sábado, 31 de dezembro de 2011
Loucura, Suicídio e Obsessão
V. — Certas pessoas consideram as idéias espíritas como capazes de perturbar as faculdades mentais, pelo que acham prudente deter-lhes a propagação.
A. K. — Deveis conhecer o provérbio: “Quem quer matar o cão — diz que o cão está danado.”
Não é, portanto, estranhável que os inimigos do Espiritismo procurem agarrar-se a todos os pretextos; como este lhes pareceu próprio para despertar temores e suscetibilidades, empregam-no logo, conquanto não resista ao mais ligeiro exame. Ouvi, pois, a respeito dessa loucura, o raciocínio de um louco.
Todas as grandes preocupações do espírito podem ocasionar a loucura; as ciências, as artes, a religião mesmo, fornecem o seu contingente. A loucura provém de um certo estado patológico do cérebro, instrumento do pensamento; estando o instrumento desorganizado, o pensamento fica alterado.
A loucura é, pois, um efeito consecutivo, cuja causa primária é uma predisposição orgânica, que torna o cérebro mais ou menos acessível a certas impressões; e isto é tão real que encontrareis pessoas que pensam excessivamente e não ficam
loucas, ao passo que outras enlouquecem sob o influxo da menor excitação.
Existindo uma predisposição para a loucura, toma esta o caráter de preocupação principal, que então se torna idéia fixa; esta poderá ser a dos Espíritos, num indivíduo que deles se tenha ocupado, como poderá ser a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma ciência, da maternidade,
de um sistema político ou social. É provável que o louco religioso se tivesse tornado um louco espírita, se o Espiritismo fosse a sua preocupação dominante.
É certo que um jornal disse que se contavam, só em uma localidade da América, de cujo nome não me recordo, 4.000 casos de loucura espírita; mas é também sabido que os nossos adversários têm a idéia fixa de se crerem os únicos dotados de razão; é uma esquisitice como outra qualquer. Para eles, nós somos todos dignos de um hospital de doidos, e, por conseqüência, os 4.000 espíritas da localidade em questão eram considerados como loucos.
Dessa espécie, os Estados Unidos contam centenas de milhares, e todos os países do mundo um número ainda muito maior. Esse gracejo de mau gosto começa a não ter valor, desde que tal moléstia vai invadindo as classes mais elevadas da sociedade.
Falam muito do caso de Vitor Hennequin, mas se esquecem que, antes de se ocupar com os Espíritos, já ele havia dado provas de excentricidade nas suas idéias; se as mesas girantes não tivessem então aparecido (as quais, segundo um trocadilho bem espirituoso dos nossos adversários, lhe fizeram girar a cabeça), sua loucura teria seguido outro rumo.
Eu digo, pois, que o Espiritismo não tem privilégio algum, nesse sentido; mas vou ainda além: afirmo que, bem compreendido, ele é um preservativo contra a loucura e o suicídio.
Entre as causas mais numerosas de excitação cerebral, devemos contar as decepções, os desastres, as afeições contrariadas, as quais são também as mais freqüentes causas dosuicídio. Ora, o verdadeiro espírita vê as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado, que as tribulações não são para eles senão os incidentes desagradáveis de uma viagem.
Aquilo que em outro qualquer produziria violenta comoção, afeta-o mediocremente. Ele sabe que os dissabores da vida são provas que servirão para o seu adiantamento, se as sofrer sem murmurar, porque sua recompensa será proporcional à coragem com que as houver suportado. Suas convicções dão-lhe, pois, uma resignação que o preserva do desespero e, por conseqüência, de uma causa incessante de loucura e de suicídio.
Ele sabe, além disso, pelo espetáculo que lhe dão as comunicações com os Espíritos, a sorte deplorável dos que abreviam voluntariamente os seus dias, e este quadro é bem de molde a fazê-lo refletir; também é considerável o número dos que por esse meio têm sido detidos nesse funesto declive. É um dos grandes resultados do Espiritismo.
Em o número das causas de loucura, devemos também colocar o medo, principalmente do diabo, que já tem desarranjado mais de um cérebro. Sabe-se o número de vítimas que se tem feito, ferindo as imaginações fracas com esse painel que, por detalhes horrorosos, capricham em tornar mais assustador.
O diabo, dizem, só causa medo às crianças, é um freio para corrigi-las; sim, como o papão e o lobisomem, que as contêm por algum tempo, tornando-se elas piores que antes, quando lhes perdem o medo; mas, em troca desse pequeno resultado, não contam as epilepsias que têm sua origem nesse abalo de cérebros tão delicados.
Não confundamos a loucura patológica com a obsessão; esta não provém de lesão alguma cerebral, mas da subjugação que Espíritos malévolos exercem sobre certos indivíduos, e que, muitas vezes, têm as aparências da loucura propriamente dita. Esta afecção, muito freqüente, é independente de qualquer crença no Espiritismo e existiu em todos os tempos. Neste caso, a medicação comum é impotente e mesmo prejudicial.
Fazendo conhecer esta nova causa de perturbação orgânica, o Espiritismo nos oferece, ao mesmo tempo, o único meio de vencê-la, agindo não sobre o enfermo, mas sobre o Espírito obsessor. O Espiritismo é o remédio e não a causa do mal.
