terça-feira, 24 de maio de 2011

A religião e o suicidio (Nem tudo é mau)



As causas mais comuns do suicídio, em todos os tempos, são o desgosto pela vida, as depressões, os insucessos amorosos ou financeiros. Algumas pessoas são levadas a esse ato por desespero, outras chegam a premeditar o fim da própria vida. Todos têm como objetivo fugir das dificuldades deste mundo, passando para um mundo melhor ou simplesmente para o nada.
As religiões pronunciaram-se sempre contra este acto, baseadas no fato de que somente deus poderá ter direito de tirar qualquer vida, pois é ele quem a dá.
Das poucas coisas que a doutrina espírita nos oferece de bom é dar-nos a certeza de que se um deus existir, apenas ele deve ter o direito de acabar com uma existência, mostrando-se assim um poderoso antídoto contra o suicídio. A vida além da morte caracteriza-se pela continuação do homem com todas as suas características: moral, inteligência, angústias, problemas, dores, felicidade o que se torna contraditório mas esse não é o tema aqui. A única coisa que o ser deixa no planeta é o corpo e os seus bens materiais. E para quem acredita na religião, desta forma, ao tentar fugir de um sofrimento através do suicídio, o espírito percebe que, além de nada ter adiantado, ainda perdeu a oportunidade que tinha de conquistar coisas boas enquanto estava no plano terrestre.
Religiões cristãs e judaísmo:
Estas duas religiões condenam totalmente o suicida e é crime espiritual sem salvação. No judaísmo o suicídio é um crime dirigido a Deus por que este acto faz com que o homem se declare senhor de sua própria vida. O suicida não é nem enterrado de acordo com ritual usado por norma (“Kaddish”) e é enterrado longe dos demais. No cristianismo a alma do suicida vai direto para o inferno sem escalas e fica a disposição do diabo.
Budismo:
Sem entrar muito na descrição da religião (deixo para outra oportunidade), digamos que não existe um deus ou deuses no budismo. O que conta é a iluminação espiritual de cada indivíduo. Buda não foi um deus mas sim um humano que atingiu a máxima iluminação. Mesmo não havendo um ser supremo, a alma humana é extremamente valorizada por isso vamos partir para o acto suicida. No budismo o que conta é o motivo do suicídio. Se foi um motivo honrado e a pessoa partiu sem mágoas ou ressentimentos, o seu espírito está tranquilo e poderá ir para a anrakukoku (terra pura…onde os budistas esperam ir depois da morte). Já que uma morte com honra é válida, os budistas ficaram conhecidos na história das guerras pelos seus actos. Os suicidas vietnamitas e os kamikazes japoneses durante as guerras e a cerimônia do seppuku ( cerimônia suicida) dos samurais foram consideradas mortes honradas e sem penalidades para a alma dos indivíduos.
Candomblé:
Antes de falar do destino do suicida, precisamos conhecer um pouco de exu.
O exu é um orixá (semelhante a um deus) do candomblé. Ele é o guardião entre o mundo material e espiritual. É o único orixá a poder caminhar entre os dois mundos e, por isso mesmo, acaba por ser um mensageiro, levando os pedidos dos homens para outros orixás. As suas cores são o vermelho e o preto e o seu elemento é o fogo. Como o candomblé é muito parecido com a religião voodu também não existe uma separação efectiva do bem e do mal. O exu faz lembrar um pouco o barão samedi. Ele é que faz o trabalho sujo. As suas características acabaram aproximando-o no sincretismo religioso com o diabo (erroneamente… é claro). Então vamos para o acto suicida… Após a morte, o suicida reúne-se com outros mortos no séquito de exu. As pessoas assassinadas, suicidas e as que não foram muito boas em vida acabam no mesmo barco. Obrigatoriamente ficam unidas ao exu por sete anos, vagueando pelo mundo e ajudando nas acções do orixá.
Islamismo:
Nos tempos de terrorismo crescente no mundo, o islamismo acabou por ficar com uma marca negativa devido a actos isolados, justamente de suicidas. O Islamismo puro não é a favor do suicídio e condena-o.
O problema é que existem as “fendas na lei”. Só para dar um exemplo de outra religião sobre estas “fendas”, o catolicismo deixa claro nos seus mandamentos o “não matarás”. Mas durante as cruzadas os soldados matavam, violavam, roubavam e torturavam… Estavam, porém cobertos espiritualmente por uma bula papal que os absolvia por antecipação de todos os pecados cometidos durante a missão da igreja.
