domingo, 4 de setembro de 2011

Caminhando para o suicídio inconsciente

ADÉSIO ALVES MACHADO

Invigilância moral que nasce e se estrutura na ignorância humana, com relação ao conhecimento da vida espiritual, tem dizimado milhões de criaturas através dos tempos, e o pior é que continuará sua marcha lúgubre.
O Espiritismo vem tirar da pasmaceira moral os Espíritos aqui reencarnados, a fim de que melhorem, um pouco que seja, a qualidade de suas vidas, fazendo-os ver e sentir as conseqüências de seus vícios, paixões e desatinos cultivados através do corpo carnal.
Nessas horas de devaneio a criatura se deixa envolver por Espíritos  inferiores, de baixo padrão vibratório, quando o ser perde o domínio integral de si mesmo. Criam-se algemas cruéis, difíceis de serem abertas. É a malha do vício que aprisiona, cerceia a iberdade, impõe condições, passa a dominar.
Queremos referir-nos ao tabagismo, esquecendo por enquanto os demais, como por exemplo o alcoolismo, o uso de drogas, a maledicência, o hábito de caluniar, a lutonaria, o sexo em desregramento, a violência, etc., tudo isso causando sérios curtos-circuitos no perispírito do viciado, energeticamente desestruturando-o, tendo em is-  ta que ele será o molde do novo corpo físico da próxima reencarnação do viciado.
Segundo dados colhidos num trabalho sobre saúde, da jornalista Magaly Sonia onzáles,  publicado na revista IstoÉ, de julho de 2000, “o vício do fumo foi adquirido pelos espanhóis, junto aos índios da América Central, que o encontraram nas adjacências de Tobaco, província de Yucatán. Um dos primeiros a cultivar o tabaco na Europa foi Monsenhor Nicot, embaixador da França, em Portugal, de onde se derivou o nome nicotina, dado à principal toxina nele contida”.
O tabagismo apodera-se do viciado em processo lento mas contínuo, fazendo-o mais uma “vítima”, inicialmente de si mesmo, depois do fumo. Em verdade, o viciado se torna escravo de sua vontade pusilânime. O tabagismo é uma doença que, tratada a tempo, tem cura, requerendo do viciado, no entanto, muita obstinação para dele se desvencilhar, determinação esta que ainda não é apanágio dos Espíritos aqui reencarnados.
Para deixar o cigarro é preciso readquirir o poder da vontade que se estiolou diante da prepotência, do autoritarismo da nicotina e seus sequazes. 
O viciado é aquele que perde o comando da mente.
A luta do viciado pela recuperação do controle da vontade torna-se mais acerba pelo fato de o vício haver encontrado quem lhe insufla maior potência: os Espíritos tabagistas desencarnados. As mentes de além-túmulo não se desvinculam com facilidade sem mais nem menos, deste foco que alimenta seus desregramentos: o fumante terreno.
Os efeitos do tabagismo são devastadores, a saber: ele afeta o sistema respiratório, provocando bronquite, enfisema, câncer pulmonar, laringite, tuberculose, tosse e rouquidão; ataca o sistema digestivo, dificultando o apetite e a digestão, além de provocar úlcera gastroduodenal; aumenta a concentração do ácido úrico, instalando a chamada gota; o sistema circulatório sofre com o aparecimento de varizes, flebite, isquemia, úlceras varicosas, palpitação, trombose, aceleração de doenças coronarianas e cardiovasculares; o sistema nervoso, sempre muito sensível, leva à uremia, mal de Parkinson, vertigem, náuseas, dores de cabeça, nervosismo e opressão. A falta do fumo no organismo do viciado gera ansiedade, angústia, desencadeando crises, convulsões e espasmos. Instala-se, como se depreende, toda uma dependência mental, psíquica e física.
Para os indígenas, a fumaça afastava os “maus espíritos”, daí o surgimento dos defumadores. Os pajés jogavam folhas secas no braseiro, ao mesmo tempo em que invocavam os seus deuses. Com o passar do tempo, habituaram-se a fazer um rolo de folhas secas de tabaco, fumegantes, aspirando e tragando a fumaça, o que neles provocava sensações de prazer. Nascia aí, para desgraça de tantas pessoas e o enriquecimento despudorado de muitas outras, o vício de fumar.