O Que é o Espiritismo?
Capítulo I
DESGOSTO DA VIDA? UMA REFLEXÃO SOBRE O SUICÍDIO
Refletindo sobre a questão 945 de "O Livro dos Espíritos" que pensar do suicídio que tem por causa o desgosto da vida? Os Espíritos responderam: "Insensatos! Por que não trabalhavam? A existência não lhes seria uma carga!"
Sabemos que o suicida, além de sofrer no mundo espiritual as dolorosas conseqüências de seu gesto impensado de revolta diante das leis da vida, ainda renascerá com todas as seqüelas físicas daí resultantes, e terá que arrostar novamente a mesma situação provacional que a sua flácida fé e distanciamento de Deus não lhe permitiu o êxito existencial.
É preciso ter calma para viver, até porque não há tormentos e problemas que durem para sempre. Recordemos que Jesus nos assegurou que "O Pai não dá fardos mais pesados que os ombros".
O suicídio é a mais desastrada maneira de fugir das provas ou expiações pelas quais devemos passar. É uma porta falsa em que o indivíduo, julgando libertar-se de seus males, precipita-se em situação muito pior. Arrojado violentamente para o Além-túmulo, em plena vitalidade física, revive, intermitentemente, por muito tempo, os acicates de consciência e sensações dos derradeiros instantes, e fica submerso em regiões de penumbras onde seus tormentos serão importantes, para o sacrossanto aprendizado, flexibilizando-o e credenciando-o a respeitar a vida com mais empenho.
A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio, como contrário às leis da Natureza. Todas asseveram, em primeiro, que ninguém tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Entretanto, por que não se tem esse direito? Por que não é livre o homem de pôr termo aos seus sofrimentos? Ao Espiritismo estava reservado demonstrar,pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta somente por constituir infração de uma lei moral, consideração de pouco peso para certos indivíduos, mas também um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes o contrário é o que se dá, como no-lo ensinam, não a teoria, porém os fatos que ele nos põe sob as vistas."
Não há como falar do assunto sem evocarmos o sociólogo Emile Durkheim, que afirma existirem homens capazes de resistir a desgraças horríveis enquanto outros se suicidam depois de aborrecimentos ligeiros. Seria importante investigar a causa desta resistência diversa e o que contribui para essa estrutura maior ou menor.Interessante anotar que é nas épocas em que a vida é menos dura que as pessoas a abandonam com mais facilidade.
Considerada a doença do século, responsável por muitos dos suicídios, a depressão tem preocupado os especialistas. Os psiquiatras estimam que de cada grupo de 100 pessoas, 15 tem a probabilidade de desenvolver a depressão. E um distúrbio que ocorre por causa da alteração de substâncias como a serotonina e a noroadrenalina. O quadro depressivo é gerado por mudanças na produção e utilização dos neurotransmissores cerebrais (noradrenalina, interferona, serotonina e dopamina). Quando sua produção ou forma de produção se altera pode gerar a depressão e daí para o suicídio é uma porta escancarada.
E o suicida é, antes de tudo, o deprimido, e a depressão é a doença da modernidade. O suicida não quer matar a si próprio mas alguma coisa que carrega dentro de si e que sinteticamente pode ser nominado de sentimento de culpa e vontade de querer matar alguém com quem se identifica. Como as restrições morais o impedem, ele acaba se autodestruindo. Assim "o suicida mata uma outra pessoa que vive dentro dele e que o incomoda profundamente".
A obsessão poderia ser definida como um constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente, graças à presença perturbadora de um ser espiritual. Vale a pena ler a descrição feita por Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns." (cap. 23, 44º, ed. FEB, RJ, 1981)
Diversas são as obras que comentam o assunto, assim temos como exemplo "O Martírio dos Suicidas", de Almerindo Martins de Castro, e "Memórias de um Suicida", de Yvonne A. Pereira. Por outro lado não podemos esquecer que Allan Kardec, no livro "O Céu e o Inferno" ou "A Justiça divina segundo o Espiritismo", deixa enorme contribuição em exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual e, especificamente, no capítulo V da Segunda parte, onde aborda a questão dos suicidas.
É verdade que após a desencarnação, não há tribunal nem Juízes para condenar o espírito, ainda que seja o mais culpado. Fica ele simplesmente diante da própria consciência, nu perante a si mesmo e todos os demais, pois nada pode ser escondido no mundo espiritual, tendo o indivíduo de enfrentar suas próprias criações mentais.
Jorge Hessen - Distrito Federal
Artigo publicado na Revista "O Espírita"
Dezembro de 2004 - Ano XXVII - Nº 118
Suicídio e autocastigo
Deus não castiga o suicida, pois é o próprio suicida quem se castiga. A noção do castigo divino é profundamente modificada pelo ensino espírita. Considerando-se que o Universo é uma estrutura de leis, uma dinâmica de ações e reações em cadeia, não podemos pensar em punições de tipo mitológico após a morte. Mergulhado nessa rede de causas e efeitos, mas dotado do livre arbítrio que a razão lhe confere, o homem é semelhante ao nadador que enfrenta o fatalismo das correntes de água, dispondo de meios para dominá-las.
