terça-feira, 27 de setembro de 2011

ANTE O SUICÍDIO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ESPÍRITAS




ANTE O SUICÍDIO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ESPÍRITAS
   
   
      Em       recente reportagem, divulgou-se que uma jovem, de 15 anos, suicidou-se com       um tiro de revolver, dentro de uma escola, em Curitiba. Não houve grito       nem pedido de socorro.
Em silêncio, ela entrou no banheiro e se trancou       em uma das cinco cabines reservadas.
Sentada sobre o vaso sanitário,       disparou contra a boca.
Suicídios desse gênero (tiro especialmente), em       escolas brasileiras, não são comuns.
“Três meses antes da tragédia,       a jovem procurou os pais e pediu para que eles a levassem a um psicólogo.      
Dizia sentir-se triste e desmotivada.
  
O pai passou a pegá-la na aula de       pintura e levá-la, semanalmente, a um psiquiatra. No inquérito policial       sobre o suicídio, apurou-se que ela tomava benzodiazepínicos (soníferos)       para dormir, e outros fármacos para controlar a ansiedade que       sentia”. (1)
Diante do dilema, indagamos: Como os pais podem proteger       os filhos ante os desequilíbrios emocionais que assolam a juventude de       hoje?
Obviamente, precisam estar atentos.
  
Interpretar qualquer tentativa       ou anúncio de suicídio do jovem como sinal de alerta.
O ideal é       procurar ajuda especializada de um psicólogo e, para os pais espíritas,       os recursos terapêuticos dos centros espíritas.
Aproximar-se, mais       amiudemente, do filho que apresenta sinais fortes de introspecção ou       depressão. O isolamento e o desamparo podem terminar com aguda depressão       e ódio da vida.
      É evidente que sugerir serem os pais os únicos responsáveis pelo autocídio       de um filho(a), é algo muito delicado e preocupante, pois, trata-se um       ato pessoal de extremo desequilíbrio da personalidade, gerado por       circunstâncias atuais ou por reminiscências de existências passadas.
  
Se       há culpa dos pais, atribui-se à negligência, à desatenção, a não       perceber as mudanças no comportamento de um filho(a) e a tudo que       acontece à sua volta.
Sobre isso, estamos convictos de que a sociedade,       como um todo, é, igualmente, culpada. Inobstante colocarem o fardo da       culpa nos pais em primeiro lugar, reflitamos: quem pode controlar a pressão       psicológica que uma montanha de apelos vazios faz na cabeça dos jovens,       diariamente? O suicídio é um ato exclusivamente humano e está presente       em todas as culturas. Suas matrizes causais são numerosas e complexas.
  
Os       determinantes do suicídio patológico estão nas perturbações mentais,       depressões graves, melancolias, desequilíbrios emocionais, delírios crônicos,       etc. Algumas pessoas nascem com certas desordens psiquiátricas, tal como       a esquizofrenia e o alcoolismo, o que aumenta o risco de suicídio. Há os       processos depressivos, onde existem perdas de energia vital no organismo,       desvitalizando-o, e, conseqüentemente, interferindo em todo o mecanismo       imunológico do ser.
      Em termos percentuais, 70% das pessoas que cometem suicídio, certamente       sofriam de um distúrbio bipolar (maníaco-depressivo); ou de um distúrbio       do humor; ou de exaltação/euforia (mania), que desencadearam uma severa       depressão súbita, nos últimos minutos que antecederam aos de suas       mortes.
O suicídio pode ocorrer, tanto na fase depressiva, quanto na fase       da mania, sempre conseqüente do estado mental. O suicida é, antes de       tudo, um deprimido, e a depressão é a doença da modernidade.
O suicida       não quer matar a si próprio, mas alguma coisa que carrega dentro de si e       que, sinteticamente, pode ser nominado de sentimento de culpa e vontade de       querer matar alguém com quem se identifica.
 
Como as restrições morais o       impedem, ele acaba se autodestruindo. Assim, “o suicida mata uma       outra pessoa que vive dentro dele e que o incomoda, profundamente. Outra       coisa que deve ser analisada é a obsessão que poderia ser definida como       um constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente,       pela presença perturbadora de um obsessor.
      A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário       às leis da Natureza. Todas asseveram que ninguém tem o direito de       abreviar, voluntariamente, a vida. Entretanto, por que não se tem esse       direito? Por que não é livre o homem de pôr termo aos seus sofrimentos?       Ao Espiritismo estava reservado demonstrar, pelo exemplo dos que       sucumbiram, que o suicídio não é uma falta somente por constituir infração       de uma lei moral – consideração, essa, de pouco peso para certos indivíduos       – mas, também, um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica.
     
Antes, o contrário, é o que se dá com eles, na existência espiritual,       após ato tão insano. Temos notícia, não somente, pelo que lemos nos       livros da Doutrina Espírita e que nos advertem os Espíritos Superiores,       mas pelos testemunhos que nos dão esses infelizes irmãos, narrando       tristes fatos que eles mesmos nos põem sob as vistas, em sessões de       orientação às entidades sofredoras.
Sob o ponto de vista sociológico,       o suicídio é um ato que se produz no marco de situações anômicas, (2)       em que os indivíduos se vêem forçados a tirar a própria vida para       evitar conflitos ou tensões inter-humanas, para eles insuportáveis.
      O pensador Émile Durkheim teoriza que a “causa do suicídio, quase       sempre, é de raiz social, ou seja, o ser individual é abatido pelo ser       social.
Absorvido pelos valores [sem valor], como o consumismo, a busca do       prazer imediato, a competitividade, a necessidade de não ser um perdedor,       de ser o melhor, de não falhar, o jovem se afasta de si mesmo e de sua       natureza. Sobrevive de ‘aparências’, para representar um ‘papel       social’ como protagonista do meio. Nessa vivência neurotizante, ele       deixa de desenvolver suas potencialidades, não se abre, nem expõe suas       emoções e se esmaga na sua intimidade solitária.” (3)
      O Espiritismo adverte que o suicida, além de sofrer no mundo espiritual       as dolorosas conseqüências de seu gesto impensado, de revolta diante das       leis da vida, ainda renascerá com todas as seqüelas físicas daí       resultantes, e terá que arrostar, novamente, a mesma situação       provacional que a sua flácida fé e distanciamento de Deus não lhe       permitiram o êxito existencial.
      É verdade que após a desencarnação não há tribunal nem Juízes para       condenar o espírito, ainda que seja o mais culpado. Fica ele,       simplesmente, diante da própria consciência, nu perante si mesmo e todos       os demais, pois nada pode ser escondido no mundo espiritual, tendo o indivíduo       de enfrentar suas próprias criações mentais.
“O pensamento       delituoso é assim como um fruto apodrecido que colocamos na casa de nossa       mente. A irritação, a crítica, o ciúme, a queixa exagerada, qualquer       dessas manifestações, aparentemente sem importância, pode ser o início       de lamentável perturbação, suscitando, por vezes, processos obsessivos       nos quais a criatura cai na delinqüência ou na agressão contra si       mesma.” (4)
      A rigor, não existe pessoa “fraca”, a ponto de não suportar um       problema, por julgá-lo superior às suas forças. O que de fato ocorre é       que essa criatura não sabe como mobilizar a sua vontade própria e       enfrentar os desafios.
 
