Geralmente, a pessoa tem necessidade de aliviar pressões externas, como cobranças sociais, culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, fracasso e humilhação.


Para saber mais sobre o trabalho do CVV, presente em São Caetano, Santo André e São Bernardo, acesse www.cvv.org.br.

Ouvir ajuda vítima sair da crise

Segundo o CVV, o suicídio continua sendo um tabu. É preciso deixar de ter medo de falar sobre o assunto e compartilhar informações ligadas ao tema, assim como já ocorreu com as doenças sexualmente transmissíveis ou câncer, cuja prevenção se tornou bem-sucedida, porque as pessoas passaram a dominar o assunto.


Outra informação importante é que as vítimas sempre pedem socorro quando o suicídio parece uma saída. A vontade de viver conflita com o desejo de se autodestruir. Encontrar alguém que tenha disponibilidade para ouvir e compreender os sentimentos suicidas fortalece a intenção de viver.


O CVV ressalta que a sociedade precisa perder o medo de se aproximar das pessoas e oferecer ajuda. A pessoa que está em crise se sente sozinha e isolada. A recomendação é perguntar "tem algo que eu possa fazer pra te ajudar?". Nessa hora, ter alguém para ouvir a vítima pode fazer toda diferença. "E qualquer um pode ser esse ombro amigo, que ouve sem fazer críticas ou dar conselhos. Quem decide ajudar não deve se preocupar com o que vai falar. O importante é estar preparado para ouvir", ensina o CVV.

(Colaborou Iara Voros)

http://www.reporterdiario.com.br/Noticia/420143/brasil-tem-25-suicidios-por-dia/

O suicídio não resolve…, por Paiva Netto

O suicídio não resolve…, por Paiva Netto

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Ensinava Alziro Zarur (1914-1979):

—O suicídio não resolve as angústias de ninguém.

Estava com a razão o autor de Poemas da Era Atômica.

Matar-se abala, por largo tempo, a existência do Espírito, pois ofende a Lei Divina, que é Amor, mas também Justiça.

Quando a dor apertar, por favor, lembre-se desta página de André Luiz, na psicografia do venerando Francisco Cândido Xavier (1910-2002):

Mais um pouco*¹

“Quando estiveres à beira da explosão na cólera, cala-te mais um pouco e o silêncio te poupará enormes desgostos.

“Quando fores tentado a colaborar na maledicência, guarda os princípios do respeito e da fraternidade mais um pouco e a benevolência te livrará de muitas complicações.

“Quando o desânimo impuser a paralisação de tuas forças na tarefa a que foste chamado, prossegue agindo no dever que te cabe, exercitando a resistência mais um pouco e a obra realizada ser-te-á gloriosa bênção de luz.

“Quando a revolta espicaçar-te o coração, usa a humildade e o bom entendimento mais um pouco e não sofrerás o remorso de haver ferido corações que devemos proteger e considerar.

“Quando a lição oferecer dificuldade à tua mente, compelindo-te à desistência do progresso individual, aplica-te ao problema ou ao ensinamento mais um pouco e a solução será divina resposta à tua expectativa.

“Quando a ideia de repouso sugerir o adiamento da obra que te cabe fazer, persiste com a disciplina mais um pouco e o dever bem cumprido ser-te-á coroa santificante.

“Quando o trabalho te parecer monótono e inexpressivo, guarda fidelidade aos compromissos assumidos mais um pouco e o estímulo voltará ao teu campo de ação.

“Quando a enfermidade do corpo trouxer pensamentos de inatividade, procurando imobilizar-te os braços e o coração, persevera com Jesus mais um pouco e prossegue ajudando a todos, agindo e servindo como puderes, porque o Divino Médico jamais nos recebe as rogativas em vão.

“Em qualquer dificuldade ou impedimento, não te esqueças de usar um pouco de paciência, amor, renunciação e Boa Vontade, a favor de teu próprio bem-estar.

“O segredo da vitória, em todos os setores da vida, permanece na arte de aprender, imaginar, esperar e fazer mais um pouco”.

O Salmo 31:24 da Bíblia Sagrada adverte fraternalmente:

– Tende coragem, e Ele fortalecerá o coração de todos vós que esperais no Senhor.

O Rabino Henry Sobel pondera:

– Não somos donos da Vida, mas apenas os guardiões dela.

Honremos, pois, o extraordinário dom que Deus nos concedeu, que é a Vida, e Ele sempre virá em nosso socorro pelos mais inimagináveis e eficientes processos.