Ninguém é levado na corrente da vida pela força exclusiva das circunstâncias. A consciência humana é soberana e dispõe da razão e da vontade para controlar-se e dirigir-se. Além disso, o homem está sempre amparado pelas forças espirituais que governam o fluxo das coisas. Daí a recomendação de Jesus: “Orai e vigiai”. A oração é o pensamento elevado aos planos superiores – a ligação do escafandrista da carne com os seus companheiros da superfície – e a vigilância é o controle das circunstâncias que ele deve exercer no mergulho material da existência.
O suicida é o nadador apavorado que se atira contra o rochedo ou se abandona à voragem das águas, renunciando ao seu dever de vencerias pela força dos seus braços e o poder da sua coragem, sob a proteção espiritual de que todos dispomos.
A vida material é um exercício para o desenvolvimento dos poderes do espírito. Quem abandona o exercício por vontade própria está renunciando ao seu desenvolvimento e sofre as consequências naturais dessa opção negativa. Nova oportunidade lhe será concedida, mas já então ao peso do fracasso anterior.
Cornélio Pires, o poeta caipira de Tietê, responde à pergunta do amigo através de exemplos concretos que falam mais do que os argumentos. Cada uma de nossas ações provoca uma real, o da vida. A arte de viver consiste no controle das nossas ações (mentais, emocionais ou físicas) de maneira que nós mesmos nos castigamos ou nos premiamos. Mas mesmo no autocastigo não somos abandonados por Deus que vela por nós em nossa consciência.
(Irmão Saulo)
Texto retirado do livro “Astronautas do Além”,
de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires - Espíritos diversos.
Fonte: ESPÍRITA NA NET
terça-feira, 22 de novembro de 2011
SUICÍDIO, TERRÍVEL ENGANO.
O PRIMEIRO DOS DIREITOS NATURAIS DO HOMEM É O DE VIVER.
O PRIMEIRO DEVER É O DE DEFENDER O PRIMEIRO DIREITO.
VISÃO ESPÍRITA DO SER HUMANO:
REENCARNAÇÃO / HOMEM / DESENCARNAÇÃO
MATERIALIDADE
TEMPO
ESPIRITUALIDADE
Por contingência própria da humanidade terrena, seu processo evolutivo impõe a necessidade das experiências reencarnatórias, através das quais assimila virtudes e descarta imperfeições.
Para tal, o Espírito deixa temporariamente o mundo primitivo - o dos Espíritos - para um estágio vivencial na materialidade que precisa dominar, conforme planejamento em seu benefício. Essa programação genérica, cuja execução depende unicamente da vontade do executor, estabelece inclusive uma carga potencial de vitalidade para o organismo físico e, por conseqüência, um cronograma para o estágio na temporalidade material.
Qualquer alteração nesse planejamento, sem anuência da direção superior da vida, reduzindo o tempo de vivência terrena, deve ser qualificado de suicídio, o que equivale grave transgressão das leis divinas.
A incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as idéias materialistas, numa palavra, são os maiores excitantes ao suicídio: elas dão a covardia moral.” (Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 16)
VISÃO ESPÍRITA DO SUICÍDIO
- O homem tem o direito de dispor da sua própria vida?
R- Não, só Deus tem esse direito. O suicídio voluntário é uma transgressão dessa lei.
- O suicídio não é sempre voluntário?
R- O louco que se mata não sabe o que faz.
- O suicídio que tem por objetivo escapar à vergonha de uma ação má é tão repreensível como o que é causado pelo desespero?
R- O suicídio não apaga a falta, ao contrário, haverá duas em lugar de uma. Quando se teve a coragem de fazer o mal, é preciso ter a de suportar suas conseqüências. Deus julga e, segundo a causa, pode, algumas vezes, diminuir seus rigores.
NOTA DE KARDEC:
“Aquele que tira a própria vida para fugir à vergonha de uma ação má, prova que se prende mais à estima dos homens que à de Deus.”
"Um momento de rebeldia põe um destino em perigo, assim como diminuto erro de cálculo ameaça a estabilidade dum edifício inteiro."
(Gúbio - LIBERTAÇÃO, p. 160)
"Aprende, de uma vez para sempre, que és imortal e que não será pelos desvios temerários do suicídio que a criatura humana encontrará o porto da verdadeira felicidade..."
(Camilo Castelo Branco in MEMÓRIAS DE UM SUICIDA - psicografia de Yvone A . Pereira, p. 568)
NADA JUSTIFICA O SUICÍDIO.
MORRER NA HORA CERTA É SEMPRE MELHOR !