Joanna de Angelis assevera que o “suicídio é       o ato sumamente covarde de quem opta por fugir, despertando em realidade       mais vigorosa, sem outra alternativa de escapar”.(5)
 
Na Terra, é       preciso ter tranqüilidade para viver, até porque, não há tormentos e       problemas que durem uma eternidade.
Recordemos que Jesus nos assegurou que      
“O Pai não dá fardos mais pesados que nossos ombros” e       “aquele que perseverar até o fim, será salvo”. (6)
 
      Jorge Hessen

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

SUICÍDIO


SUICÍDIO 
LOUCA HUMANIDADE!
SOFRIMENTO DE UM SUICIDA
     "As conseqüências do suicídio são as mais diversas. Não há penalidades fixadas e em todos os casos elas são sempre relativas às causas que o produziram. Mas uma conseqüência a que o suicida não pode escapar é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos, dependendo das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros numa nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam." (resposta dos Espíritos à pergunta 957 de O Livro dos Espíritos).
     A observação mostra, com efeito, que as conseqüências do suicídio não são sempre as mesmas. Há, porém, as que são comuns a todos os casos de morte violenta, as que decorrem da interrupção brusca da vida. É primeiro a persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que liga o Espírito e o corpo, porque esse laço está quase sempre em todo o seu vigor no momento em que foi rompido, enquanto na morte natural se enfraquece gradualmente e em geral até mesmo se desata antes da extinção completa da vida. As conseqüências desse estado de coisas são o prolongamento da perturbação espírita, seguido da ilusão que, durante um tempo mais ou menos longo, faz o Espírito acreditar que ainda se encontra no número dos vivos.
     A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns suicidas, uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que assim ressente, mau grado seu, os efeitos da decomposição, experimentando uma sensação cheia de angústias e de horror. Esse estado pode persistir tão longamente quanto tivesse de durar a vida que foi interrompida. Esse efeito não é geral; mas em alguns casos o suicida não se livra das conseqüências da sua falta de coragem e cedo ou tarde expia essa falta, de uma ou de outra maneira. É assim que certos Espíritos, que haviam sido muito infeliz na Terra, disseram haver se suicidado na existência precedente e estar voluntariamente submetidos a novas provas, tentando suportá-las com mais resignação. Em alguns é uma espécie de apego à matéria, da qual procuram inutilmente desembaraçar-se para se dirigirem a mundos melhores, mas cujo acesso lhes é interditado. na maioria é o remorso de haverem feito uma coisa inútil, da qual só provam decepções.
     A religião, a moral, todas as Filosofias condenam o suicídio como contrário à lei natural. Todas nos dizem, em princípio, que não se tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Mas por que não se terá esse direito? Por que não se é livre de por um termo aos próprios sofrimentos? Estava reservado ao Espiritismo demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é apenas uma falta como infração a uma moral, consideração que pouco importa para certos indivíduos, mas um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica e até pelo contrário. Não é pela teoria que ele nos ensina isso, mas pelos próprios fatos que coloca sob os nossos olhos. (Allan Kardec)
     O argumento espírita contra o suicídio não é apenas moral, como se vê, mas também biológico, firmando-se no princípio da ligação entre o Espírito e o corpo. A morte, como fenômeno natural, tem as suas leis que o Espiritismo revelou através de rigorosa investigação. O sofrimento do suicida decorre do rompimento arbitrário dessas leis; é como arrancar à força um fruto verde da árvore. As estatísticas mostram que a incidência do suicídio é maior nos países e nas épocas em que a ambição e o materialismo se acentuam, provocando mais abusos e excitando preconceitos. A falta de organização social justa e de educação para todos é causa de suicídios e crimes. (J. Herculano Pires)                                     