Voltando ao islamismo, o líder religioso tem o poder de absolver previamente os pecados cometidos pelos fiéis em função da religião. Numa guerra santa, se o suicida comete tal acto para matar infiéis, ele provavelmente será recompensado na outra vida. Mas o suicídio cometido como fuga de problemas mundanos é altamente condenado e o suicida provavelmente queimará durante a eternidade do inferno.
Espiritismo:
Para o espírita não existe necessariamente céu e inferno. O que conta é a evolução da alma durante as diversas encarnações. Quando um indivíduo se suicida, interrompe o seu processo de evolução…Afinal, os problemas terrestres existem para que, ao enfrentá-los, o indivíduo se desenvolva. “O suicida é igual ao prisioneiro que foge da prisão, antes de cumprida a pena; quando preso de novo, é mais severamente tratado.” Para o espírita, a alma do suicida não está condenada eternamente…A sua alma, no entanto, tem a sua evolução comprometida por um tempo indefinido. Uma alma que desencarna antes da hora fica perdida na sua própria consciência e precisa de muita ajuda para voltar ao caminho da evolução.
Seitas diversas com suicídio coletivo:
Em 73 D.C., comandados por Eleazar Ben Yair, cerca de 960 zelotes judeus – homens, mulheres, inclusive crianças e anciãos – mataram-se dentro de uma fortaleza construída no alto de uma rocha chamada Massada, região de Israel, para que o grupo revolucionário não fosse capturado pelo exército romano, ficando vivas apenas duas mulheres e cinco crianças para contar a história. Em 18 de novembro de 1978 , em Jonestow, numa aldeia no meio da selva da Guiana, mais de 900 pessoas morreram ao ingerir uma mistura de sumo de laranja com cianeto. Os que se recusaram a beber o veneno foram assassinados. Este suicídio associado ao fanatismo religioso foi obra do pastor americano Jim Jones e da sua seita, o Templo do Povo. O cadáver de Jim Jones foi encontrado ao pé da sua cadeira com uma bala no crânio. A autópsia mostrou que não bebera o veneno. Foram contadas 275 crianças e 12 bebés entre os mortos. Em setembro de 1985, nas Filipinas, a sacerdotisa suprema Mangay Anon Butaog matou os seus fiéis com formicida para que todos vissem “a imagem de Deus”. Em 29 de agosto de 1987, na cidade de Yongin, Coréia do Sul, a sul-coreana Park Soon Ja, conhecida como “mãe benevolente”, realizou um ritual macabro onde morreram 28 mulheres e quatro homens. Em abril de 1993, em Waco, Texas, sudoeste dos EUA, num incêndio provocado pelos fiéis da seita Ramo Davidiano (dissidentes da Igreja Adventista do Sétimo Dia, separados dela desde 1934) destruiu o Rancho do Apocalipse, sede do culto liderado por Vernon Howell, que se intitulava a reencarnação de Cristo. Morreram mais de 80 pessoas, inclusive crianças, escapando nove fiéis vivos.
Em 1995, os seguidores da seita Ordem do Templo Solar morreram num ritual de assassinato consentido seguido de suicídios.
Ateismo:
Aqui posso falar de experiencia própria. Os ateus (segundo vários estudos indicados) são os que de longe têm maior propensão ao suicidio. Isto porque também têm uma visão mais realista da vida. Não têm seres superiores para os castigar nem regras divinas a cumprir. No entanto vários estudos indicam também que são de longe os que dão mais valor á vida humana. Isto porque sabem á partida que a vida que têm é a unica e que se não a aproveitarem não terão outra chance.
Independente de questões religiosas… Pensamentos suicidas são muito comuns na mente das pessoas. É difícil encontrar alguém que diga que nunca pensou na possibilidade e se encontrar-mos provavelmente estarão a mentir. É inclusive frequente na adolescência devido a gama de emoções e paixões vividas nesta fase. Mas acreditem quando eu digo…Não existe problema sem solução. Tudo é uma questão de dar tempo ao tempo e muitas vezes quando necessário recorrer a um amigo ou a um profissional. Quantas vezes na vida enfrentamos situações chatas e  depois de alguns meses, até rimos daquilo? Lembras-te daquela vez na escola quando até choras-te por causa de um teste pois tinhas medo de tirar nota baixa? Passou não passou? Todos durante a vida enfrentam problemas sérios. Alguns familiares, outros financeiros, emocionais…aquela garota não gosta de mim…ohhhh vou me matar!!!!
Pessoal…enfrentem tudo com cabeça erguida e saiam por cima das situações. O suicido leva sempre à perda. E somos nós e as pessoas próximas de nós quem mais sofre com tudo isto.
Ama-te a ti e aos teus acima de tudo! Assim serás feliz!