CAUSAS PRINCIPAIS:
1. Falta de fé
2. Orgulho = sentimentos feridos
3. Loucura
4. Solução para problemas
5. Obsessão
6. Fraqueza moral
REMÉDIOS RECOMENDADOS:
1. paciência + resignação
2. certeza da vida futura
3. confiança em Deus
CONSEQÜÊNCIAS:
“As conseqüências do suicídio são muito diversas: não há penas fixadas e, em todos os casos, são sempre relativas às causas que provocaram. Mas uma conseqüência à qual o suicida não pode fugir é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos: depende das circunstâncias. Alguns expiam a sua falta imediatamente, outros em uma nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam.” (LE, questão 957)
SUICÍDIO INDIRETO:
“ O suicídio não consiste somente no ato voluntário que produz a morte instantânea; está também em tudo o que se faz, em conhecimento de causa, que deve apressar, prematuramente, a extinção das forças vitais.” (Allan Kardec – O CÉU E O INFERNO, 2 P, Cap. 5, p. 263)
TAMBÉM SUICIDAS:
“São, também, suicidas, os sexólatras inveterados, os viciados deste ou daquele teor, os que ingerem altas cargas de tensão, os que se envenenam com o ódio e se desgastam com as paixões deletérias, os glutões e ociosos, os que cultivam o pessimismo e as enfermidades imaginárias...” (Joanna De Ângelis – APÓS A TEMPESTADE, p. 100)
CIRCUNSTÂNCIAS REFLEXAS:
“(...) quando torna a merecer o prêmio de um novo corpo carnal na Esfera Humana, dentre as provas que repetirá, naturalmente se inclui a extrema tentação ao suicídio na idade precisa em que abandonou a posição de trabalho que lhe cabia (...) ANDRÉ LUIZ - Ação e Reação, p. 93
FONTES:
- O LIVRO DOS ESPÍRITOS:
CONFRARIA DO CONSOLADOR
Difundindo o Espiritismo
Clique aqui para ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/imortalidade-da-alma/suicidio-terrivel-engano/#ixzz1eUgWfPn9
terça-feira, 1 de novembro de 2011
O SUICIDA DO TREM
(História contada por Divaldo Franco)
terça-feira, 27 de setembro de 2011
ANTE O SUICÍDIO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ESPÍRITAS
ANTE O SUICÍDIO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ESPÍRITAS
Em recente reportagem, divulgou-se que uma jovem, de 15 anos, suicidou-se com um tiro de revolver, dentro de uma escola, em Curitiba. Não houve grito nem pedido de socorro.
Em silêncio, ela entrou no banheiro e se trancou em uma das cinco cabines reservadas.
Sentada sobre o vaso sanitário, disparou contra a boca.
Suicídios desse gênero (tiro especialmente), em escolas brasileiras, não são comuns.
“Três meses antes da tragédia, a jovem procurou os pais e pediu para que eles a levassem a um psicólogo.
Dizia sentir-se triste e desmotivada.
O pai passou a pegá-la na aula de pintura e levá-la, semanalmente, a um psiquiatra. No inquérito policial sobre o suicídio, apurou-se que ela tomava benzodiazepínicos (soníferos) para dormir, e outros fármacos para controlar a ansiedade que sentia”. (1)
Diante do dilema, indagamos: Como os pais podem proteger os filhos ante os desequilíbrios emocionais que assolam a juventude de hoje?
Obviamente, precisam estar atentos.
Interpretar qualquer tentativa ou anúncio de suicídio do jovem como sinal de alerta.
O ideal é procurar ajuda especializada de um psicólogo e, para os pais espíritas, os recursos terapêuticos dos centros espíritas.
Aproximar-se, mais amiudemente, do filho que apresenta sinais fortes de introspecção ou depressão. O isolamento e o desamparo podem terminar com aguda depressão e ódio da vida.
É evidente que sugerir serem os pais os únicos responsáveis pelo autocídio de um filho(a), é algo muito delicado e preocupante, pois, trata-se um ato pessoal de extremo desequilíbrio da personalidade, gerado por circunstâncias atuais ou por reminiscências de existências passadas.
É evidente que sugerir serem os pais os únicos responsáveis pelo autocídio de um filho(a), é algo muito delicado e preocupante, pois, trata-se um ato pessoal de extremo desequilíbrio da personalidade, gerado por circunstâncias atuais ou por reminiscências de existências passadas.
Se há culpa dos pais, atribui-se à negligência, à desatenção, a não perceber as mudanças no comportamento de um filho(a) e a tudo que acontece à sua volta.
Sobre isso, estamos convictos de que a sociedade, como um todo, é, igualmente, culpada. Inobstante colocarem o fardo da culpa nos pais em primeiro lugar, reflitamos: quem pode controlar a pressão psicológica que uma montanha de apelos vazios faz na cabeça dos jovens, diariamente? O suicídio é um ato exclusivamente humano e está presente em todas as culturas. Suas matrizes causais são numerosas e complexas.
Os determinantes do suicídio patológico estão nas perturbações mentais, depressões graves, melancolias, desequilíbrios emocionais, delírios crônicos, etc. Algumas pessoas nascem com certas desordens psiquiátricas, tal como a esquizofrenia e o alcoolismo, o que aumenta o risco de suicídio. Há os processos depressivos, onde existem perdas de energia vital no organismo, desvitalizando-o, e, conseqüentemente, interferindo em todo o mecanismo imunológico do ser.
Em termos percentuais, 70% das pessoas que cometem suicídio, certamente sofriam de um distúrbio bipolar (maníaco-depressivo); ou de um distúrbio do humor; ou de exaltação/euforia (mania), que desencadearam uma severa depressão súbita, nos últimos minutos que antecederam aos de suas mortes.