MEMÓRIAS DE UM SUICIDA


MEMÓRIAS DE UM SUICIDA

O livro Memórias de um Suicida está entre os mais comentados do Espiritismo, com relatos e imagens impressionantes do Vale dos Suicidas, e lições importantes para a humanidade.
Se porventura já passou pela mente de alguém a idéia de fugir dos graves problemas que o assolam e dizer-se disposto "a acabar com tudo"; ou se, de outro modo, alguém já indagou o que acontecerá ao suicida após a morte, quais as conseqüências, por certo ambos encontrarão resposta no livro Memórias de Um Suicida: o primeiro encontrará um antídoto para aplacar suas idéias de auto-extermínio; o segundo visualizará a situação dramática e pavorosa descrita exatamente por um suicida. Ambos, na dúvida e ainda que seja por temor, ficarão extáticos se lerem a obra.
A Obra e o Autor
Trata-se de um livro recebido mediunicamente por Yvonne do Amaral Pereira - médium carioca com considerável obra de literatura espírita, já desencarnada em 1984 - por intermédio de quem um falecido escritor português, suicida, de nome Camilo Cândido Botelho, descreve a condição de quem busca a morte por intermédio do ato extremo, focalizando as facetas mais tormentosas que decorrem dessa atitude.
Algumas particularidades envolvem a obra:
1) A própria Yvonne, na introdução da oitava edição do livro (que é uma publicação da FEB, Federação Espírita Brasileira, de 1954), informa aos leitores que a obra, conquanto de origem mediúnica, não foi rigorosamente psicografada pois, diz ela, "eu via e ouvia nitidamente as cenas aqui descritas, observava as personagens, os locais, com clareza e certeza absolutas, como se os visitasse e a tudo estivesse presente e não como se apenas obtivesse notícias através de simples narrativas". E a escrita se seguia depois de que, durante o sono do corpo físico e em Espírito, se "alçava ao convívio do mundo invisível e as mensagens já não eram escritas, mas narradas, mostradas, exibidas à minha faculdade mediúnica para que, ao despertar, maior facilidade eu encontrasse para compreender" os fatos que assistira e que por seus próprios meios não tinha condição de descrever (p. 9).
Esclareça-se que essa modalidade de transmissão mediúnica se dá através do chamado desdobramento (emancipação da alma), no qual o médium, durante o descanso ou torpor do corpo físico, em espírito se desdobra para entrar em contato com a realidade do mundo extra físico, tendo exata noção do que pôde ver ou dos conselhos que recebeu (Livro dos Espíritos, A. Kardec, questões 409 e 410).
2) O autor espiritual foi no livro identificado pelo nome de Camilo Cândido Botelho, mas tratava-se efetivamente de um dos maiores nomes da literatura portuguesa do século 19: Camilo Castelo Branco. Este, após ter tomado conhecimento de uma cegueira irreversível, disparou um tiro de revólver no ouvido, em maio de 1890. Deduz-se facilmente que o personagem Espírito narrador dos fatos é Camilo Castelo Branco, por várias circunstâncias: pelo fato de Yvonne mesma ter dito que o ocultaria sob o pseudônimo de Camilo Cândido Botelho (na página 8, observem-se as iniciais claríssimas de ambos os nomes e o prenome exato); a autoria resta clara para quem conhece a obra do talentos o escritor português, seja pelo estilo, seja pelos fatos narrados que coincidem com os seus em vida; e, afinal, porque a própria médium disse que, dentre os numerosos Espíritos de suicidas com quem tivera contato, um se destacou pela assiduidade e pela simpatia e por seu "nome glorioso que deixou na literatura em língua portuguesa, pois se tratava de romancista fecundo e talentoso, senhor de cultura tão vasta ... " (p. 8).
3) Conquanto tenha sido a obra editada pela FEB em 1954, a médium registra que ela se iniciou em 1926, sob a orientação de Léon Denis (Espírito), em vida considerado um verdadeiro apóstolo do Espiritismo. Em razão de gravíssimos problemas pessoais, paralisou as anotações que recebia durante quase vinte anos, retomando os trabalhos em 1946, compilando os fragmentos produzidos e adicionando outros fatos e novas observações, de onde resultou - segundo consta, sob a inspiração instigada do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes - a decisão de publicá-la cerca de oito anos depois (informação verbal de Samuel Angarita, decano espírita da FEESP, que conheceu a médium).
4) A médium declara, no mesmo prefácio da obra, que ela de há muito recebia comunicações, psicográficas ou psicofônicas, de inúmeros suicidas, que se afinizavam com ela, porquanto ela mesma fora uma suicida em outra existência, em encarnação passada (p.7).
O LIVRO E SEU CONTEÚDO
Não se trata de um livro de leitura suave, deleitável, no qual o leitor pense encontrar entretenimento; ao contrário, é calhamaçudo (568 páginas, 22 capítulos distribuídos em três partes), de linguagem apurada, castiça e pura - seja porque Camilo fora um purista da língua, seja pela época em que foi escrito -, mas, principalmente, porque encerra assustadoras, aterradoras e tempestuosas experiências vividas por um suicida, exatamente concitando o leitor a refletir sobre as conseqüências desse ato.
Sabe-se, em anos de experiência nas lides espíritas, que incontável número de pessoas interrompeu diversas vezes a leitura, dado o impacto inicial que o livro causa, especialmente pela descrição da dramática situação daqueles que se encontram no que o narrador Espiritual chama de Vale dos Suicidas.
Trata-se daquele tipo de obra que se diz que é para ser lida "no tempo certo", ou quando "se está pronto" para um contato com tal realidade chocante.
Mas é exatamente por isso que é considerado nos meios espíritas, dentre os-mais doutos e estudiosos, com um verdadeiro marco nesse tipo de literatura oriunda do mundo espiritual. Tenha-se em conta o choque de opiniões e o alvoroço de conceitos que provocaram as primeiras obras do Espírito André Luiz, editado o primeiro pela mesma FEB em 1944 (Nosso Lar, André Luiz (Espírito), psicografia de F. C. Xavier, ed. FEB). Daí se pode imaginar a celeuma causada por uma obra escrita antes quase vinte anos antes, mesmo que editada depois.
A temática é forte, dolorosa e triste: o suicídio sempre causou estranheza e indignação às pessoas, pois que em muitos casos as razões reais do auto-extermínio sempre foram desconhecidas. O personagem envolvido é de expressão. As revelações, estarrecedoras.