Rogamos a Deus que surjam, cada vez mais, medidas restritivas aos fumantes e aos que propagam o cigarro, como também exemplos de abominação ao tabagismo nas famílias, nas escolas e na sociedade em geral. Com tal procedimento se dará uma demonstração de que o tabagismo é um suicídio em processo inconsciente e lento, porém pertinaz.
A tendência do tabagismo é desaparecer antes do alcoolismo. Os dois têm seus dias contados na face da Terra.
Um vício altamente destruidor da vida física, como o tabagismo, perturba também a vida espiritual pelo fato de lesar o perispírito. Acompanhando o Espírito na erraticidade, não só de imediato aparecem as seqüelas mas, também, no seu retorno à vida carnal, num novo corpo bastante comprometido, estruturado que se acha em matriz defeituosa – o perispírito lesado.
Deixar o vício de fumar, dizem os entendidos, tem de ser feito de uma só vez. Não concordamos tacitamente com isso, tendo em vista que cada criatura tem suas próprias reações orgânicas. O resultado que se obtém em relação a um caso pode ser diverso daquele que se constata em um outro. Deve-se, entendemos, colocar em ação todos os recursos existentes e, estando a pessoa determinada a parar com o uso do cigarro, surgirá  o meio mais eficaz, o que seja mais aconselhável para o seu organismo reagir ao assédio do vício. Referimo-nos ao fato de que, na hora em que o viciado se predispõe a deixar o vício, logo a Espiritualidade Superior passa a cuidar do caso, a ele se dedicando com determinação e amor. Os resultados só poderão ser o melhor – libertação do vício.
O Espiritismo analisa o tabagismo como um “inimigo” do ser humano que precisa ser “eliminado”. Sendo um gerador de doenças e de dependências, merece do Espiritismo uma batalha sem trégua. Contudo, ele atuará sem violentação de consciências, somente ajudando, com a sua terapia, a quem quiser ser ajudado.
O viciado recebe do Espiritismo, além de informações fornecidas pela medicina tradicional quanto aos males provocados pelo fumo, o alerta contra as obsessões e as desastrosas conseqüências no campo energético do Espírito, fator este a exigir atenções especiais e procedimentos profundos na mentalização do fumante.
Mostra a Doutrina Espírita a necessidade não só de se cuidar do corpo, mas, so-bretudo, do Espírito e de seu campo vibratorial, o perispírito.
A visão reencarnacionista é o principal fator que induz à reformulação dos valores ético-morais de quem se aproxima do Espiritismo, pois representa, acima de tudo, o uso da lógica e da razão na busca de uma melhor compreensão da vida, abrangendo o aspecto dual da existência: o material e o espiritual.
Compete-nos, portanto, ajudar os nossos irmãos e irmãs que se encontram sob o jugo do vício a fugirem desta forma sub-reptícia de mergulhar num suicídio inconsciente.

952. Comete suicídio o homem que perece vítima de paixões que ele sabia lhe haviam de apressar o fim, porém a que já não podia resistir, por havê-las o hábito mudado em verdadeiras necessidades físicas?
“É um suicídio moral. Não percebeis que, nesse caso, o homem é duplamente culpado? Há nele então falta de coragem e bestialidade, acrescidas do esquecimento de Deus.”
a) – Será mais, ou menos, culpado do que o que tira a si mesmo a vida por desespero?
“É mais culpado, porque tem tempo de refletir sobre o seu suicídio. Naquele que o faz instantaneamente, há, muitas vezes, uma espécie de desvairamento, que alguma coisa tem da loucura. O outro será muito mais punido, por isso que as penas são proporcionadas sempre à consciência que o culpado tem das faltas que comete.”

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