O suicídio pode ocorrer, tanto na fase depressiva, quanto na fase da mania, sempre conseqüente do estado mental. O suicida é, antes de tudo, um deprimido, e a depressão é a doença da modernidade.
O suicida não quer matar a si próprio, mas alguma coisa que carrega dentro de si e que, sinteticamente, pode ser nominado de sentimento de culpa e vontade de querer matar alguém com quem se identifica.
Como as restrições morais o impedem, ele acaba se autodestruindo. Assim, “o suicida mata uma outra pessoa que vive dentro dele e que o incomoda, profundamente. Outra coisa que deve ser analisada é a obsessão que poderia ser definida como um constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente, pela presença perturbadora de um obsessor.
A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às leis da Natureza. Todas asseveram que ninguém tem o direito de abreviar, voluntariamente, a vida. Entretanto, por que não se tem esse direito? Por que não é livre o homem de pôr termo aos seus sofrimentos? Ao Espiritismo estava reservado demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta somente por constituir infração de uma lei moral – consideração, essa, de pouco peso para certos indivíduos – mas, também, um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica.
Antes, o contrário, é o que se dá com eles, na existência espiritual, após ato tão insano. Temos notícia, não somente, pelo que lemos nos livros da Doutrina Espírita e que nos advertem os Espíritos Superiores, mas pelos testemunhos que nos dão esses infelizes irmãos, narrando tristes fatos que eles mesmos nos põem sob as vistas, em sessões de orientação às entidades sofredoras.
Sob o ponto de vista sociológico, o suicídio é um ato que se produz no marco de situações anômicas, (2) em que os indivíduos se vêem forçados a tirar a própria vida para evitar conflitos ou tensões inter-humanas, para eles insuportáveis.
O pensador Émile Durkheim teoriza que a “causa do suicídio, quase sempre, é de raiz social, ou seja, o ser individual é abatido pelo ser social.
Absorvido pelos valores [sem valor], como o consumismo, a busca do prazer imediato, a competitividade, a necessidade de não ser um perdedor, de ser o melhor, de não falhar, o jovem se afasta de si mesmo e de sua natureza. Sobrevive de ‘aparências’, para representar um ‘papel social’ como protagonista do meio. Nessa vivência neurotizante, ele deixa de desenvolver suas potencialidades, não se abre, nem expõe suas emoções e se esmaga na sua intimidade solitária.” (3)
O Espiritismo adverte que o suicida, além de sofrer no mundo espiritual as dolorosas conseqüências de seu gesto impensado, de revolta diante das leis da vida, ainda renascerá com todas as seqüelas físicas daí resultantes, e terá que arrostar, novamente, a mesma situação provacional que a sua flácida fé e distanciamento de Deus não lhe permitiram o êxito existencial.
É verdade que após a desencarnação não há tribunal nem Juízes para condenar o espírito, ainda que seja o mais culpado. Fica ele, simplesmente, diante da própria consciência, nu perante si mesmo e todos os demais, pois nada pode ser escondido no mundo espiritual, tendo o indivíduo de enfrentar suas próprias criações mentais.
“O pensamento delituoso é assim como um fruto apodrecido que colocamos na casa de nossa mente. A irritação, a crítica, o ciúme, a queixa exagerada, qualquer dessas manifestações, aparentemente sem importância, pode ser o início de lamentável perturbação, suscitando, por vezes, processos obsessivos nos quais a criatura cai na delinqüência ou na agressão contra si mesma.” (4)
A rigor, não existe pessoa “fraca”, a ponto de não suportar um problema, por julgá-lo superior às suas forças. O que de fato ocorre é que essa criatura não sabe como mobilizar a sua vontade própria e enfrentar os desafios.
Joanna de Angelis assevera que o “suicídio é o ato sumamente covarde de quem opta por fugir, despertando em realidade mais vigorosa, sem outra alternativa de escapar”.(5)
Na Terra, é preciso ter tranqüilidade para viver, até porque, não há tormentos e problemas que durem uma eternidade.
Recordemos que Jesus nos assegurou que
“O Pai não dá fardos mais pesados que nossos ombros” e “aquele que perseverar até o fim, será salvo”. (6)
Jorge Hessen
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
SUICÍDIO
SUICÍDIO
LOUCA HUMANIDADE!SOFRIMENTO DE UM SUICIDA
"As conseqüências do suicídio são as mais diversas. Não há penalidades fixadas e em todos os casos elas são sempre relativas às causas que o produziram. Mas uma conseqüência a que o suicida não pode escapar é o desapontamento. De resto, a sorte não é a mesma para todos, dependendo das circunstâncias. Alguns expiam sua falta imediatamente, outros numa nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam." (resposta dos Espíritos à pergunta 957 de O Livro dos Espíritos).
A observação mostra, com efeito, que as conseqüências do suicídio não são sempre as mesmas. Há, porém, as que são comuns a todos os casos de morte violenta, as que decorrem da interrupção brusca da vida. É primeiro a persistência mais prolongada e mais tenaz do laço que liga o Espírito e o corpo, porque esse laço está quase sempre em todo o seu vigor no momento em que foi rompido, enquanto na morte natural se enfraquece gradualmente e em geral até mesmo se desata antes da extinção completa da vida. As conseqüências desse estado de coisas são o prolongamento da perturbação espírita, seguido da ilusão que, durante um tempo mais ou menos longo, faz o Espírito acreditar que ainda se encontra no número dos vivos.