Mas, de toda sorte, a história narrada não induz a um sofrimento eterno; ao contrário, há uma saída, há um caminho de retorno, de reconstrução para os faltosos que efetivamente se mostrem arrependidos de terem atentado contra a Lei Natural, a Lei Divina. Em uma palavra: a reabilitação é totalmente possível!
E, nesse passo, a obra está em consonância com o aspecto consolador que as obras básicas do Espiritismo trazem sobre o tema: o Livro dos Espíritos, a par de considerar o ato sinistro como um verdadeiro crime que retarda o progresso do seu autor e vítima, aclara que o paciente terá múltiplas oportunidades futuras para redimir-se, para refazer sua caminhada evolutiva, mercê de encarnações reparadoras, no tempo certo (questões 943 a 957).
Com outro enfoque, em O Céu e o Inferno (Ed. FEB, 35ª, Capo V, pp. 295 a 323) há relatos dos próprios suicidas sobre o seu estado infeliz na erraticidade. Ao ser analisado cada um dos casos, observa-se que o sofrimento é temporário, mas nem por isso deixa de ser difícil, uma vez que o remorso dos envolvidos em tal trauma pessoal parece não ter fim.
Infortúnio e Reforma
É esse o ângulo de visão da narrativa do livro em questão. Impossível, em breves linhas, traçar o panorama inteiro do desenrolar da saga do suicida. Mas, em síntese apertadíssima, aclara-se que a obra se divide em três partes: Os Réprobos, Os Departamentos e A Cidade Universitária.
Na primeira parte, há a descrição da condição do Espírito que pretende morrer através do suicídio; relata-se ali os padecimentos dele após o desencarne voluntário, enunciando as regiões, os seus habitantes e os sofrimentos a que são induzidos como conseqüência dos atos próprios. São narrados ainda os trabalhos ingentes das equipes socorristas no resgate dos infortunados, tentando despertar-lhes a consciência do valor à vida e do cumprimento das leis eternas e imutáveis naturais; são destacados minudentemente os tratamentos e as impressões vivenciadas pelas criaturas assistidas. Nessa parte, é realçada a situação de Camilo, que, poucos meses depois do seu ato tresloucado de suprimir a vida, estava vagueando sem destino em torno dos próprios restos mortais, sendo, a seguir, detido no Vale dos Suicidas, abrigo dos réprobos oriundos de Portugal e das suas colônias africanas, da Espanha e também do Brasil. Mas, alguns anos após tratamentos e cuidados, já pôde participar de trabalhos de amparo espiritual e conscientização de suicidas no interior do Brasil.
Na segunda e na terceira partes, o narrador espiritual focaliza os trabalhos de instrução necessários para uma nova reencarnação, nos quais os suicidas da matéria poderão buscar a reabilitação perante as leis que regem a vida. Após dez anos de internação, Camilo recebe alta da instituição hospital do mundo espiritual em que estivera em longo tratamento, ingressando na Universidade ali mantida. Tem a oportunidade, nessa ocasião, de reencontrar seus familiares, pai, mãe e a esposa também falecida. Graduado na Universidade vai aos poucos galgando o caminho mais amplo da sua reabilitação espiritual, passando a servir na enfermaria do hospital.
Trabalho e mais trabalho, como veículo da reforma e de progresso.
Em conclusão, o narrador enfoca a lei de causa e efeito, enfatizando a necessidade da reencarnação como veículo de aperfeiçoamento do Ser, como uma verdadeira dádiva do Criador à Criatura - jamais como castigo! - que pode realizar o mais amplo e eficaz resgate dos débitos que angariou, fruto de seus próprios desmandos e transgressões.
No fim da jornada e, portanto, exatamente no final do compêndio, Camilo vai ao encontro da sua redenção e reajuste: parte para a reencarnação, dizendo a si mesmo: "( ... ) aprende, de uma vez para sempre, que és imortal e que não será pelos desvios temerários do suicídio que a criatura humana encontrará o porto da verdadeira felicidade ... " (p. 568).
Uma apropriadíssima síntese sobre os objetivos da obra diz que "mais do que descrever a rotina de um espírito após a desencarnação (e a imensa popularidade das obras de André Luiz é mais do que eloqüente para demonstrar o interesse que esse assunto desperta), a análise global da passagem de Camilo pelas lides do movimento espírita serve de subsídio a estudos maiores a todos os que trabalham não só com o tema suicídio, mas também reencarnação, fisiologia da alma, vivências passadas com fins terapêuticas e outros, temas em grande parte ainda carentes de estudos mais profundos" (Boletim Eletrônico do Grupo de Estudos Avançados Espíritas (v.'ww.geae.inf.br), artigo de Carlos Luís M.C. da Cruz: Camilo Castelo Branco Um estudo de Fontes à Luz do Espiritismo).
Àqueles que interromperam a leitura do livro Memórias de Um Suicida, aos que nunca se aventuraram (por medo ou por simples preguiça) e àqueles que, apesar de terem convicção de que" a vida continua", ainda não conhecem a realidade do "outro lado", especialmente chegando a ele por vias travessas, ficam as tocantes palavras de Léon Denis, Espírito, no prefácio da segunda edição da obra: "Que medites sobre estas páginas, leitor, ainda que duro se torne para o teu orgulho pessoal o aceitá-las! E se as lágrimas alguma vez rociarem tuas pálpebras, à passagem de um lance mais dramático, não recalcitres contra o impulso generoso de exaltar teu coração em prece piedosa, por aqueles que se estorcem nas trágicas convulsões da inconseqüência de infrações às leis de Deus!" (p.14).
Francisco Aranda Gabilan é advogado há trinta e três anos, há mais de vinte anos ligado ao Departamento de Ensino da Federação Espírita do Estado de São Paulo, nos cursos de Educação Mediúnica, Aprendizes do Evangelho, Expositores e Divulgadores. É ex-expositor do Centro Espírita Nosso Lar (Casas André Luiz), Conselheiro Efetivo do Conselho Deliberativo e membro do Conselho Jurídico Consultivo da FEESP. É autor dos livros Entre o Pecado e a Evolução e Macho, Fêmea Etc (DPL €Espírita). Atua em dezenas de Casas Espíritas, especialmente no Núcleo Espírita Segue a Jesus (Casa Verde) e O Semeador (Alphaville). Dirige o orfanato Casa Jesus, Amor e Caridade, e é conselheiro do asilo Casa Luz do Caminho (Horto Florestal, São Paulo). Escrev(' para O Semeador e Jornal Espírita, da FEESP, além de ser colunista dos portais Segue a Jesus (www.segueajesus.org.br). da Fundação Espírita André Luís (www.feal.com.br) e www.espiritismogLcom.br. - Revista Espiritismo & Ciência.