Substancial é que saibamos humildemente entender os Seus recados e os apliquemos com a Boa Vontade e a eficácia que Ele espera de nós.

A permanente sintonia com o Poder Divino só nos pode adestrar o Espírito, para que tenha condições de sobreviver à dor, mesmo que em plena conflagração dos destemperos humanos.

Do livro Billy Graham responde, emerge esta elucidação do respeitado pastor norte-americano:

— A vida nos foi concedida por Deus e só Ele tem o direito de tirá-la. Além disso, até mesmo no meio das circunstâncias mais difíceis, Deus está conosco. (…) Devo enfatizar o fato de o suicídio ser um erro, não fazendo parte do plano de Deus.

Na Quarta Surata do Alcorão Sagrado, encontramos este conforto numa admoestação do Profeta Muhammad:

29. Ó crentes, não defraudeis reciprocamente os vossos bens por vaidade, realizai comércio de mútuo consentimento e não pratiqueis suicídio, porque Deus é misericordioso para convosco.

Santa Teresa d´Ávila (1515-1582), a grande mística da Espanha, incentiva-nos à perseverança:

— Que nada te perturbe, nada te amedronte.

Tudo passa. Só Deus nunca muda.

A paciência tudo alcança. A quem tem Deus, nada falta.

Só Deus basta.

A continuação da existência após a morte jamais poderá ser justificativa para o suicídio. Todos continuamos vivos.

Acertadamente escreveu Napoleão Bonaparte (1769-1821), quando lamentou essa inditosa escolha, que infelicita o Espírito de quem se deixa seduzir por ela, porque a chegada ao Outro Mundo daquele que destrói o seu próprio corpo é um grande tormento, porquanto não há morte após a morte:

— Tão corajoso é aquele que sofre valentemente as dores da Alma como o que se mantém firme diante da metralha de uma bateria. Entregar-se à dor sem resistir, matar-se e eximir-se à mesma dor é abandonar o campo de batalha antes de ter vencido*2.

Finalmente, confiantes, sigamos o caminho apontado pelo Senhor no livro Deuteronômio, 30:19:

— Como podes ver, coloquei hoje diante de ti a Vida e o Bem, a morte e o mal… portanto, escolhe a Vida, para que vivas tu e a tua semente.

Meus Amigos e Irmãos em Humanidade, a grande fortuna é sabermos que Viver é melhor!



*¹ “Mais um pouco” – Antologia da Boa Vontade, 1955.

*2 Apesar de Napoleão I ter pensado em suicídio durante sua atribulada carreira militar e política, não o praticou. Daí a importância do seu pensamento.



*José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

Os sinais do suicídio

http://delas.ig.com.br/comportamento/2013-09-10/os-sinais-do-suicidio.html


Os sinais do suicídio

No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, especialistas alertam para aumento do fenômeno e avisam: “quanto antes se detectar, mais fácil prevenir”

Renata Reif - iG São Paulo 
No Brasil, estima-se que haja uma média de 25 suicídios por dia. Uma tentativa aumenta em 50% a chance de uma segunda investida. E mais de 90% dos casos estão ligados a problemas de saúde mental. Como se fala muito pouco sobre o assunto -- salvo quando um caso como o do músico Champignon ganha as manchetes -- os indícios do suicídio, considerado um tabu social, são mal conhecidos.
"Entre 1980 e 2010, oficialmente 195.607 pessoas se suicidaram no Brasil, o equivalente a três bombas atômicas como a de Hiroshima", contabiliza o o sociólogo Gláucio Soraes, professor e pesquisador do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da UERJ, em artigo publicado na Revista Inteligência em edição de junho de 2012. “Ainda que condenado por muitas religiões, produto de desvios tenebrosos da nossa alma, o suicídio recebe menos atenção do que os eventos catastróficos”.
A única forma de evitá-lo é adotar estratégias de prevenção e, para isso, é preciso conhecer os sinais.
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Suicídio: prevenção é limitada pelo tabu