A afinidade que persiste entre o Espírito e o corpo produz, em alguns suicidas, uma espécie de repercussão do estado do corpo sobre o Espírito, que assim ressente, mau grado seu, os efeitos da decomposição, experimentando uma sensação cheia de angústias e de horror. Esse estado pode persistir tão longamente quanto tivesse de durar a vida que foi interrompida. Esse efeito não é geral; mas em alguns casos o suicida não se livra das conseqüências da sua falta de coragem e cedo ou tarde expia essa falta, de uma ou de outra maneira. É assim que certos Espíritos, que haviam sido muito infeliz na Terra, disseram haver se suicidado na existência precedente e estar voluntariamente submetidos a novas provas, tentando suportá-las com mais resignação. Em alguns é uma espécie de apego à matéria, da qual procuram inutilmente desembaraçar-se para se dirigirem a mundos melhores, mas cujo acesso lhes é interditado. na maioria é o remorso de haverem feito uma coisa inútil, da qual só provam decepções.
A religião, a moral, todas as Filosofias condenam o suicídio como contrário à lei natural. Todas nos dizem, em princípio, que não se tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Mas por que não se terá esse direito? Por que não se é livre de por um termo aos próprios sofrimentos? Estava reservado ao Espiritismo demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é apenas uma falta como infração a uma moral, consideração que pouco importa para certos indivíduos, mas um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica e até pelo contrário. Não é pela teoria que ele nos ensina isso, mas pelos próprios fatos que coloca sob os nossos olhos. (Allan Kardec)
O argumento espírita contra o suicídio não é apenas moral, como se vê, mas também biológico, firmando-se no princípio da ligação entre o Espírito e o corpo. A morte, como fenômeno natural, tem as suas leis que o Espiritismo revelou através de rigorosa investigação. O sofrimento do suicida decorre do rompimento arbitrário dessas leis; é como arrancar à força um fruto verde da árvore. As estatísticas mostram que a incidência do suicídio é maior nos países e nas épocas em que a ambição e o materialismo se acentuam, provocando mais abusos e excitando preconceitos. A falta de organização social justa e de educação para todos é causa de suicídios e crimes. (J. Herculano Pires)
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA
MEMÓRIAS DE UM SUICIDA |
O livro Memórias de um Suicida está entre os mais comentados do Espiritismo, com relatos e imagens impressionantes do Vale dos Suicidas, e lições importantes para a humanidade.
Se porventura já passou pela mente de alguém a idéia de fugir dos graves problemas que o assolam e dizer-se disposto "a acabar com tudo"; ou se, de outro modo, alguém já indagou o que acontecerá ao suicida após a morte, quais as conseqüências, por certo ambos encontrarão resposta no livro Memórias de Um Suicida: o primeiro encontrará um antídoto para aplacar suas idéias de auto-extermínio; o segundo visualizará a situação dramática e pavorosa descrita exatamente por um suicida. Ambos, na dúvida e ainda que seja por temor, ficarão extáticos se lerem a obra.
A Obra e o Autor
Trata-se de um livro recebido mediunicamente por Yvonne do Amaral Pereira - médium carioca com considerável obra de literatura espírita, já desencarnada em 1984 - por intermédio de quem um falecido escritor português, suicida, de nome Camilo Cândido Botelho, descreve a condição de quem busca a morte por intermédio do ato extremo, focalizando as facetas mais tormentosas que decorrem dessa atitude.
Algumas particularidades envolvem a obra:
1) A própria Yvonne, na introdução da oitava edição do livro (que é uma publicação da FEB, Federação Espírita Brasileira, de 1954), informa aos leitores que a obra, conquanto de origem mediúnica, não foi rigorosamente psicografada pois, diz ela, "eu via e ouvia nitidamente as cenas aqui descritas, observava as personagens, os locais, com clareza e certeza absolutas, como se os visitasse e a tudo estivesse presente e não como se apenas obtivesse notícias através de simples narrativas". E a escrita se seguia depois de que, durante o sono do corpo físico e em Espírito, se "alçava ao convívio do mundo invisível e as mensagens já não eram escritas, mas narradas, mostradas, exibidas à minha faculdade mediúnica para que, ao despertar, maior facilidade eu encontrasse para compreender" os fatos que assistira e que por seus próprios meios não tinha condição de descrever (p. 9).
Esclareça-se que essa modalidade de transmissão mediúnica se dá através do chamado desdobramento (emancipação da alma), no qual o médium, durante o descanso ou torpor do corpo físico, em espírito se desdobra para entrar em contato com a realidade do mundo extra físico, tendo exata noção do que pôde ver ou dos conselhos que recebeu (Livro dos Espíritos, A. Kardec, questões 409 e 410).