Visão ESpírita sobre suicídios


“A vitória da vida não consiste tanto no ganhar suas batalhas, como em saber sofrer suas derrotas” ( P. C. Vasconcelos Jr. “In” – “Pensamentos”).
O suicídio é o resultado do nosso desequilíbrio espiritual. Quando o cidadão perde o controle das suas forças psíquicas, torna-se alvo das trevas, ( dos maus espíritos), e acaba caindo no tremendo calabouço do suicídio. Há pessoas que chegam às portas do suicídio levadas pela ignorância das leis naturais da causa e do efeito. Algumas pessoas cometem o suicídio, quando tangidas por doenças incuráveis ou quando atingem idade avançada. Não querem ser pesadas para as suas famílias e nem passarem por muitos sofrimentos. Essas pessoas não estão bem conscientes do aspecto espiritual de suas ações. Ignorando a Lei Maior da Vida Eterna, acham que podem estancar os achaques da velhice e que também podem interromper os seus sofrimentos, saindo desta existência, pelas portas trágicas do suicídio. Entretanto, meus amigos, ninguém pode exercer o papel de Deus. Ele nos dá a vida, aqui no planeta Terra e sabe, muito bem, o momento de nos transferir para o Plano Maior. Essas pessoas devem saber que o nosso Espírito ao ingressar no corpo mais denso, por si mesmo, escolheu as experiências cármicas para o seu burilamento íntimo. Nestas circunstâncias, durante nossas lutas, nossas provas e expiações, no planeta que nos acolheu, temos que batalhar até o fim, até à última gota de nossas forças. Temos que lutar até o fim, valendo-nos de todos os recursos para nossa sobrevivência. Só mesmo Deus, nosso Criador, pode fixar o momento da nossa partida. Sabemos que todas as vezes que ocorre o suicídio, o Espírito deverá retornar para reaprender aquela experiência interrompida, ou seja, precisará voltar em outra existência e passar de novo pela mesma provação ou algo similar. A provação pode não ser tão extremada como a que experimentou na existência anterior, porque parte dela já foi vivenciada, entretanto, o Espírito precisará resgatar, até o último ceitil, as provas que se lhe antolham e que foram ocasionadas pelo suicídio. As leis da ação e da reação funcionam como um sistema de pesos e medidas. A situação, assim, fica bem mais complicada, porque o suicídio nada resolve, pelo contrário, é circunstância tremendamente agravante. Meus amigos, a morte física não resolve os problemas que se ligam às nossas responsabilidades. Nossos problemas de ordem sentimental, de ordem social ou de quais quer naturezas, por certo, temos que resolvê-los e saná-los, aqui e agora, à luz da mais santa paciência e do trabalho incansável. Não tentemos fugir dos problemas porque eles nos seguem, como a sombra segue o nosso próprio corpo.

Sim, doe-nos o coração, quando, em trabalhos mediúnicos, temos a oportunidade de constatar a situação de penúria e de angústia dos irmãos que se suicidaram. Abre-se uma exceção para os irmãos que cometeram o suicídio tangidos por doenças mentais ou por desequilíbrios bioquímicos. Aludidas pessoas estariam com sua capacidade de decidir comprometida. Então, quando passam para o outro lado, acordam em uma espécie de abrigo onde recebem o auxílio de que precisam para o restabelecimento. Entretanto, não deixam de responder pela gravidade da falta cometida.

E podemos aduzir mais que a natureza de uma Alma a leva a crescer e a aprender. Por isso mesmo, trazemos, para a nossa existência terrena, determinadas situações que precisamos superar ou para as quais precisamos buscar o equilíbrio. Se nos déssemos conta de que, no plano terreno, é normal vivenciarmos algum tipo de sofrimento, seja físico, mental ou emocional e de que o suicídio não eliminaria essa condição, acreditamos que haveria menos casos de pessoas tirando suas próprias existências. Precisamos nos conscientizar sobre o erro do suicídio e sempre acentuar a responsabilidade que temos de viver plenamente, porque a Vida, em síntese, é uma só, e as existências, neste plano-terra, são os degraus que devemos escalar. Se quebrarmos algum degrau, por certo, teremos que descer de novo e reconstruí-lo. A queda, em qualquer circunstância, é sempre mais dolorosa.

Lembremo-nos sempre e procuremos vivenciar, “ab imo corde”, os valiosos ensinamentos do Eminente Guerreiro-Filósofo Napoleão Bonaparte, (1769 usque 1821):

“Tão valente é aquele que sofre corajosamente as dores da alma como o que se mantém firme diante da metralha de uma bateria. Entregar-se à dor, sem resistir, matar-se e eximir-se à mesma dor, é abandonar o campo de batalha antes de ter vencido”.

SUÍCIDIO - UMA VISÃO ESPÍRITA

Dar fim à própria vida, abrir mão de todas as possibilidades, por uma possível paz, é o caminho que muitos seguem, de forma consciente ou não; mas, ao invés de se mostrar uma solução, transforma-se num longo caminho de dor, sofrimento e libertação.

Francisco Aranda Gabilan

Matéria extraída do seu livro Entre o Pecado e a Evolução

É impressionante e até mesmo perguntas aterrador que tenhamos que chamar de “atual” o tema relativo ao suicídio, seja voluntário, seja indireto. Mas, lastimavelmente, é atual mesmo: é um mal crescente, atingindo toda humanidade.

Sua ocorrência sempre foi constante, desde o passado remoto e em todos os segmentos sociais e étnicos, até mesmo, crianças. Existem relatos de suicídios, tanto individuais, quanto coletivos, em várias culturas indígenas.

Daí a sua atualidade. Aliás, não é por outra razão que o assunto tem sido objeto de preocupação de antropólogos, sociólogos, médicos, psiquiatras, psicólogos, enfim de todos os ramos de ciência do Ser – e obviamente, dos Espíritas, sempre atentos às chagas da humanidade.

É exemplo disso o número de palestras, debates e artigos que solicitam aos espíritas sobre o assunto, incluindo o número de que sempre surgem sobre o mesmo tema. Vale dizer, numa palavra: se há perguntas, é porque o tema necessita de ampla abordagem.


1. Como os Espíritos e o Espiritismo consideram o suicídio?

R: Usando unicamente os ensinos dos Espíritos constantes da Codificação, o suicídio é tido como um crime aos olhos de Deus (Céu e Inferno, cap. 5), e que importa numa transgressão da Lei Divina (Livro dos Espíritos, pergunta 944) e constitui sempre uma falta de resignação e submissão à vontade do Criador (idem, perg. 953-a). Desse modo, “jamais o homem tem o direito de dispor da vida, porquanto só a Deus cabe retirá-lo do cativeiro da Terra, quando o julgue oportuno. O suicida é qual o prisioneiro que se evade da prisão, antes de cumprida a pena; quando preso de novo, é mais severamente tratado. O mesmo se dá com o suicida que julga escapar às misérias do presente e mergulha em desgraças maiores” (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap XXVII, item 71)


2. Por que os Espíritos tratam desse assunto com certa constância?^

R: Primeiramente, como já afirmamos, porque ele é tema sempre atual, pois que o suicídio tem sido marca constante de nossa civilização; segundo, que é o mais importante: a doutrina dos Espíritos, tem um caráter consolador absoluto: através do fato mediúnico (no dizer do cultíssimo Herculano Pires, o fato mediúnico é literalmente uma segunda ressurreição) o espírito volta à carne, não a que deixou no túmulo, mas a do médium que lhe oferece, num gesto de amor, a oportunidade de retorno aos corações que deixou no mundo (Mediunidade, cap 5), é permitido que os próprios suicidas venham dizer-nos que eles não morreram e afirmam que não só não solucionaram o problema que os levou ao ato extremo, como ainda estão “vivos” e, de quebra, com dois problemas: o antigo e o novo, gerado pela violação das leis da Vida. Assim, o Espiritismo trabalha preventivamente para que as pessoas saibam das responsabilidades em praticar atos que possam agravar sua situação futura e não para condená-las ao martírio eterno.