“Estão envolvidos em uma tentativa de suicídio os fatores predisponentes, como genética, psiquismo do indivíduo, círculo social, ambiente familiar e até religião. E os precipitantes, aqueles fatores que motivaram o ato”, diz José Manoel Bertolote, autor do livro “Suicídio e sua Prevenção” (Editora Unesp) e especialista em psiquiatria da Unesp em Botucatu.
Mas 90% dos casos de suicídio estão atrelados a algum problema de saúde mental, como depressão, transtornos de personalidade, alcoolismo, abuso de drogas, bipolaridade ou esquizofrenia, entre outros.
“Quem fala não faz” é um mito comum sobre o suicídio. A maioria dos suicidas dá sinais claros de que vai se matar. “São praticamente anúncios. Normalmente os mais jovens são mais diretos. Eles verbalizam claramente, ou avisam pelas redes sociais, por email. Já os mais idosos são mais sutis. Eles se despedem distribuindo posses”, diz Bertolote.
Há também os sinais indiretos, que precisam ser decodificados. Um tipo de sinal, neste caso, é começar a colocar a vida em risco, como abusar de álcool e drogas, dirigir de forma irresponsável, brincar com armas de fogos perigosas. São os chamados suicidas passivos.
Para Karen Scavacini, gestalt terapeuta e mestre em saúde pública de promoção de saúde mental e prevenção ao suicídio, outro mito é relacionado ao tabu que cerca o tema: perguntar se a pessoa pensa em se suicidar não a induzirá ao ato. Ao contrário, falar sobre o assunto pode salvar muitas vidas. “Se você ficou desconfiado diante dos sinais, pergunte a ela: 'você está pensando em se matar?' Faça então um encaminhamento desta pessoa. Não precisa ser só para o psicólogo ou para o psiquiatra. Pode ser para o padre, o diretor da escola, o agente comunitário, o bombeiro”, aconselha Karen.
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Detectar os sinais precocemente aumenta as chances de salvar uma vida

Um estudo realizado pela Unicamp detectou que, no Brasil, 17 de 100 pessoas pensam seriamente em se matar. Com o silêncio que cerca o tema, a abordagem do suicídio como problema de saúde pública ainda engatinha. “Não existe no País saúde pública que dê conta deste fenômeno. A Estratégia Nacional de Prevenção continua até hoje no papel. O médico da unidade básica deveria ser o primeiro a detectar indícios”, diz.
Na Europa, as taxas de suicídio estão diminuindo porque a prevenção funciona. Já nos Estados Unidos foi lançada a campanha “Amigo bravo é melhor que amigo morto”, para incentivar os jovens a não manterem segredo e contarem o que sabem sobre as intenções dos colegas. “No Brasil, simplesmente não se fala no assunto”, completa Karen.
A gente procura entender por que a pessoa quer desistir de viver. Para o copo não transbordar, precisa esvaziar o que ela está sentindo antes
Mudança brusca
A voluntária do CVV Adriana Rizzo, que dedica quarto horas por semana para ouvir e aconselhar pessoas que pensam em se matar, diz quemudanças bruscas de comportamento são as principais pistas que o suicida dá. “Eram pessoas muito tímidas e, do nada, ficam muito agitadas. Também acontece uma retirada da vida social, um isolamento, ou abuso de álcool e drogas“, alerta.
Além da mudança de personalidade, ligue o alerta quando notar grande alteração alimentar ou de sono, sentimento de desvalor e desesperança. Pessoas que tiveram perdas recentes, como mortes, divórcio, histórico familiar de suicídio ou que tiveram diagnóstico de doença grave, fazem parte do grupo de risco.
O quanto antes se detectar, mais fácil prevenir. “Bem como intervir em crises”, conta a voluntária Adriana. “O nosso trabalho é oferecer atenção e conversar com a pessoa sobre um assunto que ela quer dividir e não consegue, pois se sente julgada, criticada. Ao desabafar e compartilhar o que está lhe afligindo, ela se sente valorizada. A gente procura a entender por que ela quer desistir de viver. Para o copo não transbordar, ela precisa esvaziar o que está sentindo antes”.
Ambivalência
Nem todo suicida quer morrer, apenas quer mudar a situação. Todo suicida é ambivalente: uma hora ele quer, na outra não. De acordo com Bertolote, isso explica porque muitas vezes, quando o suicida fez uso de um método letal e está à beira da morte, bate o desespero e ele se arrepende.
Tanto para quem convive com um suicida em potencial ativo, que toma objetivamente a decisão, quanto para quem vive com um passivo, que adota comportamento abusivo em busca de um "acidente", o conselho mais importante é não ignorar qualquer sinal. Leve a sério as ameaças e tome providências para ajudar a pessoa em risco. “O tratamento dos transtornos mentais é a primeira intervenção. Isso porque a maioria dos suicidas têm um transtorno como depressão, alcoolismo ou esses dois males associados”, diz Bertolote.