2) O autor espiritual foi no livro identificado pelo nome de Camilo Cândido Botelho, mas tratava-se efetivamente de um dos maiores nomes da literatura portuguesa do século 19: Camilo Castelo Branco. Este, após ter tomado conhecimento de uma cegueira irreversível, disparou um tiro de revólver no ouvido, em maio de 1890. Deduz-se facilmente que o personagem Espírito narrador dos fatos é Camilo Castelo Branco, por várias circunstâncias: pelo fato de Yvonne mesma ter dito que o ocultaria sob o pseudônimo de Camilo Cândido Botelho (na página 8, observem-se as iniciais claríssimas de ambos os nomes e o prenome exato); a autoria resta clara para quem conhece a obra do talentos o escritor português, seja pelo estilo, seja pelos fatos narrados que coincidem com os seus em vida; e, afinal, porque a própria médium disse que, dentre os numerosos Espíritos de suicidas com quem tivera contato, um se destacou pela assiduidade e pela simpatia e por seu "nome glorioso que deixou na literatura em língua portuguesa, pois se tratava de romancista fecundo e talentoso, senhor de cultura tão vasta ... " (p. 8).
3) Conquanto tenha sido a obra editada pela FEB em 1954, a médium registra que ela se iniciou em 1926, sob a orientação de Léon Denis (Espírito), em vida considerado um verdadeiro apóstolo do Espiritismo. Em razão de gravíssimos problemas pessoais, paralisou as anotações que recebia durante quase vinte anos, retomando os trabalhos em 1946, compilando os fragmentos produzidos e adicionando outros fatos e novas observações, de onde resultou - segundo consta, sob a inspiração instigada do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes - a decisão de publicá-la cerca de oito anos depois (informação verbal de Samuel Angarita, decano espírita da FEESP, que conheceu a médium).
4) A médium declara, no mesmo prefácio da obra, que ela de há muito recebia comunicações, psicográficas ou psicofônicas, de inúmeros suicidas, que se afinizavam com ela, porquanto ela mesma fora uma suicida em outra existência, em encarnação passada (p.7).
O LIVRO E SEU CONTEÚDO
Não se trata de um livro de leitura suave, deleitável, no qual o leitor pense encontrar entretenimento; ao contrário, é calhamaçudo (568 páginas, 22 capítulos distribuídos em três partes), de linguagem apurada, castiça e pura - seja porque Camilo fora um purista da língua, seja pela época em que foi escrito -, mas, principalmente, porque encerra assustadoras, aterradoras e tempestuosas experiências vividas por um suicida, exatamente concitando o leitor a refletir sobre as conseqüências desse ato.
Sabe-se, em anos de experiência nas lides espíritas, que incontável número de pessoas interrompeu diversas vezes a leitura, dado o impacto inicial que o livro causa, especialmente pela descrição da dramática situação daqueles que se encontram no que o narrador Espiritual chama de Vale dos Suicidas.
Trata-se daquele tipo de obra que se diz que é para ser lida "no tempo certo", ou quando "se está pronto" para um contato com tal realidade chocante.
Mas é exatamente por isso que é considerado nos meios espíritas, dentre os-mais doutos e estudiosos, com um verdadeiro marco nesse tipo de literatura oriunda do mundo espiritual. Tenha-se em conta o choque de opiniões e o alvoroço de conceitos que provocaram as primeiras obras do Espírito André Luiz, editado o primeiro pela mesma FEB em 1944 (Nosso Lar, André Luiz (Espírito), psicografia de F. C. Xavier, ed. FEB). Daí se pode imaginar a celeuma causada por uma obra escrita antes quase vinte anos antes, mesmo que editada depois.
A temática é forte, dolorosa e triste: o suicídio sempre causou estranheza e indignação às pessoas, pois que em muitos casos as razões reais do auto-extermínio sempre foram desconhecidas. O personagem envolvido é de expressão. As revelações, estarrecedoras.
Mas, de toda sorte, a história narrada não induz a um sofrimento eterno; ao contrário, há uma saída, há um caminho de retorno, de reconstrução para os faltosos que efetivamente se mostrem arrependidos de terem atentado contra a Lei Natural, a Lei Divina. Em uma palavra: a reabilitação é totalmente possível!
E, nesse passo, a obra está em consonância com o aspecto consolador que as obras básicas do Espiritismo trazem sobre o tema: o Livro dos Espíritos, a par de considerar o ato sinistro como um verdadeiro crime que retarda o progresso do seu autor e vítima, aclara que o paciente terá múltiplas oportunidades futuras para redimir-se, para refazer sua caminhada evolutiva, mercê de encarnações reparadoras, no tempo certo (questões 943 a 957).
Com outro enfoque, em O Céu e o Inferno (Ed. FEB, 35ª, Capo V, pp. 295 a 323) há relatos dos próprios suicidas sobre o seu estado infeliz na erraticidade. Ao ser analisado cada um dos casos, observa-se que o sofrimento é temporário, mas nem por isso deixa de ser difícil, uma vez que o remorso dos envolvidos em tal trauma pessoal parece não ter fim.
Infortúnio e Reforma
É esse o ângulo de visão da narrativa do livro em questão. Impossível, em breves linhas, traçar o panorama inteiro do desenrolar da saga do suicida. Mas, em síntese apertadíssima, aclara-se que a obra se divide em três partes: Os Réprobos, Os Departamentos e A Cidade Universitária.