3. Quais as causas que levam o Ser ao suicídio?

R: A incredulidade, a falta de fé, a dúvida, as idéias materialistas. Em suma, crer que o Nada é o futuro, como se o Nada pudesse oferecer consolação, como se fosse remédio para supostamente abreviar o sofrimento, crença que, na verdade, se constitui em covardia moral.


4. Quais as conseqüências do suicídio para o Espírito?

R: Em primeiro lugar, é preciso aclarar-se que o suicídio não apaga a falta cometida, mas, ao contrário, em vez de uma haverá duas; em segundo, que o Espírito, quando se dá conta do ato cometido, constata que nada valeu, ficando literalmente desapontado com os efeitos obtidos e que não eram os buscados, pois se certifica que a vida não se extinguiu e que continua mais real que nunca. Terceiro, e que é bastante doloroso, o suicídio agrava todos os sofrimentos: “depois de prolongados suplícios, nas regiões purgatórias, freqüentemente, após diversas tentativas frustradas de renascimento, readquirem o corpo de carne, mas transportam neles deficiências do corpo espiritual, cuja harmonia desajustaram. Nessa fase, exibem cérebros retardados ou moléstias nervosas obscuras”, segundo Emmanuel em Leis de Amor, capitulo VI.


5. Então, não há esperança de recuperação para o suicida?

R: Claro que há – total! Deus é Amor e Ele outorga a todas as Criaturas a maior expressão da Sua Bondade Infinita: a possibilidade de os Seres evoluírem sempre, incessantemente; permite que as existências se sucedam ofertando as oportunidades infinitas de reajuste e reforma; e isso é possível através do mais efetivo veiculo da Lei de Evolução: a reencarnação.

Portanto, os familiares do suicida de ontem ou de hoje não se exasperem, ao contrário, mantenham viva a esperança de que é possível a remissão das faltas e que o Pai de Misericórdia propiciará os meios de fazer com que o próprio autor do ato extremo se reconheça Espírito Eterno e indestrutível, e que a calma, a resignação e a fé serão os mais seguros preservativos contra as idéias autodestrutivas. Não será demais que se lhes repita: Deus é Bondade Infinita e, portanto, não permite que Suas Criaturas sofram indefinidamente e que esse sofrimento poderá ser abreviado mais rapidamente mercê de orações sinceras e cheias de amor de todos quantos querem que se restabeleça o Bem.

(Revista Espiritismo e Ciência 11, páginas 06-08)

Suicídio visto pelo Espiritismo



:: Acid :: 

O suicídio é a interrupção da vida (óbvio). Mas nesta frase se encontra a chave de todo o drama que o suicida passa após a morte. Assim como o mais avançado dos robôs, ou um simples radinho de pilha, o corpo também tem sua bateria, e um tempo de vida útil baseado nesta carga. De acordo com nossos planos (traçados do "outro lado") teremos uma carga X de energia, que pode ser ampliada, se assim for necessário. Então, um atentado contra a vida não é um atentado exatamente contra Deus, mas contra todos os seus amigos, mentores e engenheiros espirituais que planejaram sua encarnação nos mínimos detalhes, e contra a própria energia Divina que foi "emprestada" para animar seu veículo físico de manifestação: seu corpo.

Eqüivale aos EUA gastar bilhões pra mandar um homem a Marte, e quando ele estivesse lá resolvesse voltar porque ficou com medo ou sentiu saudades de casa. Todos os cientistas envolvidos na missão ficarão P da vida, e com razão. Afinal, quando ele se candidatou para a missão, estava assumindo todos os riscos, com todos os ônus e bônus decorrentes de um empreendimento deste tamanho. Quando esse astronauta voltar à Terra vai ter trabalho até pra conseguir emprego de gari.
É mais ou menos assim no plano espiritual. Um suicida nunca volta pra Terra em condições melhores do que estava antes de cometer o autocídio.

Segundo Allan Kardec, codificador do espiritismo, "Há as conseqüências que são comuns a todos os casos de morte violenta*; as que decorrem da interrupção brusca da vida. Observa-se a persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que liga o Espírito ao corpo, porque este laço está quase sempre em todo o vigor no momento em que foi rompido (Na morte natural ele enfraquece gradualmente e, às vezes, se desata antes mesmo da extinção completa da vida). As conseqüências desse estado de coisas são o prolongamento do estado de perturbação, seguido da ilusão que, durante um tempo mais ou menos longo, faz o Espírito acreditar que ainda se encontra no mundo dos vivos. A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns suicidas, uma espécie de recuperação do estado do corpo sobre o Espírito (ou seja, o espírito ainda sente, de certa forma, as ações que o corpo sofre), que assim se ressente dos efeitos da decomposição, experimentando uma sensação cheia de angústias e de horror. Este estado pode persistir tão longamente quanto tivesse de durar a vida que foi interrompida.

Assim é que certos Espíritos, que foram muito desgraçados na Terra, disseram ter-se suicidado na existência precedente e submetido voluntariamente a novas provas, para tentarem suportá-las com mais resignação. Em alguns, verifica-se uma espécie de ligação à matéria, de que inutilmente procuram desembaraçar-se, a fim de voarem para mundos melhores, cujo acesso, porém, se lhes conserva interditado. A maior parte deles sofre o pesar de haver feito uma coisa inútil, pois que só decepções encontram".

Algumas máximas do espiritismo para o caso de suicídio: 

As penas são proporcionais à consciência que o culpado tem das faltas que comete.

Não se pode chamar de suicida aquele que devidamente se expõe à morte para salvar o seu semelhante.

O louco que se mata não sabe o que faz.

As mulheres que, em certos países, voluntariamente se matam sobre os corpos de seus maridos, obedecem a um preconceito, e geralmente o fazem mais pela força do que pela própria vontade. Acreditam cumprir um dever, o que não é característica do suicídio. Encontram desculpa na nulidade moral que as caracteriza, em a sua maioria, e na ignorância em que se acham.

Os que hajam conduzido/induzido alguém a se matar terão de responder por assassinato, perante as Leis de Deus.

Aquele que se suicida vítima das paixões é um suicida moral, duplamente culpado, pois há nele falta de coragem e bestialidade, acrescidas do esquecimento de Deus.

O suicídio mais severamente punido é aquele que é o resultado do desespero, que visa a redenção das misérias terrenas.


Pergunta - É tão reprovável, como o que tem por causa o desespero, o suicídio daquele que procura escapar à vergonha de uma ação má?
Resposta dos espíritos - O suicídio não apaga a falta. Ao contrário, em vez de uma, haverá duas. Quando se teve a coragem de praticar o mal, é preciso ter-se a de lhe sofrer as conseqüências.

Será desculpável o suicídio, quando tenha por fim impedir a que a vergonha caia sobre os filhos, ou sobre a família?
O que assim procede não faz bem. Mas, como pensa que o faz, isso é levado em conta, pois que é uma expiação que ele se impõe a si mesmo. A intenção lhe atenua a falta; entretanto, nem por isso deixa de haver falta. Aquele que tira de si mesmo a vida, para fugir à vergonha de uma ação má, prova que dá mais apreço à estima dos homens do que a de Deus, visto que volta para a vida espiritual carregado de suas iniqüidades, tendo-se privado dos meios de repará-los aqui na Terra. O arrependimento sincero e o esforço desinteressado são o melhor caminho para a reparação. O suicídio nada repara.

Que pensar daquele que se mata, na esperança de chegar mais depressa a uma vida melhor?
Outra loucura! Que faça ele o bem, e mais cedo irá lá chegar, pois, matando-se, retarda a sua entrada num mundo melhor e terá que pedir lhe seja permitido voltar, para concluir a vida a que pôs termo sob o influxo de uma idéia falsa.

Não é, às vezes, meritório o sacrifício da vida, quando aquele que o faz visa salvar a de outrem, ou ser útil aos seus semelhantes?
Isso é sublime, conforme a intenção, e, em tal caso, o sacrifício da vida não constitui suicídio. É contrário às Leis kármicas todo sacrifício inútil, principalmente se for motivada por qualquer traço de orgulho. Somente o desinteresse completo torna meritório o sacrifício e, não raro, quem o faz guarda oculto um pensamento, que lhe diminui o valor aos olhos de Deus. Todo sacrifício que o homem faça à custa da sua própria felicidade é um ato soberanamente meritório, porque resulta da prática da lei de caridade. Mas, antes de cumprir tal sacrifício, deveria refletir sobre se sua vida não será mais útil do que sua morte.

Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?
É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. Não há culpabilidade, entretanto, se não houver intenção, ou consciência perfeita da prática do mal.

Conseguem seu intento aqueles que, não podendo conformar-se com a perda de pessoas que lhes eram caras, se matam na esperança de ir juntar-se a eles?
Muito ao contrário. Em vez de se reunirem ao que era objeto de suas afeições, dele se afastam por longo tempo.

Fonte: Livro dos espíritos (com algumas alterações) 

Alguns exemplos de efeitos de suicídios na nova vida, como constam no livro “As vidas” de Chico Xavier:

- Chico, minha filha, de 5 anos, é portadora de mongolismo, mas eu acho que ela está sendo assediada por espíritos.
Chico descartava a hipótese "espiritual" e encaminhava mãe e filha à fila de passes. Elas viravam as costas, e ele confidenciava a um amigo:
- Os espíritos estão me dizendo que essa menina, em vida anterior recente, suicidou-se atirando-se de um lugar muito alto.

Outra mãe se aproximava e reclamava do filho, também de 5 anos:
- Ele é perturbado. Fala muito pouco e não memoriza mais que 5 minutos qualquer coisa que nós ensinamos.
Quando os dois estavam a caminho da sala de passes, Chico confidenciava:
- Na última encarnação, esse menino deu um tiro fatal na própria cabeça.

Outro caso, ainda mais chocante:
- Meu filho nasceu surdo, mudo, cego e sem os dois braços. Agora está com uma doença nas pernas e os médicos querem amputar as duas para salvar a vida dele.
Chico pensava numa resposta, quando ouviu o vozeirão de Emmanuel:
- Explique à nossa irmã que este nosso irmão em seus braços suicidou-se nas dez últimas encarnações e pediu, antes de nascer, que lhe fossem retiradas todas as possibilidades de se matar novamente. Agora que está aproximadamente com cinco anos de idade, procura um rio ou um precipício para se atirar. Avise que os médicos estão com a razão. As duas pernas dele serão amputadas, em seu próprio benefício.

morte violenta*: Em casos onde a morte violenta é dívida kármica, e já prevista, sempre há uma equipe de amparadores para fazer o 'desligamento' do corpo e dispersão das energias densas. Os suicidas não contam, obviamente, com esse amparo, pois seria assim um incentivo à prática do suicídio, não havendo assim aprendizado com o erro.