Na primeira parte, há a descrição da condição do Espírito que pretende morrer através do suicídio; relata-se ali os padecimentos dele após o desencarne voluntário, enunciando as regiões, os seus habitantes e os sofrimentos a que são induzidos como conseqüência dos atos próprios. São narrados ainda os trabalhos ingentes das equipes socorristas no resgate dos infortunados, tentando despertar-lhes a consciência do valor à vida e do cumprimento das leis eternas e imutáveis naturais; são destacados minudentemente os tratamentos e as impressões vivenciadas pelas criaturas assistidas. Nessa parte, é realçada a situação de Camilo, que, poucos meses depois do seu ato tresloucado de suprimir a vida, estava vagueando sem destino em torno dos próprios restos mortais, sendo, a seguir, detido no Vale dos Suicidas, abrigo dos réprobos oriundos de Portugal e das suas colônias africanas, da Espanha e também do Brasil. Mas, alguns anos após tratamentos e cuidados, já pôde participar de trabalhos de amparo espiritual e conscientização de suicidas no interior do Brasil.
Na segunda e na terceira partes, o narrador espiritual focaliza os trabalhos de instrução necessários para uma nova reencarnação, nos quais os suicidas da matéria poderão buscar a reabilitação perante as leis que regem a vida. Após dez anos de internação, Camilo recebe alta da instituição hospital do mundo espiritual em que estivera em longo tratamento, ingressando na Universidade ali mantida. Tem a oportunidade, nessa ocasião, de reencontrar seus familiares, pai, mãe e a esposa também falecida. Graduado na Universidade vai aos poucos galgando o caminho mais amplo da sua reabilitação espiritual, passando a servir na enfermaria do hospital.
Trabalho e mais trabalho, como veículo da reforma e de progresso.
Em conclusão, o narrador enfoca a lei de causa e efeito, enfatizando a necessidade da reencarnação como veículo de aperfeiçoamento do Ser, como uma verdadeira dádiva do Criador à Criatura - jamais como castigo! - que pode realizar o mais amplo e eficaz resgate dos débitos que angariou, fruto de seus próprios desmandos e transgressões.
No fim da jornada e, portanto, exatamente no final do compêndio, Camilo vai ao encontro da sua redenção e reajuste: parte para a reencarnação, dizendo a si mesmo: "( ... ) aprende, de uma vez para sempre, que és imortal e que não será pelos desvios temerários do suicídio que a criatura humana encontrará o porto da verdadeira felicidade ... " (p. 568).
Uma apropriadíssima síntese sobre os objetivos da obra diz que "mais do que descrever a rotina de um espírito após a desencarnação (e a imensa popularidade das obras de André Luiz é mais do que eloqüente para demonstrar o interesse que esse assunto desperta), a análise global da passagem de Camilo pelas lides do movimento espírita serve de subsídio a estudos maiores a todos os que trabalham não só com o tema suicídio, mas também reencarnação, fisiologia da alma, vivências passadas com fins terapêuticas e outros, temas em grande parte ainda carentes de estudos mais profundos" (Boletim Eletrônico do Grupo de Estudos Avançados Espíritas (v.'ww.geae.inf.br), artigo de Carlos Luís M.C. da Cruz: Camilo Castelo Branco Um estudo de Fontes à Luz do Espiritismo).
Àqueles que interromperam a leitura do livro Memórias de Um Suicida, aos que nunca se aventuraram (por medo ou por simples preguiça) e àqueles que, apesar de terem convicção de que" a vida continua", ainda não conhecem a realidade do "outro lado", especialmente chegando a ele por vias travessas, ficam as tocantes palavras de Léon Denis, Espírito, no prefácio da segunda edição da obra: "Que medites sobre estas páginas, leitor, ainda que duro se torne para o teu orgulho pessoal o aceitá-las! E se as lágrimas alguma vez rociarem tuas pálpebras, à passagem de um lance mais dramático, não recalcitres contra o impulso generoso de exaltar teu coração em prece piedosa, por aqueles que se estorcem nas trágicas convulsões da inconseqüência de infrações às leis de Deus!" (p.14).
Francisco Aranda Gabilan é advogado há trinta e três anos, há mais de vinte anos ligado ao Departamento de Ensino da Federação Espírita do Estado de São Paulo, nos cursos de Educação Mediúnica, Aprendizes do Evangelho, Expositores e Divulgadores. É ex-expositor do Centro Espírita Nosso Lar (Casas André Luiz), Conselheiro Efetivo do Conselho Deliberativo e membro do Conselho Jurídico Consultivo da FEESP. É autor dos livros Entre o Pecado e a Evolução e Macho, Fêmea Etc (DPL €Espírita). Atua em dezenas de Casas Espíritas, especialmente no Núcleo Espírita Segue a Jesus (Casa Verde) e O Semeador (Alphaville). Dirige o orfanato Casa Jesus, Amor e Caridade, e é conselheiro do asilo Casa Luz do Caminho (Horto Florestal, São Paulo). Escrev(' para O Semeador e Jornal Espírita, da FEESP, além de ser colunista dos portais Segue a Jesus (www.segueajesus.org.br). da Fundação Espírita André Luís (www.feal.com.br) e www.espiritismogLcom.br. - Revista Espiritismo & Ciência.