domingo, 4 de setembro de 2011

Caminhando para o suicídio inconsciente

ADÉSIO ALVES MACHADO

Invigilância moral que nasce e se estrutura na ignorância humana, com relação ao conhecimento da vida espiritual, tem dizimado milhões de criaturas através dos tempos, e o pior é que continuará sua marcha lúgubre.
O Espiritismo vem tirar da pasmaceira moral os Espíritos aqui reencarnados, a fim de que melhorem, um pouco que seja, a qualidade de suas vidas, fazendo-os ver e sentir as conseqüências de seus vícios, paixões e desatinos cultivados através do corpo carnal.
Nessas horas de devaneio a criatura se deixa envolver por Espíritos  inferiores, de baixo padrão vibratório, quando o ser perde o domínio integral de si mesmo. Criam-se algemas cruéis, difíceis de serem abertas. É a malha do vício que aprisiona, cerceia a iberdade, impõe condições, passa a dominar.
Queremos referir-nos ao tabagismo, esquecendo por enquanto os demais, como por exemplo o alcoolismo, o uso de drogas, a maledicência, o hábito de caluniar, a lutonaria, o sexo em desregramento, a violência, etc., tudo isso causando sérios curtos-circuitos no perispírito do viciado, energeticamente desestruturando-o, tendo em is-  ta que ele será o molde do novo corpo físico da próxima reencarnação do viciado.
Segundo dados colhidos num trabalho sobre saúde, da jornalista Magaly Sonia onzáles,  publicado na revista IstoÉ, de julho de 2000, “o vício do fumo foi adquirido pelos espanhóis, junto aos índios da América Central, que o encontraram nas adjacências de Tobaco, província de Yucatán. Um dos primeiros a cultivar o tabaco na Europa foi Monsenhor Nicot, embaixador da França, em Portugal, de onde se derivou o nome nicotina, dado à principal toxina nele contida”.
O tabagismo apodera-se do viciado em processo lento mas contínuo, fazendo-o mais uma “vítima”, inicialmente de si mesmo, depois do fumo. Em verdade, o viciado se torna escravo de sua vontade pusilânime. O tabagismo é uma doença que, tratada a tempo, tem cura, requerendo do viciado, no entanto, muita obstinação para dele se desvencilhar, determinação esta que ainda não é apanágio dos Espíritos aqui reencarnados.
Para deixar o cigarro é preciso readquirir o poder da vontade que se estiolou diante da prepotência, do autoritarismo da nicotina e seus sequazes. 
O viciado é aquele que perde o comando da mente.
A luta do viciado pela recuperação do controle da vontade torna-se mais acerba pelo fato de o vício haver encontrado quem lhe insufla maior potência: os Espíritos tabagistas desencarnados. As mentes de além-túmulo não se desvinculam com facilidade sem mais nem menos, deste foco que alimenta seus desregramentos: o fumante terreno.
Os efeitos do tabagismo são devastadores, a saber: ele afeta o sistema respiratório, provocando bronquite, enfisema, câncer pulmonar, laringite, tuberculose, tosse e rouquidão; ataca o sistema digestivo, dificultando o apetite e a digestão, além de provocar úlcera gastroduodenal; aumenta a concentração do ácido úrico, instalando a chamada gota; o sistema circulatório sofre com o aparecimento de varizes, flebite, isquemia, úlceras varicosas, palpitação, trombose, aceleração de doenças coronarianas e cardiovasculares; o sistema nervoso, sempre muito sensível, leva à uremia, mal de Parkinson, vertigem, náuseas, dores de cabeça, nervosismo e opressão. A falta do fumo no organismo do viciado gera ansiedade, angústia, desencadeando crises, convulsões e espasmos. Instala-se, como se depreende, toda uma dependência mental, psíquica e física.
Para os indígenas, a fumaça afastava os “maus espíritos”, daí o surgimento dos defumadores. Os pajés jogavam folhas secas no braseiro, ao mesmo tempo em que invocavam os seus deuses. Com o passar do tempo, habituaram-se a fazer um rolo de folhas secas de tabaco, fumegantes, aspirando e tragando a fumaça, o que neles provocava sensações de prazer. Nascia aí, para desgraça de tantas pessoas e o enriquecimento despudorado de muitas outras, o vício de fumar.
Rogamos a Deus que surjam, cada vez mais, medidas restritivas aos fumantes e aos que propagam o cigarro, como também exemplos de abominação ao tabagismo nas famílias, nas escolas e na sociedade em geral. Com tal procedimento se dará uma demonstração de que o tabagismo é um suicídio em processo inconsciente e lento, porém pertinaz.
A tendência do tabagismo é desaparecer antes do alcoolismo. Os dois têm seus dias contados na face da Terra.
Um vício altamente destruidor da vida física, como o tabagismo, perturba também a vida espiritual pelo fato de lesar o perispírito. Acompanhando o Espírito na erraticidade, não só de imediato aparecem as seqüelas mas, também, no seu retorno à vida carnal, num novo corpo bastante comprometido, estruturado que se acha em matriz defeituosa – o perispírito lesado.
Deixar o vício de fumar, dizem os entendidos, tem de ser feito de uma só vez. Não concordamos tacitamente com isso, tendo em vista que cada criatura tem suas próprias reações orgânicas. O resultado que se obtém em relação a um caso pode ser diverso daquele que se constata em um outro. Deve-se, entendemos, colocar em ação todos os recursos existentes e, estando a pessoa determinada a parar com o uso do cigarro, surgirá  o meio mais eficaz, o que seja mais aconselhável para o seu organismo reagir ao assédio do vício. Referimo-nos ao fato de que, na hora em que o viciado se predispõe a deixar o vício, logo a Espiritualidade Superior passa a cuidar do caso, a ele se dedicando com determinação e amor. Os resultados só poderão ser o melhor – libertação do vício.
O Espiritismo analisa o tabagismo como um “inimigo” do ser humano que precisa ser “eliminado”. Sendo um gerador de doenças e de dependências, merece do Espiritismo uma batalha sem trégua. Contudo, ele atuará sem violentação de consciências, somente ajudando, com a sua terapia, a quem quiser ser ajudado.
O viciado recebe do Espiritismo, além de informações fornecidas pela medicina tradicional quanto aos males provocados pelo fumo, o alerta contra as obsessões e as desastrosas conseqüências no campo energético do Espírito, fator este a exigir atenções especiais e procedimentos profundos na mentalização do fumante.
Mostra a Doutrina Espírita a necessidade não só de se cuidar do corpo, mas, so-bretudo, do Espírito e de seu campo vibratorial, o perispírito.
A visão reencarnacionista é o principal fator que induz à reformulação dos valores ético-morais de quem se aproxima do Espiritismo, pois representa, acima de tudo, o uso da lógica e da razão na busca de uma melhor compreensão da vida, abrangendo o aspecto dual da existência: o material e o espiritual.
Compete-nos, portanto, ajudar os nossos irmãos e irmãs que se encontram sob o jugo do vício a fugirem desta forma sub-reptícia de mergulhar num suicídio inconsciente.

952. Comete suicídio o homem que perece vítima de paixões que ele sabia lhe haviam de apressar o fim, porém a que já não podia resistir, por havê-las o hábito mudado em verdadeiras necessidades físicas?
“É um suicídio moral. Não percebeis que, nesse caso, o homem é duplamente culpado? Há nele então falta de coragem e bestialidade, acrescidas do esquecimento de Deus.”
a) – Será mais, ou menos, culpado do que o que tira a si mesmo a vida por desespero?
“É mais culpado, porque tem tempo de refletir sobre o seu suicídio. Naquele que o faz instantaneamente, há, muitas vezes, uma espécie de desvairamento, que alguma coisa tem da loucura. O outro será muito mais punido, por isso que as penas são proporcionadas sempre à consciência que o culpado tem das faltas que comete.”